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Antes de 2025, população da China vai diminuir. E poderá ser assim durante 100 anos

Dados sobre natalidade em 2021 revelam que em algumas províncias, não havia tão poucos nascimentos desde há 60 anos.

A população da China começará a diminuir em 2025, avisou Yang Wenzhuang, responsável pelo departamento da população da Comissão Nacional da Saúde da China. As primeiras estimativas apontavam para que o declínio começasse só em 2027.

Huang Wenzheng, especialista em demografia e investigador sénior do Centro para a China e Globalização, afirma que este é um resultado inevitável de um longo período de baixa taxa de fertilidade. "Prevê-se que a taxa de natalidade da China continue a diminuir por mais de um século e a taxa de natalidade nas cidades de primeira linha caia de forma rápida", acrescentou ao Global Times.

O especialista explica que baixas taxas de fertilidade se traduzem em menos futuros mães e pais, e que há menos pessoas dispostas a ter filhos. "Adicione esses dois fatores e agora vemos a tendência de rápida diminuição na taxa de crescimento natural da população", acrescentou Huang.

O número de nascimentos em 2021, na China, foi o mais baixo das últimas seis décadas em algumas províncias, de acordo com dados sobre a natalidade em 29 cidades e regiões do país divulgados a 21 de julho.

Apenas seis das dez províncias principais onde nasceu mais gente ultrapassam os 500 mil nascimentos. É o caso de Guangdong, que registou um milhão de nados-vivos, segundo o Global Times.

Henan, cidade localizada no centro da China com a terceira maior população, teve menos de 800 mil nascimentos pela primeira vez desde 1998. Já na cidade de Jiangxi, no leste da China, a natalidade caiu drasticamente, não atingindo os 400 mil nascimentos pela primeira vez desde a década de 50.

O decréscimo da natalidade será dominante nos próximos anos. Demógrafos chineses alertam que melhorar a qualidade de vida geral da população e o desenvolvimento económico são respostas importantes ao problema.

De acordo com dados estatísticos da comissão nacional de saúde, a média de filhos por mulheres em idade fértil passou de 1,73 em 2019 para 1,64 em 2021.

São várias as tentativas em curso para reverter este problema de natalidade. Algumas cidades e regiões implementaram medidas para incentivar as pessoas a ter mais bebés como a redução de custos de saúde relacionados com o parto e educação.

Panzhihua, cidade no sudoeste da China com 1,23 milhões de habitantes, anunciou em julho de 2021 a intenção de oferecer uma recompensa monetária a casais que tenham mais de um filho.

Em 2021, foi permitido às mulheres na China terem três filhos. Mas a decisão não ajudou, com as mulheres a justificar que a mudança chegou demasiado tarde e que não há segurança laboral nem igualdade de género, condições que ajudariam a ter mais filhos, adianta a agência Reuters.

REUTERS/Thomas Peter
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