Sábado – Pense por si

Manuel José e a morte de Diogo Jota: "É uma notícia triste. Com a Alemanha, fiquei perto do banco da seleção e ele até me acenou"

Carlos Torres
Carlos Torres 03 de julho de 2025 às 14:18
As mais lidas

Antigo médio lembra-se do "miúdo fantástico, super-humilde", que começou no Paços de Ferreira com 18 anos e com quem foi mantendo sempre o contacto. "Trocávamos muitas vezes mensagens, desejava-lhe boa sorte e felicitava-o pelo excelente trabalho, tanto no Liverpool como na seleção".

Quando falou com aSÁBADO, Manuel José ainda estava perturbado com a "notícia triste"da morte de Diogo Jota, que lhe tinha sido dada pelo seu pai. "É muito triste e chocante", diz o ex-futebolista, de 44 anos, que fez grande parte da formação no FC Porto e depois passou sete épocas no Paços de Ferreira e ainda joga (nos veteranos do Candal, de Vila Nova de Gaia). 

O antigo médio já tinha 33 anos quando o miúdo Diogo Jota começou a jogar na equipa do Paços de Ferreira, na época 2014/15. O extremo tinha-se iniciado nas lides futebolísticas no Gondomar e mudara-se para os juvenis do Paços de Ferreira com 16 anos, chegando à equipa principal dois anos depois. "Ele começou a carreira sénior ao pé de nós, e era um menino muito acarinhado pelos mais velhos, todos gostavam muito dele. Nunca ninguém podia imaginar que ia acabar desta maneira", lamenta.

Manuel José jogou com ele duas épocas (Diogo Jota foi depois para o At. Madrid, sendo emprestado um ano ao FC Porto), mas nestes últimos anos foi mantendo o contacto com o extremo. "Não falávamos todos os dias, mas trocávamos regularmente mensagens, por exemplo pelo Instagram, desejava-lhe boa sorte e felicitava-o muitas vezes pelo seu desempenho, tanto no Liverpool como na seleção".

Não se lembra quando foi a última vez que estiveram juntos presencialmente, mas, garante, "para quem joga no estrangeiro, isso nem sempre é fácil". "Também estive fora [jogou no Cluj, da Roménia, entre 2006 e 2009] e sei bem que quando chegamos a Portugal queremos é estar sossegados, no nosso espaço ou junto da família mais próxima".

Ainda assim, nos últimos tempos, em jogos da Liga das Nações, trocaram mensagens, primeiro no Portugal-Polónia, no estádio do Dragão (em novembro) e depois no Portugal-Alemanha (no mês passado). "Até fui ver o jogo à Alemanha e fiquei na bancada ali perto do banco de suplentes. O Jota estava no banco [entrou aos 82 minutos] e a certa altura viu-me e acenou-me logo", conta.

Manuel José recorda Diogo Jota como alguém que "sempre foi reconhecido pelo seu futebol, que não se envolvia em polémicas. Ele tinha uma empresa de computadores relacionada com o jogo da FIFA, ele adorava aquilo. Sempre foi um miúdo fantástico, super-humilde, que mesmo quando chegou ao Liverpool e à seleção nunca se esqueceu de ninguém".

Nos tempos em que jogaram juntos no Paços de Ferreira, continua Manuel José, estiveram juntos muitas vezes fora do campo. "Íamos jantar, nas férias íamos até junto da praia, ele era super-tranquilo e já estava com a Rute, a mulher dele, já eram namorados. Era mesmo um ser humano fantástico e que vai deixar muitas saudades".

Artigos Relacionados