Sociais-democratas dizem que existem "manifestas contradições" entre o depoimento do antigo presidente da Caixa e os dos membros do Governo
O PSD entregou um requerimento para ouvir novamente o antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António Domingues na comissão de inquérito, apontando "manifestas contradições" entre o seu depoimento e os dos membros do Governo.
De acordo com o requerimento a que aLusateve acesso, dirigido ao presidente da segunda comissão de inquérito sobre a Caixa, o social-democrata Aguiar Branco, o pedido de nova audição é justificado "face às manifestas contradições entre os depoimentos do dr. António Domingues e dos membros do Governo" ouvidos na Comissão.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, e o secretário de Estado adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, foram os únicos membros do Governo ouvidos na comissão que tem por objecto apurar a actuação do actual Governo na nomeação, gestão e demissão da anterior administração da CGD.
Um dos pontos centrais da comissão de inquérito, pedida potestativamente (de forma obrigatória) por PSD e CDS-PP, é apurar se "é verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues]", o que foi sempre negado pelo Governo.
O requerimento do PSD vai ser votado na reunião de quinta-feira da comissão, após o plenário.
Contactado pela Lusa, o coordenador do CDS-PP na comissão, João Almeida, disse que o partido não irá pedir mais nenhuma audição.
Já o coordenador do BE, Moisés Ferreira, que numa primeira fase tinha entregado outros pedidos de audição, ainda não decidiu se irá insistir em ouvir Elsa Roncon, ex-directora-geral do Tesouro e Finanças, Francisco Sá Carneiro, advogado da CS Associados, e a consultora McKinsey, que apoiou Domingues nas negociações com Bruxelas ainda antes de assumir o cargo.
PS e PCP nunca apresentaram qualquer pedido de audição ou requerimento no âmbito desta segunda comissão de inquérito sobre a Caixa.
Na primeira audição, António Domingues disse que, de acordo com o seu juízo e o seu entendimento, a dispensa de declarações de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional (TC) foi acordada com o ministro das Finanças ainda antes de aceitar o cargo e que, a certa altura, o Governo terá "deixado de ter condições políticas para manter o acordado", o que resultou na sua demissão.
Por seu lado, o ministro das Finanças assegurou que o compromisso assumido com o anterior presidente da Caixa foi sobre a exclusão do estatuto do gestor público, admitindo que a questão das declarações foi abordada mas de forma ocasional.
Questionado se tomou a decisão de isentar os gestores da Caixa de apresentarem essas declarações, Centeno respondeu negativamente: "Tal nunca aconteceu, houve um conjunto de compromissos assumidos desde o início com António Domingues de forma muito clara e tal não aconteceu".
Quando foi ouvido pela comissão de inquérito, o secretário de Estado adjunto e das Finanças reconheceu igualmente que o antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, referiu "ocasionalmente" uma eventual não entrega das declarações de património e rendimentos, mas nunca houve "acordo" para tal.
"A não obrigatoriedade da entrega das declarações de rendimento e património nunca foi objeto de nenhum acordo e nenhuma conversa estruturada entre mim, o ministro das Finanças, o doutor António Domingues, ou o primeiro-ministro", declarou Ricardo Mourinho Félix.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Prepara-se o Governo para aprovar uma verdadeira contra-reforma, como têm denunciado alguns especialistas e o próprio Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, num parecer arrasador.
Não foi fácil, mas desvendamos-lhe os segredos do condomínio mais luxuoso de Portugal - o Costa Terra, em Melides. Conheça os candidatos autárquicos do Chega e ainda os últimos petiscos para aproveitar o calor.
Imaginemos que Zelensky, entre a espada e a parede, aceitava ceder os territórios a troco de uma ilusão de segurança. Alguém acredita que a Rússia, depois de recompor o seu exército, ficaria saciada com a parcela da Ucrânia que lhe foi servida de bandeja?
No meio do imundo mundo onde estamos cada vez mais — certos dias, só com a cabeça de fora, a tentar respirar — há, por vezes, notícias que remetem para um outro instinto humano qualquer, bem mais benigno. Como se o lobo mau, bípede e sapiens, quisesse, por momentos, mostrar que também pode ser lobo bom.