Os dragões golearam no estádio da Constituição, as águias deram troco na inauguração das Antas. Antes do clássico, fazemos uma viagem por 94 anos de confrontos, repletos de histórias curiosas e figuras icónicas. E deixando no ar a pergunta: como será no domingo, no estádio do Dragão?
Há seis meses, os adeptos do FC Porto saíam do estádio do Dragão cabisbaixos e a achar que enfrentavam o fim do mundo, depois de terem perdido por 4-1 contra o Benfica, naquele que foi o pior enxovalho sofrido pelos dragões na sua casa contra os encarnados em 94 anos de história de confrontos oficiais entre os dois rivais.
Na última época, o Benfica venceu no Porto por 4-1. No domingo há novo clássico no Dragão
A tareia dada pela equipa de Bruno Lage (que entretanto já foi despedido) era fácil de prever, pois as diferenças de forças eram gritantes, com o FC Porto a apresentar-se sem rei nem roque, com uma equipa sem qualidade individual (um dos melhores, Pepê, fez a pior época da carreira) e a depender dos arremedos intermitentes de Fábio Vieira e dos rasgos de génio de Rodrigo Mora, um miúdo de 17 anos.
Em seis meses, com a saída do treinador argentino Martin Anselmí e a chegada do italiano Francesco Farioli, tudo mudou. Também, claro, porque o FC Porto investiu bastante no mercado e comprou jogadores com outra qualidade, a começar por Froholdt, um poço de energia no meio-campo, mas também pela dupla de centrais polacos, Bednarek e Kiwior, que dão outras estabilidade à defesa.
Este FC Porto é a prova de que no futebol tudo muda num instante, como se riscássemos um fósforo. Depois da má época, os portistas seguem agora na frente do campeonato, com sete vitórias em outros tantos jogos, com a melhor defesa e o melhor ataque, tendo um score de 19-1 em golos.
A confiança é tanta entre as hostes portistas que os adeptos mais exagerados já acham que o FC Porto tem de golear este Benfica, que trocou Bruno Lage pelo multi-bem-sucedido José Mourinho, que assim regressa ao Dragão à frente de um clube português, 20 anos depois de ter de lá saído levando no bolso vários troféus, incluindo dois campeonatos, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões.
Como dizia um amigo meu, portista, na véspera de os dragões jogarem frente ao Estrela Vermelha, para a Liga Europa (na passada quinta-feira): “O FC Porto até pode perder por três na Liga Europa, mas o importante é ganhar aos outros vermelhos. E, de preferência, por 3 ou 4, para vingar a derrota humilhante da última época”.
Se no jogo de abril, em que o Benfica ganhou por 4-1 no Dragão, era previsível um grande desnível de forças, desta vez o mais certo é que haja equilíbrio, sendo que a haver uma vitória de FC Porto ou Benfica será, provavelmente, por números reduzidos. Desde logo porque este Benfica tem bons valores individuais (pode ainda não estar a funcionar muito bem como equipa, mas a partida com o Chelsea, na Liga dos Campeões, já deu indicações de melhoras); depois, porque tem à sua frente José Mourinho, cujo currículo não deixa dúvidas, embora muitos acreditem que está já na fase descendente da carreira; e, também, porque o FC Porto está num ciclo infernal de jogos, tendo menos dois dias de descanso em relação às águias. Ainda assim, pelo bom momento que atravessa e por jogar em casa, podemos dizer que o FC Porto é ligeiramente favorito.
Pouco provável é que aconteça uma nova goleada do Benfica, como sucedeu em abril. Afinal, em 94 anos de confrontos oficiais (o primeiro foi na final do Campeonato de Portugal, em junho de 1931), o Benfica apenas registou vitórias gordas no terreno do FC Porto por mais duas vezes, ambas por 3-0. O primeiro triunfo aconteceu a 2 de junho de 1974, nas meias-finais da Taça de Portugal. No estádio das Antas, a equipa portista, que tinha figuras como Tibi, Rodolfo, Júlio, Cubillas e Oliveira, perdeu frente aos encarnados, sendo os golos de Nené (dois) e de Eusébio. A 16 de fevereiro de 1975, o mesmo resultado, a contar para a 22ª jornada do campeonato, com golos de Vítor Martins, Moinhos e Toni.
