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Forças armadas da Líbia dizem já ter localizado barris de urânio

Márcia Sobral , Lusa 16 de março de 2023 às 18:00
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Agência Internacional de Energia Atómica ainda não confirmou informação.

Esta quinta-feira, o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, comunicou a vários Estados o desaparecimento de urânio natural que se encontrava na Líbia. Mas entretanto, as forças armadas do país parecem já ter encontrado o carregamento.

REUTERS/CiroDe Luca

Segundo aBBC, esta tarde, o diretor do exército da Líbia esclareceu que foram localizados os dez contentores com o minério – cerca de tuas toneladas e meia de urânio – perto de uma fronteira com Chade. Porém, esta informação ainda não foi confirmada pela agência da ONU.

Tudo começou quando a AIEA fez uma visita surpresa no início desta semana a um território não controlado pelo governo líbio. Nesse momento, os inspetores da agência perceberam que o carregamento não se encontrava no local anunciado - em Sabha, a 660 quilómetros da capital, numa zona perto do deserto do Saara e fora do controlo das autoridades de Tripoli – o que fez soar os alarmes internacionais.

Neste local, o antigo ditador da Líbia Muammar Khadafi (1942-2011) mandou armazenar milhares de bidões com urânio natural ("yellowcake") para serem depois transformados numa unidade de conversão de urânio, que nunca chegou a ser construída.

Em 2003, após a invasão do Iraque pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, Khadafi anunciou a intenção de construir um programa nuclear, usando o material armazenado. Parte do material (urânio natural) foi retirado pelos inspetores da ONU do país, mas cerca 6.400 barris mantiveram-se em Sabha. 

De acordo com mensagens diplomáticas divulgadas pelo portalWikiLeaksem 2009, os Estados Unidos mostravam receio sobre as supostas intenções do Irão em aceder ao urânio da Líbia. 

Kadhafi foi morto após os levantamentos das Primaveras Árabes em 2011, numa altura em que eclodiu a guerra civil na Líbia. Nos últimos anos, Sabha - que atualmente está sob o controlo do autoproclamado Exército Nacional Líbio, comandado pelo general Khalifa Hifter - tornou-se num dos pontos de passagem das rotas de migração irregular controladas por traficantes de seres humanos.

Segundo aAssociated Presse, Hifter foi um antigo contacto dos serviços de informações norte-americanos (CIA), sobretudo durante o regime de Khadafi em que viveu exilado, que atualmente se encontra a combater o governo de Tripoli, pelo controlo de todo o país.

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