A falta de conhecimento da lei, o receio de perder o emprego ou de repercussões estão entre as causas que inibem os trabalhadores de usarem medidas de conciliação entre a vida profissional e familiar, segundo um estudo hoje divulgado.
As conclusões integram um estudo, a que a agência Lusa teve acesso, desenvolvido pela Nova School of Business and Economics e produzido para a CIP -- Confederação Empresarial de Portugal, que será apresentado hoje na conferência "Desafios à Conciliação Família-Trabalho", em Carcavelos, em parceria com a Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE).
O estudo, baseado em entrevistas a empresas e análises académicas, indica que, apesar de a legislação portuguesa prever incentivos à conciliação entre a vida profissional e familiar, "não é totalmente certo que os colaboradores as utilizem com frequência" já que há um conjunto de situações "que funcionam como inibidores e barreiras à utilização" das medidas.
Entre eles estão a "falta de conhecimento sobre a legislação em vigor e os direitos já salvaguardados e à sua disposição" bem como a "falta de conhecimento das medidas oferecidas" pelas empresas.
Também "atitudes e emoções negativas de resistência" à utilização das normas previstas na lei ou pela empresa "por insegurança pessoal, receio de repercussões (informais) de chefias e colegas, receio de perda de oportunidade de progressão na carreira ou de perda do próprio emprego" estão entre os principais fatores inibidores apontados.
O documento refere que as empresas podem estar, "sem conhecimento e intenção, a impedir a adoção generalizada destas medidas" devido à "falta de comunicação interna e divulgação dos benefícios" ou à "falta de exemplos das chefias na utilização de certas políticas" e ainda devido à "falta de apoio e de incentivo".
As entrevistas realizadas a várias empresas no âmbito do estudo mostram que as organizações disponibilizam medidas de conciliação entre a vida familiar e profissional, embora "aparentemente de forma informal" no caso daquelas de menor dimensão.
Esta situação pode ser explicada por vários motivos, entre os quais "por se tratarem de pequenas e médias empresas, onde a cultura empresarial é informal e de grande proximidade entre chefias e colaboradores" ou porque "as empresas foram pressionadas a implementar tais medidas devido à, aparente, natureza "conflituosa" da sua atividade, por exemplo, em fábricas ou 'call centers'", lê-se no estudo.
Para ultrapassar o problema, os autores sugerem colocar o tema na agenda da Concertação Social "e promover um diálogo menos extremado" com vista a serem definidos "incentivos às empresas e instituições que promovam a conciliação entre a vida profissional e familiar, designadamente pelo recurso à flexibilidade no horário de trabalho ou ao trabalho a tempo parcial".
Os autores defendem ainda que o Governo deve definir uma estratégia nacional para a promoção da conciliação entre família e trabalho em Portugal, sublinhando que a discussão sobre o tema "pode ser reforçada no discurso do Estado".
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