Anos 40 e 70 bons para as águias
A década de 70 foi mesmo a melhor de sempre dos encarnados em casa do FC Porto, contabilizando seis triunfos nas Antas. Essas vitórias começaram em 1970 (abril), com uma vitória por 2-1 (golos de Simões e Artur Jorge), na penúltima jornada do campeonato – em que o FC Porto terminou em 9º lugar, a pior classificação de sempre dos dragões.
O FC Porto teve outra década penosa nos confrontos caseiros com o Benfica: a de 1940. Aí, os encarnados somaram quatro triunfos, sendo um deles por 4-2, em abril de 1943.
Essa foi mesmo a primeira vitória de sempre do Benfica no campo do FC Porto em jogos oficiais, 12 anos depois de os clubes se começarem a defrontar nas competições. E nas duas primeiras vezes no Porto, em partidas do Campeonato de Portugal (prova que depois iria dar origem à Taça de Portugal), o Benfica saiu da Constituição com derrotas pesadas: 3-0 em junho de 1932 e 8-0 em maio de 1933.
Antes da goleada da época passada, apenas por outra vez o Benfica tinha marcado 4 golos no terreno dos portistas. Foi no triunfo de 1943 (4-2), com golos de Manuel da Costa (dois, ambos de penálti), e ainda de Pratas e Nelo.
Já o Benfica, tirando os vários sucessos das décadas de 40 e 70, teve sempre muitas dificuldades em triunfar no terreno dos portistas, mesmo com grandes equipas. Basta ver que Eusébio, nas 15 épocas (1960-1975) em que jogou pelas águias, apenas ganhou no Porto cinco vezes (em 16 jogos).
O Benfica teve mesmo um período de grande jejum de triunfos no campo dos portistas, que durou 15 anos (1990/91) a 2005/06. Em comum nos dois triunfos que mediaram esse jejum, os encarnados ganharam no Porto por 2-0, com bis de dois avançados: primeiro foi César Brito, depois Nuno Gomes.
Desde a década de 90, o Benfica tem apenas sete triunfos no terreno dos dragões, tendo mesmo sofrido uma das maiores goleadas frente aos portistas em 2023/24 (a equipa de Sérgio Conceição venceu por 5-0) numa altura em que o FC Porto passava uma má fase, acabando a época a 18 pontos do campeão Sporting e a 8 do vice-líder Benfica.
Pinga, Valadas e a emoção dos FC Porto-Benfica
Em jogos do campeonato, a primeira vez que houve um FC Porto-Benfica (disputado no antigo estádio do Lima) foi a 3 de fevereiro de 1935, com os dragões a vencerem por 2-1, com golos de Lopes Carneiro e Pinga (pelo Benfica marcou Valadas). O madeirense Pinga, que ainda falharia um penálti nesse jogo, foi um dos maiores ídolos dos portistas nas décadas de 30 e 40 (jogou lá 16 anos, num total de 222 jogos e 149 golos). Já Valadas, ficará sempre na história do Benfica por ter sido o autor do primeiro golo das águias no campeonato (ao Vit. Setúbal).
Por falar em Pinga, o avançado foi protagonista na época seguinte, num FC Porto-Benfica que terminou empatado (2-2), e em que ele falhou novamente um penálti (atirou ao lado), numa altura em que os portistas perdiam 2-1 frente às águias. Curiosamente, os dragões terminaram esse campeonato em 2º lugar, a apenas um ponto do Benfica, pelo que se ele tem marcado esse penálti e se o FC Porto tem vencido (poderia ter ficado 3-2), seriam campeões.
Pinga voltaria a fazer um golo em nova vitória do FC Porto (2-1), em março de 1937, e as duas épocas seguintes seriam marcadas pela emoção entre os rivais lisboetas, sendo que o campeonato se decidiu em dois jogos entre FC Porto e Benfica. No primeiro, em 1937/38, o empate (2-2), a duas jornadas do fim, permitiu ao Benfica manter-se na frente (com os mesmo pontos dos dragões, mas com vantagem no confronto direto) e assim festejar o seu primeiro tricampeonato.
