Saiba tudo o que aconteceu desde o desaparecimento da criança de dois anos, que culminou na detenção dos seus avós.
A morte de Émile Soleil, o menino de dois anos e meio que, em julho de 2023, desapareceu da pequena aldeia de Hout-Vernet, na região dos Alpes franceses, entre Grenoble e Nice, teve mais um desenvolvimento dramático esta terça-feira, quando foi ordenada a detenção de familiares da criança como suspeitos de estarem envolvidos na sua morte. Confira a cronologia completa do caso, cujos detalhes foram sendo revelados ao longo dos últimos 20 meses:
Sábado, 8 de julho de 2023
Na manhã de sábado, a mãe de Émile, Marie Soleil, deixou o bebé com os seus avós, Philippe e Anne Vedovini, na casa da família da aldeia francesa de Haut-Vernet, onde a família passava férias há 20 anos. Os Vedovini estavam com 8 dos seus 10 filhos, com idades compreendidas entre os 7 e os 18 anos, e Marie, a mais velha, deixou a aldeia depois de entregar o filho aos avós.
Nessa tarde, por volta das 16 horas, Émile Soleil saiu sozinho de casa durante a confusão gerada por um momento em que vários elementos da família se preparavam para dar um passeio, segundo avançou na época o autarca de Haut-Vernet, François Balique.
A criança de dois anos ainda foi vista por duas testemunhas numa rua perto da casa dos avós, que não se alarmaram por ser muito comum as crianças brincarem na rua na aldeia remota de apenas 125 habitantes. Por volta das 17 horas e 15 minutos do mesmo dia, Émile foi visto pela última vez, sozinho, a cerca de dois quilómetros da casa dos avós.
Uma hora depois, após terem procurado pelo neto em vão, os avós notificaram junto da polícia local o desaparecimento da criança, motivando a mobilização das forças de segurança e de centenas de voluntários, que percorreram cerca de 12 hectares de terreno à volta da aldeia. No entanto, a única pista encontrada foram vestígios de sangue num veículo, que mais tarde se revelou pertencer a um animal.
Terça-feira, 11 de julho de 2023
A mega operação de buscas desencadeada para encontrar Émile continua, ainda sem resultados. O presidente da câmara de Le Vernet, François Balique, explicou que a criança tirou partido de um momento de desatenção dos avós e desapareceu. "A família estava a preparar-se para sair de casa. Ele tirou vantagem deste momento e desapareceu. Os avós deram pela sua falta quando o foram buscar para o meter no carro", disse o autarca.
Segundo o presidente da câmara, Émile caminha bem para a idade e não há qualquer suspeita de que tenha sido raptado. "É uma pequena aldeia com 20 e poucas casas... vemos tudo", apontou, em declarações à televisão francesa. "Ele pode ter-se afastado e ter-se perdido ou então escondido."
Além dos homens no terreno e cães, há ainda helicópteros com mensagens gravadas da mãe de Émile e drones com câmaras térmicas a sobrevoar a área. Foram investigadas 30 casas, incluindo todas da aldeia, e 12 veículos, e interrogadas 25 pessoas.
Quarta-feira, 12 de julho de 2023
Toda a família reúne-se na noite de quarta-feira para uma cerimónia religiosa numa pequena capela na aldeia de Hout-Vernet, onde os Soleil passam férias há cerca de 20 anos e onde Émile desapareceu. À cerimónia, juntam-se apenas alguns habitantes locais mais próximos.
Quinta-feira, 13 de julho de 2023
Depois de cinco dias, as buscas que juntaram a polícia aos populares para tentarem descobrir o paradeiro de Émile chegam ao fim, sem sucesso. Todos os elementos da família já foram interrogados.
A mãe de Émile, Marie Soleil, utiliza o Facebook para pedir que rezem pelo seu filho, apelando à imagem Benoîte Rencurel, freira do século XVII que, segundo as histórias, se perdeu nas montanhas e encontrou o caminho para casa com a ajuda de um anjo que apareceu para a salvar.
