Boris Johnson diz que achava que podia haver convívios durante pandemia

Boris Johnson diz que achava que podia haver convívios durante pandemia
Diogo Barreto 22 de março
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O antigo primeiro-ministro britânico disse aos deputados que achava que confraternizações eram aceites se feitas em ambiente de trabalho.

O antigo primeiro-ministro britânico Boris Johnson esteve, esta quart-feira, numa audição parlamentar para responder a perguntas sobre  a realização de festas na residência oficial durante os confinamentos decretados devido à pandemia de covid-19. Reafirmou que não mentiu propositadamente aos deputados quando negou violações das restrições e que entendia que era possível manter convívios informais em contexto de trabalho.

REUTERS/Toby Melville
"Estou aqui para dizer com toda a franqueza que não menti à Câmara. Quando as declarações foram feitas, foram feitas de boa-fé e com base no que sabia e acreditava na altura", afirmou o antigo primeiro-ministro britânico, reforçando o que já tinha afirmado em texto enviado esta terça-feira. Em causa estão declarações feitas em debates na câmara baixa do Parlamento britânico em 2022, quando afirmou que as regras então em vigor tinham sido cumpridas. 

A polémica, que ficou conhecida como Partygate, estalou quando surgiram notícias de que tinham sido realizados convívios na residência oficial do primeiro-ministrom enquanto estavam em vigor confinamentos. Johnson negou que tinham sido ultrapassados os limites estabelecidos pelo governo. Mais tarde viria a reconhecer que as regras tinham sido quebradas, mas "sem intenção". "Houve uma série de dias durante um período de 20 meses em que se realizaram reuniões em Downing Street que passaram do ponto em que se podia dizer que eram necessárias para fins de trabalho. Isso foi errado. Lamento-o amargamente", admitiu esta quarta-feira o conservador.

Esta terça-feira, num documento submetido ao inquérito parlamentar em curso, Boris negou ter entido intencionalmente no parlamento sobre a realização das festas. "Não enganei a Câmara dos Comuns intencionalmente ou inadvertidamente nem a 1 de dezembro de 2021, nem a 8 de dezembro de 2021, ou em qualquer outra data", escreveu o conservador que admite que a câmara pode ter sido "induzida em erro" pelas suas declarações, mas sublinhando que as mesmas foram feitas "de boa fé".

Em cima da mesa estão convívios realizados no número 10º de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico, entre 2020 e 2021, quando vigoravam regras de confinamento obrigatório devido à pandemia.

Se a comissão considerar Boris Johnson culpado, poderá pedir a suspensão do parlamento, medida que terá de ser votada pela Câmara dos Comuns.

Se for aprovada uma suspensão durante 10 dias de plenário, a legislação abre a possibilidade de o deputado ser deposto por uma petição para forçar a renúncia subscrita por 10% dos eleitores registados no círculo eleitoral de Uxbridge.

O inquérito tem sido sujeito a varias tentativas de desautorização por parte de aliados de Johnson, com o antigo ministro da Economia Jacob Rees-Mog a chamar-lhe "pseudotribunal" (‘Kangaroo court’) e o lorde Stephen Greenhalgh a apelidar o processo de "caça às bruxas".
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