Já em 1938/39, o embate aconteceu na última jornada. O FC Porto, que tinha dois pontos de avanço sobre o Benfica, só precisava de empatar, o que veio a acontecer (3-3), embora os encarnados tenham feito aquele que seria o 4-3 nos descontos, num canto, sendo o golo anulado pelo árbitro Henrique Rosa por considerar que houve falta sobre o defesa Sacadura, o que gerou indignação entre os lisboetas, com os jornais da capital a titularem: “Escândalo”.
Carlos Nunes, capitão portista, contou no final que logo que o árbitro viu Sacadura ser agarrado, “apitou imediatamente”, pelo que “aquilo não foi golo, pois quando a bola foi para a baliza já o jogo estava parado”. Ainda assim, disse, se a Federação se decidisse pela repetição do jogo, “a nós não nos importa nada voltar a jogar contra o Benfica”.
Alexandre Brito, o autor da falta, contrapôs: “Não agarrei ninguém, e o que mais nos chocou foi o árbitro não ter justificado logo a marcação do livre. Perdemos a cabeça e barafustámos a torto e a direito”.
Fora das polémicas, o encontro, no Campo da Constituição, gerou uma receita recorde para a época de 117 contos, tendo-se construído uma nova bancada onde estavam os courts de ténis (que assim acabaram). A corrida aos bilhetes era tanta que os de 5 escudos foram vendidos na candonga a 20 escudos.
A primeira vitória do Benfica no Porto e o 12-2
Na época 1940/41, o FC Porto bateu o Benfica no estádio do Lima por 5-2 (foi a primeira vez que marcou cinco golos aos encarnados em jogos do campeonato), sendo o protagonista Carlos Pratas, que fez um hat-trick.
O curioso é que Pratas era lisboeta (nasceu em Lisboa a 1 de janeiro de 1916), tendo começado a jogar no Carcavelinhos, e ajudado o clube de Alcântara a vencer por duas vezes o campeonato da II Divisão (1934/35) e 1938/39). Ingressou no FC Porto em 1940/41 – estreou-se a 20 de outubro de 1940, na goleada (7-1) sobre o Boavista, para o Campeonato Regional do Porto (marcou por duas vezes, ao minuto 1 e ao minuto 80). Pratas esteve três épocas no dragões (voltaria depois para o Atlético), e nessa época de 1940/41 fez quatro golos ao Benfica: além do hat-trick no triunfo caseiro do campeonato, marcou na vitória por 4-3 para a Taça de Portugal.
O Benfica venceu pela primeira vez no Porto, em jogos do campeonato, em 1942/43, por 4-2, numa época negra (a primeira) para os dragões, que iriam acabar em 7º lugar (a segunda pior classificação de sempre).
Frente ao Benfica, além de terem perdido em casa por 4-2, no Campo Grande, em Lisboa, foram enxovalhados por um impensável 12-2, de longe a maior goleada sofrida pelo FC Porto. A época até tinha começado bem, com a conquista do Campeonato Regional, mas após a saída do guarda-redes húngaro Bela Andrasik, em janeiro, os dragões nunca mais se recompuseram, tendo sofrido, além dessas goleadas frente ao Benfica, outras derrotas pesadas (6-2 em casa, contra o Unidos de Lisboa, 5-2 no terreno do Sporting, 5-2 em Coimbra, 3-0 em Olhão e 7-0 em Setúbal).
Na década de 40, o Benfica venceria por mais três vezes no terreno do FC Porto. As duas primeiras por 2-0 (em 1945/46 e em 1947/48), sendo Rogério “Pipi” a abrir o marcador em ambas as ocasiões. E Rogério só não marcou também no triunfo (1-0) em 1949/50 porque falhou um penálti, defendido pelo avançado Costa Vieira, que foi à baliza após a expulsão de Barrigana, aos 70 minutos.
A abrir a década de 50, o Benfica perdeu por 5-2 na Constituição, a 8 de outubro de 1950, naquele que foi o primeiro clássico de José Águas (assinou os dois golos das águias), ele que fora contratado pelo Benfica ao Lusitano do Lobito (Angola) em 1950, apesar do interesse do FC Porto, que o convidou para passar férias no Porto e treinar-se na Constituição.
Águas tinha-se estreado a marcar na jornada anterior, frente ao Sp. Braga (faturou por quatro vezes no triunfo por 8-2), acabando a época de estreia no Benfica com 30 golos, apenas atrás do colega Arsénio (35) e com quase o dobro dos tentos de Rogério (16).
