Sábado – Pense por si

"Estou cansada". Avó de jovem morto pela polícia pede fim da violência

Milhares de manifestantes saíram à rua nas últimas noites para protestar contra a morte de Nahel, de 17 anos. Avó do jovem diz que estão a instrumentalizar a morte do neto.

A avó do jovem morto a tiro pela polícia francesa no início da semana passada pediu o fim dos protestos violentos. A morte do jovem, em Nanterre, nos arreadores de Paris, levou a seis noites de protestos violentos em França, com milhares de detenções.

REUTERS/Pascal Rossignol

Emdeclarações feitas à BFM TV, a avó de Nahel, pediu que parassem de usar a morte do seu neto como uma desculpa para atos de vandalismo e violência. "Quero que parem", apelou Nadia. "Quero que isto pare em todos os lugares", acrescentou, frisando querer ver o fim dos incêndios e da destruição de lojas e veículos. "Não partam janelas, não ataquem escolas ou autocarros. Parem! Quem apanha esses autocarros são as mães, são elas que andam lá fora", sublinhou Nadia, condenando igualmente as manifestações de apoio ao polícia que disparou contra o neto. O comentador de direita radical Jean Messiha iniciou uma angariação de fundos para a família do agente, sublinhando que este se limitou a fazer o seu trabalho e que "está a pagar um preço alto" pela sua ação.

A avó do jovem de 17 anos disse ter confiança na justiça francesa e garantiu que a única pessoa que ressente é o agente que disparou contra o seu neto por este, alegadamente, não ter parado numa operação stop. O Governo francês pediu este domingo para que se evitem generalizações sobre a polícia francesa e garantiu que, em caso de abuso, a justiça investigará. O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.

A polícia defende que o jovem não parou numa operação stop, mas um vídeo de um dos passageiros que seguia no carro com Nahel na noite, a história é diferente e o jovem não tentou fugir. Segundo o amigo do jovem, o carro avançou por acidente.

Devastada, a mãe de Nahel, Mounia, descreveu o jovem como o seu "melhor amigo". "Foi tudo para mim", disse esta mulher que expressou a sua "revolta" enquanto se recusava a criticar toda a força policial. "Não culpo a polícia, culpo uma pessoa: aquela que tirou a vida do meu filho", afirmou. O eco da sua morte entoou muito além das fronteiras francesas e especialmente na Argélia, país de origem da sua família. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Argélia expressou a sua "consternação" e afirmou que Nahel era um dos seus "cidadãos" com quem França tem um "dever de proteção".

Outro apelo à calma foi feita pela mãe de um soldado assassinado em 2012 por Mohammed Merah, jihadista francês, responsável por sete mortes, incluindo a de três crianças. "Lanço um apelo aos pais, protejam os vossos filhos." Latifa Ibn Ziaten, ativista franco-marroquina, deixou o seu apelo no Twitter, onde pede aos pais que prestem atenção ao que os filhos fazem. Segundo o Governo francês, cerca de 30% das detenções têm sido de menores de idade.

Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, indicou que, apesar dos incidentes, a noite de sábado para domingo foi mais calma que as anteriores, facto que, no seu entender, se deve a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.

As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.