Mais de metade dos moradores do Rio de Janeiro consideram a operação que resultou na morte de mais de 120 pessoas um sucesso.
Pelo menos 121 pessoas morreram na sequência da operação policial mais letal da história brasileira. E apesar de ter gerado protestos contra a brutalidade policial na cidade e um pouco por todo o país, a operação foi vista como um sucesso por 57% dos moradores do Rio de Janeiro e só 39% consideram que a operação não foi um sucesso, revela uma sondagem divulgada pelo Folha de São Paulo.
A pergunta sobre se a operação foi um sucesso ou não seguiu-se às declarações do governador Cláudio Castro que afirmou que a operação contra o Comando Vermelho foi "um sucesso". Em entrevistas telefónicas a 626 moradores do Rio de Janeiro interrogados dois dias depois da operação pelo Datafolha (órgão de sondagem do Folha de São Paulo), 38% dos inquiridos consideraram a operação um sucesso total enquanto 18% disseram que era um sucesso parcial. 27% disseram que discordam totalmente da afirmação de que a operação foi um sucesso e 12% dizem que discordam em parte.
Mas a verdade é que centenas de moradores dos complexos de favelas do Rio de Janeiro manifestaram-se esta sexta-feira contra a operação policial sob o lema "Chega de massacre". A marcha passou pela praça São Lucas, uma das principais da comunidade, onde, um dia após a operação, os moradores exibiram uma fila de pelo menos 50 cadáveres sobre o asfalto.
Planeada durante meses, a “Operação Contenção” foi a maior de sempre na cidade, envolvendo mais de 2000 elementos das forças militares e de segurança, e tinha por objetivo cumprir mais de cem mandatos de detenção contra elementos do Comando Vermelho, ligados ao tráfico de drogas.
Na operação que tinha como alvo os complexos vizinhos do Alemão e da Penha, localizados na zona montanhosa do Norte do Rio de Janeiro e que albergam cerca de 280 mil pessoas, foram detidos dezenas de elementos do Comando Vermelho. O combate rapidamente passou das favelas para a mata, na zona florestal ao redor dos dois complexos.
Membros da organização criminosa utilizaram várias armas de fogo de alto calibre e até ‘drones’ com bombas para enfrentar a polícia e bloquearam, na terça-feira, várias e importantes vias no Rio de Janeiro, paralisando parcialmente a cidade.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, promulgou na quinta-feira uma lei para reforçar o combate ao crime organizado e ampliar a proteção de agentes públicos, na sequência da megaoperação contra o Comando Vermelho, a mais letal da história do Rio de Janeiro. “Uma das intenções da medida é reduzir os indicadores de mortalidade policial, que em 2024 apontaram que 186 policiais foram assassinados, sendo 145 policiais militares, 20 policiais penais, 15 policiais civis e peritos, cinco guardas municipais e um policial rodoviário”, indicou o governo brasileiro.
“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades”, sublinhou Lula da Silva, em comunicado, depois de se ter encontrado com a sua equipa para discutir a megaoperação policial, na terça-feira, contra o Comando Vermelho. “Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar polícias, crianças e famílias inocentes em risco”, disse ainda o presidente.
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