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Israel. Tentativas de evitar mortes em civis "não tiveram sucesso"

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 17 de novembro de 2023 às 11:21
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"Estamos a fazer tudo o que podemos para os tirar dos lugares de perigo enquanto o Hamas está a fazer tudo para os manter em perigo", critica o primeiro-ministro israelita. O número de mortos em Gaza já ultrapassou os onze mil.

Soldados israelitas garantem que já encontraram um túnel usado pelo Hamas no hospital Al Shifa em Gaza, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu admitiu que os esforços para evitar vítimas civis "não tiveram sucesso" uma vez que o Hamas impediu que os palestinianos se mudassem para lugares mais seguros.

Ahmed El Mokhallalati/via REUTERS

O primeiro-ministro israelita deu uma entrevista à televisão norte-americana CBS News onde defendeu que a morte de milhares de palestinianos pelas mãos de Israel nas últimas semanas iria alimentar o ódio de mais uma geração, mas que era impossível evitá-las: "Qualquer morte de civis é uma tragédia e não deveríamos ver nenhuma porque estamos a fazer tudo o que podemos para os tirar dos lugares de perigo enquanto o Hamas está a fazer tudo para os manter em perigo".

Israel acredita que debaixo do hospital Al Shifa, o maior hospital da Faixa de Gaza, se encontram túneis onde estão armazenadas munições, centro de controlo e até os reféns israelitas. Acusa ainda o Hamas de utilizar os doentes e os milhares de deslocados que se encontram no hospital como escudos humanos. O Hamas continua a negar a utilização de civis.

O líder israelita referiu ainda que foram "distribuídos panfletos" pelos civis enquanto outros foram contactados pelo telefone com um aviso: "Vão embora". Estes panfletos incluem o pedido para saírem de quatro cidades do sul de Gaza, cidades estas que anteriormente tinham sido apontadas como seguras.

As Forças de Defesa de Israel partilharam um vídeo onde avançam que encontraram uma entrada para os túneis e um veículo com um grande número de armas na área externa de Al Shifa.

Na noite de quinta-feira, 16, o Hamas emitiu um comunicado em que referia que as alegações de que o grupo utiliza o hospital para fins militares "são a repetição de uma narrativa flagrantemente falsa, demonstrada pelas atuações fracas e ridículas do porta-voz do exército de ocupação".

Ainda assim, os Estados Unidos estão confiantes na investigação feita pelas suas próprias agências de inteligência de que o Hamas tem operações no hospital Al Shifa mas o porta-voz da Casa Branca garantiu que não iam ser partilhados mais detalhes sobre essas informações.

Em edifícios perto do complexo hospitalar, já foram encontrados os corpos de um soldado israelita que tinha sido capturado pelo Hamas e de uma das israelitas feitas reféns durante o ataque de 7 de outubro.

As autoridades da saúde de Gaza, que apesar de serem controladas pelo Hamas são consideradas confiáveis pela ONU, afirmam que pelo menos 11 500 pessoas já foram mortas durante a resposta israelita ao ataque de 7 de outubro, que originou 1 200 mortos.

Confrontos aumentam na Cisjordânia

Em Jenin, na Cisjordânia, as brigadas Al-Quads do Hamas e as Forças de Defesa de Israel travaram confrontos durante várias horas. O Hamas refere que o momento desencadeou uma "torrente de fogo" e que fez várias emboscadas com explosivos enquanto Israel refere que aviões atingiram alvos militares do Hamas em Jenin, matando pelo menos cinco militantes.

Na semana passada, as forças israelitas já tinham atacado a cidade de Jenin originando 14 mortos naquele que foi considerado um dos confrontos mais pesados na Cisjordânia ocupada nos últimos meses.

Desde o ataque de 7 de outubro já morreram pelo menos 178 palestinianos na Cisjordânia e este crescente número de conflitos tem aumentado as preocupações para a possibilidade do alargamento do conflito.

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