Por esta altura, noticia-se que o pai de Émile, Colomban Soleil, engenheiro de, na altura, 26 anos, tem ligações ao grupo de extrema-direita Bastião Social de Marselha, um movimento político já dissolvido mas que tinha como principal objetivo a defesa do nativismo e da remigração, ao qual Marie também se juntou mais tarde. Colomban recusou-se a falar com os órgãos de comunicação social desde o momento do desaparecimento de Emilé.
O grupo foi responsável por vários ataques racistas e Soleil chegou a ser chamado a tribunal, em 2018, pelo espancamento de dois jovens em Marselha. Já em 2021, durante as eleições regionais, o pai de Émile fez campanha pelo partido ultranacionalista Reconquête, de Eric Zemmour. O nome de Colomban S. pertencia até à lista eleitoral que prometia "desfazer o sistema".
Aos meios de comunicação franceses, um vizinho referiu ainda que a família é muito "unida, quase mística", garantindo: "Claramente, eles refugiam-se na religião para enfrentar esta tragédia". Outro afirmou: "Funcionam como um clã. No verão, às vezes fazíamos um churrasco com todos os vizinhos, mas eles nunca iam".
Sábado, 30 de março de 2024
As ossadas de Émile Soleil foram encontradas num sábado, dia 30, perto do local onde foi visto pela última vez, perto da aldeia de Haut-Vernet, por um caminhante que por lá passou por acaso, recolhendo os restos mortais e trazendo-os, num saco, até às autoridades.
"Os investigadores tomaram posse das ossadas, que foram imediatamente transportadas para o instituto de investigação criminal [IRCGN] para análise de ADN, que permitiu concluir, a 31 de março, que se tratava das ossadas da criança Émile Soleil", disse a Gendarmerie Nationale no dia seguinte.
O corpo foi descoberto depois de, na quinta-feira anterior, 28 de março, os investigadores terem organizado uma "encenação" - cerca de nove meses depois do início da investigação -, que reuniu 17 pessoas, entre os quais a família de Émile, vizinhos e testemunhas na aldeia, de forma a reconstituir o momento em que a criança foi vista pela última vez.
15 de março de 2025
Claude Gilliot, o padre que batizou Émile e que era próximo dos pais e avós da criança, suicida-se, deixando uma carta de despedida. "Avise a minha irmã. Diga-lhe que a amo e ao meu cunhado. Amo-os", escreveu, além das seguintes exortações: "Só o amor importa. Anunciai o Evangelho". Apesar da relação de proximidade que o homem e a família e Émile mantinham, o francês Paris Match escreveu que tudo mudou a partir do momento em que o padre divulgou uma fotografia do menino à imprensa.
Segundo a publicação, a família da criança fez de tudo para excluir e boicotar a capela onde o padre celebrava as missas. "Estou muito chateada com a família do pequeno Émile porque acho que tudo começou com eles", explicou Claudine Vandenbroucke, irmã de Claude Gilliot, em entrevista. O padre chegou a trocar insultos com o avô de Émile.
25 de março de 2025
Os avós maternos do pequeno Émile são detidos na manhã desta terça-feira, em França, por volta das 6h30 locais, por suspeita da prática de crimes de "homicídio voluntário" e "ocultação de cadáver", diz a Gendarmerie. Também os tios da criança foram visados nesta operação, tendo sido levados sob custódia policial. Segundo o Le Parisien, escutas telefónicas revelaram que havia desentendimentos entre os pais e os avós do menino, contrastando assim com o que a família havia tentado provar, durante as buscas pela criança.
27 de março de 2025
Depois de dois dias de interrogatório, os avós maternos e os dois tios de Émile foram libertados sem acusação deduzida. No entanto, o procurador titular do caso adiantou, em conferência de imprensa, que não deixaram de ser suspeitos. Em causa está o facto de as ossadas do menino terem sido encontradas nove meses depois com roupas e as investigações forenses terem concluído que estas não estiveram naquele local todo esse tempo.
Notícia atualizada com a libertação dos suspeitos que estavam detidos para interrogatório.
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