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Austrália: staff do governo partilhava fotografias e vídeos de sexo no parlamento

Ricardo Santos
Ricardo Santos 24 de março de 2021 às 12:51
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Milhares nas ruas em protesto contra violações e assédio. Procurador-Geral é um dos suspeitos e foi divulgado grupo no Facebook com imagens de atos sexuais de membros do governo no parlamento. Local escolhido: a sala de oração.

Elementos masculinos do staff do governo australiano criaram um grupo no serviço Messenger da rede social Facebook com o intuito de partilhar fotografias e vídeos. Até aqui, nada de mal. O pior é que as imagens dizem respeito à prática de atos sexuais nas instalações do parlamento. A notícia foi tornada pública pelo jornal The Australian e pela estação de televisão Channel 10 e a polémica está instalada.

As fotografias e os vídeos foram divulgados por um denunciante aos meios de comunicação. Segundo esta fonte, diversos elementos ligados à equipa governamental e legisladores estão a usar a sala de oração do parlamento para ter relações sexuais, algumas delas com profissionais do sexo contratadas para se deslocarem às instalações estatais. Prova disso é o grupo online onde as imagens dos atos foram partilhadas, entre elas a de um funcionário a masturbar-se na mesa de trabalho de uma das legisladoras. Na ressaca da mediatização, um dos elementos visados foi despedido e o governo já prometeu tomar outras medidas.

A coligação Liberal/Nacional, que se encontra no poder, tem estado sob pressão durante as últimas semanas, depois de três antigas funcionárias do partido Liberal denunciarem terem sido abusadas sexualmente por um mesmo colega, não identificado. Uma das vítimas, Britanny Higgins, declarou, em fevereiro, que o homem a violou num gabinete ministerial em 2019. Já este mês, o Procurador-Geral, Christian Porter, veio a público identificar-se como suspeito de uma alegada violação, negando, no entanto, a acusação. Em paralelo, a senadora Lidia Thorpe (Os Verdes), que chegou ao cargo há cerca de seis meses, revelou já ter sofrido assédio sexual por parte de quatro políticos australianos.

Scott Morrison, o primeiro-ministro da Austrália
Scott Morrison, o primeiro-ministro da Austrália REUTERS
REUTERS

A polémica levou milhares de pessoas a sair à rua durante a semana passada, em especial na capital, Camberra. Os protestos tiveram vários destinatários, entre eles o primeiro-ministro Scott Morrison, que já reagiu ao caso: "Reconheço que muitos australianos, em especial mulheres, acreditam que eu não as escutei e isso perturba-me grandemente. Temos que fazer melhor, temos que colocar esta casa em ordem".

Morrison mostrou-se "chocado" e "enojado" pela divulgação dos vídeos e classificou de "absolutamente vergonhoso" o comportamento dos envolvidos, frisando a necessidade de ter de trabalhar mais para atrair as mulheres para o mundo da política. Não é a primeira vez que são denunciados abusos no parlamento. Ao longo das últimas décadas foram várias as acusações de perseguição, assédio moral e sexual às funcionárias e membros da casa da democracia australiana. O líder do governo guardou o anúncio de medidas para travar esta situação (e melhorar o ambiente de trabalho no Parlamento) para as próximas semanas.

Segundo o estudo Personal Safety Survey, divulgado em 2016 , uma em cada duas mulheres, e um em cada quatro homens, já foram assediados sexualmente na Austrália. Em 2017, a polícia do país registou mais de 25 mil vítimas de assédio sexual e os dados do Instituto Australiano de Saúde revelam que 17% das mulheres australiana já sofreram alguma forma de violência sexual.

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