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Coreia do Norte diz que vacina da covid-19 "não é panaceia", mesmo sem casos confirmados

Jornal do partido de Kim Jong-un diz que o prolongamento da pandemia é uma "realidade inevitável" e que aumento de casos em todo o mundo provam que vacina não é uma "cura universal" para a doença. Embora não tenha qualquer infetado registado, país desistiu dos Jogos Olímpicos e da qualificação para o Mundial de futebol.

Em mais de um ano de pandemia, a Coreia do Norte nunca confirmou oficialmente qualquer caso de covid-19 desde que fechou portas em janeiro do ano passado. No entanto, os meios de comunicação do país afirmam que a pandemia está a piorar, mesmo com o desenvolvimento de vacinas, que dizem "não ser uma panaceia universal" da doença.

Kim Jong-un
Kim Jong-un Reuters

O Rodong Sinmun, jornal oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia de Kim Jong-un, escreveu que as vacinas desenvolvidas por várias farmacêuticas foram descritas como uma "réstia de esperança para a humanidade" que podia parar a covid-19, mas que "as situações em vários países provam claramente que as vacinas não são nenhuma panaceia universal", apresentando números de casos a subir em todo o mundo.

A publicação preparou ainda norte-coreanos para uma pandemia prolongada, dizendo que esta é uma "realidade inevitável" para a qual são necessários esforços adicionais no endurecimento das medidas contra a covid-19, e indicou que este é o momento de fortalecer a lealdade para com o líder do país, Kim Jong-un.

A Coreia do Norte tinha planeado o início do seu plano de vacinação para março deste ano, esperando receber quase dois milhões da vacina da covid-19 da AstraZeneca até ao final do primeiro semestre de 2020, por intermédio do programa de partilha de vacinas COVAX, criado pela Organização Mundial da Saúde e pela Aliança GAVI, iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates.

No entanto, foi comunicado pelo representante da Coreia do Norte na OMS que a entrega tinha sido adiada devido à escassez de vacinas, avançaram meios de comunicação sul-coreanos. À Reuters, Edwin Salvador apontou que o país precisava ainda de preencher requerimentos técnicos para receber as doses da COVAX.

Em fevereiro deste ano, hackers da Coreia do Norte tentaram invadir os sistemas da gigante farmacêutica Pfizer para obter informações sobre a vacina e outros tratamentos. A notícia foi avançada pela agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando a Agência de Inteligência Nacional do país, mas referindo que não se sabe se algum tipo de informação sobre a tecnologia por detrás da vacina foi roubado.

Mesmo não confirmando casos, a Coreia do Norte anunciou esta segunda-feira a desistência da segunda fase da qualificação asiática para o próximo Mundial de futebol, a realizar-se no Qatar, citando preocupações quanto à propagação da covid-19. O país estava inserido no grupo H juntamente com a vizinha Coreia do Sul, o Turquemenistão e o Sri Lanka, com os jogos a disputarem-se em solo sul-coreano.

No início de abril, o país já tinha anunciado que iria participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no verão, devido aos riscos de contágio da covid-19.

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