Taça de prata e enxovalho na inauguração das Antas
Um ano e meio depois desse triunfo por 5-2 sobre o Benfica, os dragões sofreram um grande revés contra as águias, na partida (amigável) referente à inauguração do estádio das Antas, a 28 de maio de 1952.
A construção do estádio custara 7.500 contos e o convidado para a inauguração foi o Benfica, que ofereceu aos portistas um troféu com 18 quilos de prata. Mas dentro de campo as águias golearam por 8-2, sendo que o primeiro golo a ser marcado nas Antas foi da autoria do benfiquista Arsénio. Quatro dias passados desse desaire, na primeira partida oficial nas Antas o FC Porto venceu o Sporting (2-0) para a Taça de Portugal.
Costa Vieira, o mesmo que tinha defendido um penálti de Rogério a 2 de janeiro de 1950, evidenciou-se quase dois anos depois (16 de dezembro de 1951), ao assinar um hat-trick no triunfo (3-0) dos dragões sobre o Benfica, na 13ª jornada da época 1951/52.
Na década de 50, e com exceção desse triunfo (1-0) a 2 de janeiro de 1950, o Benfica não conseguiu vencer qualquer partida no campo do FC Porto, tendo registado sete derrotas e dois empates, com os dragões a somarem sete vitórias consecutivas entre 1951 e 1958 (20 golos marcados e quatro sofridos), destacando-se nesses triunfos Monteiro da Costa (cinco golos) e ainda Hernâni, Teixeira e Jaburu (cada um com dois golos).
Duas vitórias das águias por 3-0 e o peruano Cubillas
Já na década de 60, há um jogo interessante, em que o FC Porto venceu por 3-2 (30 de abril de 1961), sendo que o Benfica ficou com 10 jogadores (à época não havia substituições e Serra saiu lesionado) perto da meia hora de jogo, numa altura em que ganhava nas Antas por 2-0. Os dragões reagiriam e deram a volta, com dois golos de Noé (aos 32 e 50 minutos) e um de Hernâni (75 minutos).
Como já se referiu, o Benfica, mesmo com Eusébio, teve sempre grandes dificuldades para ganhar no Porto. Na década de 60, conseguiu triunfar por duas vezes, sofrendo ainda cinco derrotas e registando-se três empates.
A década de 70 ficou marcada pelos tais dois triunfos gordos das águias no Porto, um para o campeonato e outro para a Taça, ambas por 3-0.
Houve ainda mais três vitórias das águias nas Antas, para o campeonato: o primeiro aconteceu em setembro de 1971, por 3-1, logo na primeira jornada (um bis de Eusébio e mais um de Artur Jorge), com o Benfica a aguentar meia hora com menos um, após a expulsão de Humberto Coelho.
Já em janeiro de 1976, o Benfica venceu por 3-2, com dois golos de Jordão, de nada valendo o ímpeto de Fernando Gomes, que fez o 1-0 logo no primeiro minuto. E em janeiro de 1977, as águias triunfaram por 1-0, sendo Chalana o autor do tento solitário (logo aos 10 minutos).
Pelo meio, refira-se ainda a vitória dos portistas (2-1) no dia 10 de março de 1974, com o peruano Cubillas (que se tinha estreado pelos dragões um mês antes) a marcar o golo da vitória.
O fim da hegemonia encarnada e "muita pressão" nas Antas
O final da década de 70 marca o fim da hegemonia do Benfica e o início da ascensão portista. Isso mesmo recordou à SÁBADO o antigo defesa Gabriel, em outubro de 2022, antes de mais um encontro entre dragões e águias. Nos anos 60 e 70, o Benfica é que ganhava tudo, tinha sido duas vezes campeão europeu, e o FC Porto esteve 19 anos sem ser campeão. Conseguimos quebrar esse ciclo de vitórias em 1977/78, e lembro-me que os jogos eram sempre muito disputados e equilibrados”, nota Gabriel, que destaca a conquista da supertaça em dezembro de 1981, com um triunfo nas Antas por 4-1 (após derrota na Luz por 2-0), com um hat-trick de Jacques.
Já Álvaro Magalhães, um histórico do Benfica (o defesa esquerdo esteve nas águias entre 1981 e 1990), notou à SÁBADO que os clássicos eram sempre “muito difíceis, com grandes jogadores e treinadores. Nas Antas havia muita pressão, até antes de entrarmos em campo. E à saída às vezes tínhamos de nos deitar no autocarro para não corrermos o risco de levar com uma pedra”.
