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Israel e EUA atacam Síria após queda do regime de Assad

Gabriela Ângelo 09 de dezembro de 2024 às 16:11
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A queda histórica do regime de Bashar al-Assad na Síria surpreendeu Washington e Telavive, e tanto Biden quanto Netanyahu aproveitaram para cumprir alguns dos seus objetivos na região.

Os Estados Unidos têm efetuado ataques aéreos de precisão contra alvos pertencentes ao ISIS, na Síria, receando que o grupo terrorista se possa reagrupar no "vazio" criado pela queda do governo de Bashar al-Assad. Este conflito entre o EUA e o Estado Islâmico começou em 2014, e agora com o enfraquecimento do estado político na Síria, teme-se que o grupo possa tentar uma ressurreição.

Abater membros do Estado Islâmico

Joe Biden, presidente dos EUA, disse no domingo que tinham atingido os alvos depois de saber que Damasco tinha sido tomada pelos grupos rebeldes. O exército americano continuará a atuar na região para reprimir a ameaça do Estado Islâmico, garantiu.

O presidente acrescentou que iria enviar membros da sua administração para a Síria para trabalhar com a Jordânia, Líbano, Iraque e Israel "caso surja alguma ameaça da Síria durante este período de transição", também considerou a queda de Assad um "ato de justiça fundamental". O Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), anunciou no domingo que tinha atingido 75 alvos, incluindo líderes, operacionais e campos do ISIS, através de ataques aéreos. 

Querendo reivindicar parte do mérito pela queda de Assad, Biden disse ainda que a queda do regime ditatorial apenas foi possível graças ao declínio de apoio ao seu governo por parte da Rússia, do Irão e do Hezbollah. "Durante anos, os principais apoiantes de Assad foram o Irão, o Hezbollah e a Rússia. Mas na última semana, o seu apoio diminuiu, porque os três estão muito mais fracos hoje do que quando assumi o cargo".

Os EUA treinam e equipam as forças árabes e curdas no noroeste da Síria e na base militar al-Tanf, perto da fronteira com o Iraque e a Jordânia. O grupo rebelde que liderou a tomada de poder em Damasco, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), tem repetidamente manifestado a sua mudança de ideologia, tendo rejeitado qualquer tipo de violência desde que cortou os laços com o grupo terrorista Al-Qaeda. No entanto, Washington continua a duvidar do grupo, uma vez que o designou como sendo uma organização terrorista internacional.

Eliminar as armas sírias às mãos "de extremistas"

Nos últimos dias, Israel tem feito ataques contra locais de armazenamento de armas químicas, assim como mísseis de longo alcance, contou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, em Jerusalém. O governo israelita teme que algumas armas do governo sírio caíssem "nas mãos de extremistas", depois da queda de Assad.

Semelhante aos EUA, Israel também quer receber algum mérito pela queda da ditadura síria. No domingo durante uma visita aos Montes Golã, território sírio que Israel conquistou durante a guerra dos seis dias em 1967, Netanyahu disse que a tomada do poder pelos rebeldes era "resultado direto" da ação israelita "contra o Hezbollah e o Irão, os principais apoiantes de Assad".

No entanto, os israelitas estão preocupados com quem vai suceder a Assad. Abu Mohammed al-Jolani, o líder da HTS, disse num discurso em Damasco, no domingo, que o regime de Assad tinha implementado muitos males na Síria e permitiu que o país se tornasse "uma quinta para a ganância iraniana". Mas o HTS também é um grupo islamista que não simpatiza com o estado israelita.

Por outro lado, o principal financiador do grupo rebelde é a Turquia, que tem sido extremamente crítica das ações de Israel em Gaza. A possibilidade de um governo apoiado pela Turquia a controlar uma das fronteiras a norte de Israel, leva a alguma inquietação e incerteza. 

"O colapso do regime de Assad, a tirania em Damasco oferece uma ótima oportunidade, mas também está repleto de perigos significativos", admitiu o primeiro-ministro israelita. 

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