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Ataque do Hamas. Como foram os serviços secretos de Israel apanhados de surpresa?

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 07 de outubro de 2023 às 12:51
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Um dos serviços secretos mais sofisticados do mundo deixou-se apanhar desprevenido, 50 anos depois do Yom Kippur, onde as forças israelitas também foram surpreendidas. Há 26 mortos e mais de 500 feridos.

O ataque desta madrugada lançado pelo Hamas em Israel apanhou de surpresa os serviços secretos isarelistas. O que já é visto como uma falha colossal de um dos mais sofisticados e extensos serviços deste género do mundo.

REUTERS/Ammar Awad

Os serviços secretos israelitas têm elementos infiltrados na Palestina, Líbano, Síria e um pouco por todo o Médio Oriente. É um serviço que já foi acusado de matar líderes de grupos inimigos noutros países com uma precisão milimétrica. Porém, este sábado, um dia depois de Israel ter assinalado os 50 anos da guerra de 1973 que também surpreendeu os israelitas, num ataque da Síria e do Egito (que ficou conhecido como Yom Kippur), foram novamente apanhados com a guarda em baixo.

O Hamas foi capaz de entrar em várias pequenas cidades do sul de Israel e lançou 5.000 mísseis para o território vizinho. Ficarão para a História as imagens de militantes do Hamas a entrar em Gaza e a raptar e matar israelitas.

Também sem precedentes foi a capacidade do Hamas de planear um ataque que envolveu não só os membros do grupo como fações rivais em Gaza. Vários analistas já avançaram que o Hamas deve ter recorrido a um grande logro, bem como ao choque de ataques de vários domínios - mísseis e infiltrações - para criar o máximo de caos.

Ainda assim, várias fases do ataque passaram ao lado dos serviços secretos israelitas: o planeamento, o armazenamento, mas especialmente o momento em que as tropas do Hamas se movimentavam para a Faixa de Gaza, onde existem patrulhas regulares, câmaras, sensores e mini-canhões comandados à distância. Mais, os ataques dos últimos meses não foram vistos como um crescendo para uma guerra.

O próprio chefe da polícia israelita reconhece que existem "21 cenas ativas" demonstrando a extensão do ataque. O ministro da Defesa Yoav Gallant já admitiu que os elementos do Hamas estavam infiltrados na Faixa de Gaza mas não deu mais detalhes.

O mundo espera uma resposta sem precedentes de Israel, mas não deixa de se questionar como os seus espiões não viram sinais desta movimentação do grupo islâmico Hamas. "O que todo Israel está a perguntar é onde estão os serviços secretos, onde está a polícia, onde está a ssegurança", questionou Eli Maron, antigo líder da Marinha israelita, na televisão nacional. "É uma falha colossal; as hierarquias falharam redondamente, com vastas consequências."

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