Por todas essas dificuldades, Álvaro adianta que “ganhar a Taça de Portugal no estádio das Antas [em 1983], com um golaço do Carlos Manuel, foi o triunfo mais saboroso”. Essa foi uma final envolta em polémica, como lembra: “Marcou-se a final da Taça de Portugal para as Antas logo no início da época, mas depois, como era contra o FC Porto, o Benfica não queria ir lá jogar, achava que devia ser em campo neutro. O Eriksson [treinador] até pensou em levar a segunda equipa, mas depois decidiu que íamos lá sem problemas e fomos lá festejar a conquista da Taça de Portugal”.
Benfica sem festejar no campo dos dragões
O Benfica nunca conseguiu festejar um campeonato no terreno do FC Porto, mas em 2009/10 tinha tudo a seu favor para o fazer. Na penúltima jornada, com os portistas no terceiro lugar e arredados da discussão do título, que se disputava entre as águias e um surpreendente Sp. Braga treinado por Domingos Paciência, o Benfica só precisava de empatar no estádio do Dragão.
O FC Porto chegou ao intervalo a ganhar, com um golo de Bruno Alves, mas aos 52 minutos, com a expulsão de Fucile, os encarnados tinham caminho aberto para o título. E tudo ficou ainda mais composto com o golo do empate, de Luisão, aos 57 minutos, seguindo-se, aos 60, a expulsão do treinador portistas, Jesualdo Ferreira. Só que o avançado farias fez o 2-1 para os dragões no minuto seguinte e, apesar das tentativas das águias, o FC Porto foi-se aguentando, até que, aos 83 minutos, o argentino Belluschi fez o 3-1 final, o que levou os adeptos portistas a provocarem os do Benfica: “Queriam festa? Vão festejar para a vossa terra”. O Benfica festejou mesmo, mas na última jornada, no estádio da Luz, ao vencer o Rio Ave (2-1), com dois golos de Cardozo.
Os heróis improváveis, de César Brito a Kelvin
Ao longo dos anos, houve muitos heróis improváveis em jogos entre FC Porto e Benfica, desde logo o suplente César Brito (1991), que entrou e fez os dois golos da vitória encarnada, encaminhando o título para as águias.
Do lado do FC Porto, podemos referir Bruno Morais, em 2006/07. O brasileiro, que nessa época fez apenas três golos pelos portistas, marcou o 3-2 da vitória aos 90 minutos. Antes, em 1993/94, Chainho também foi herói improvável, ao marcar na vitória por 3-1 (os outros dois golos foram de Jardel). Ora, Chainho apenas marcou, nesse época, mais um golo: no 7-1 à Académica de Coimbra.
Mas o maior herói improvável foi, sem dúvida, Kelvin. Na penúltima jornada do campeonato de 2012/13, o Benfica deslocou-se ao Dragão sabendo que em caso de triunfo seria campeão (tinha dois pontos de avanço sobre os portistas). Se isso não acontecesse, um empate bastaria para se manter na liderança e depois arrumar a questão do título em casa, frente ao Moreirense, na última jornada.
O Benfica até começou melhor, com um golo de Lima, aos 19 minutos, mas o defesa Maxi Pereira, ao desviar um cruzamento de Silvestre Varela para a própria baliza (minuto 26) deixou tudo empatado. E ao minuto 92, numa altura em que o Benfica tinha o jogo adormecido e controlado, apareceu o pontapé fulminante de Kelvin, de fora da área, que deu a vitória ao FC Porto, permitindo-lhe assim ultrapassar o Benfica e festejar o tricampeonato na última jornada, com o triunfo (2-0) sobre o Paços de Ferreira.
Este domingo, não haverá o dramatismo dessa época, pois o clássico disputa-se apenas à 8ª jornada. Mas um jogo entre FC Porto e Benfica é sempre de emoções fortes, ainda para mais marcado pelo regresso de José Mourinho e com os dragões com vontade de apagarem a má imagem deixada pela goleada sofrida na última época.
FC Porto-Benfica: os 8-0 há 90 anos, o golo de Kelvin ou a “tareia” de Lage
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