O novo relatório tem como objetivo estabelecer ligações entre o número significativo de abusos sexuais cometidos por membros da Comunidade de São João e a história pessoal do seu fundador, o padre Marie-Dominique Philippe.
Um relatório de 800 páginas, publicado a 26 de junho, pela congregação francesa de São João descreve os abusos sexuais cometidos pelo seu fundador, o padre dominicano Marie-Dominique Philippe (1912-2006), a sua família e outros padres da organização, revelados pela primeira vez em 2013.
O documentoCompreender e curar - Origens e análises dos abusos na Comunidade de São João foi realizado por historiadores, psicólogos e teólogos e reporta abusos cometidos por 72 irmãos da instituição religiosa, criada em 1975. Durante décadas estes padres abusaram de pelo menos de 167 vítimas, na sua maioria mulheres leigas e freiras, revela o jornal católico francêsLa Croix.
Em janeiro, já tinham sido publicados relatórios feitos por comissões independentes, nomeadamente pela L’Arche, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a criar comunidades onde pessoas com ou sem deficiência intelectual trabalham e vivem juntas, cujo líder, Jean Vanier, também é acusado de abusos.
Desta vez, foi a própria Comunidade de São João a conduzir a investigação, a pedido do Capítulo Geral de outubro de 2019 dos Irmãos de São João, com o objetivo de estabelecer as ligações entre o número significativo de abusos sexuais cometidos por membros da congregação e a história pessoal do fundador, o padre Marie-Dominique Philippe.
"Os abusos sexuais cometidos na família [dos Irmãos de] São João não podem ser compreendidos em todas as suas dimensões se os considerarmos como atos isolados, sem relação uns com os outros, porque estão em parte ligados à disfunção do grupo. Não se trata de fenómenos periféricos que ocorrem num organismo que teria sido saudável em si mesmo, mas estão ligados a um sistema em que o domínio do padre Philippe está no centro," revela o relatório, citado pelo jornal francêsLe Monde.
Além de questionar a ética do padre fundador, Marie-Dominique Philippe, o novo relatório põe em causa também a sua filosofia e doutrina. De acordo com oLe Monde, o frade dominicano desenvolveu um conceito, segundo o qual o amor de Deus se devia manifestar através de gestos físicos. A teoria foi difundida e os outros abusadores também a utilizaram para justificar os seus atos.
"Estas modificações claras da doutrina aristotélica ou tomásica apontam sempre na mesma direção, a da justificação dos abusos", pode ler-se no relatório.
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