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Storm Shadow, ATACMS, RS-26 Rubezh, Oreshnik: os mísseis usados na guerra Ucrânia-Rússia

Luana Augusto
Luana Augusto 21 de novembro de 2024 às 10:36
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Rússia lançou pela primeira vez um míssil intercontinental contra a Ucrânia. Já os EUA entregaram mísseis de longo alcance a Kiev. Saiba mais sobre eles.

A Ucrânia lançou esta semana dois tipos de mísseis balísticos contra o território russo: um fabricado pelos Estados Unidos e lançado na terça-feira pela primeira vez desde a escalada do conflito, e o outro produzido no Reino Unido e França. O ataque surgiu após uma autorização dada pelo presidente norte-americano, Joe Biden, para que Kiev passasse a utilizar os seus mísseis de longo alcance para atacar Moscovo.

REUTERS/Sergei Karpukhin

Esta quinta-feira, a Ucrânia revelou o lançamento pela Rússia de um míssil intercontinental, em que pode ser colocada uma ogiva nuclear. 

ATACMS

Fabricados nos Estados Unidos pela empresa de defesa Lockheed Martin, os mísseis ATACMS (Army Tactical Missile System), de longo alcance, começaram a ser desenvolvidos ainda durante o período da Guerra Fria (1947-1991) e foram usados pela primeira vez em 1991, durante a guerra do Golfo. 

Na altura, o objetivo seria destruir alvos da antiga União Soviética (URSS). Agora, com os mísseis capazes de atingir alvos até 300 quilómetros de distância, o exército ucraniano poderá estar a utilizá-los para destruir arsenais, bases militares e infraestruturas russas.

United States Army/Handout via REUTERS/File Photo/File Photo

Cada míssil está avaliado em 1,5 milhões de dólares (1,4 milhão de euros), segundo a BBC. Transporta uma carga explosiva de 170 quilos e é alimentado a propulsor sólido de foguetões. Disparados através do Sistema de Lançamento de Foguetes Múltiplos M270 - montado num veículo blindado – ou através do sistema HIMARS M142, o caminho que seguem faz com que sejam dificilmente intercetados. 

Segundo a agência de notícias russa RIA Novosti, Moscovo terá conseguido abater cinco dos seis projéteis lançados pela Ucrânia, na terça-feira. Apenas um terá ficado danificado, tendo os seus fragmentos causado um incêndio numa área militar da Rússia. Não foram registados quaisquer estragos ou vítimas. 

Mas estes mísseis trazem mais novidades. Os ATACAMS podem ser configurados para transportar dois tipos diferentes de ogivas. Uma delas é um conjunto equipado com centenas de bombas, projetadas para destruir unidades blindadas mais leves em áreas amplas, tal como aeronaves estacionadas, bases aéreas e concentrações de tropas. Já a segunda é uma ogiva única. A sua variante altamente explosiva de 225 quilos foi concebida para destruir instalações protegidas e estruturas maiores.

Storm Shadow

REUTERS/Benoit Tessier/File Photo

Capaz de atingir alvos até 250 quilómetros de distância - um pouco menos que o ATACMS - o Storm Shadow foi fabricado pela empresa MBDA, com sede em França.

Trata-se de um míssil de cruzeiro anglo-francês equipado com um sistema de navegação e é considerada a arma ideal para destruir bunkers reforçados e depósitos de munições.

Alimentado por um motor turbojato, que se costuma usar em aeronaves, o Storm Shadow tem um total de 1.300 quilos e pouco mais de cinco metros de comprimento. 

Ao contrário do ATACMS - que é lançado através de um veículo blindado - este é lançado a partir de uma aeronave, por norma após o envio de uma série de drones para confundir o inimigo. Cada míssil Storm Shadow custa 920 mil euros. 

Os mísseis Storm Shadow já foram usados para atingir o quartel-general naval russo no Mar Negro, em Sebastopol. Anteriormente, também foram um recurso das forças de defesa britânicas e francesas na guerra do Golfo, no Iraque e na Líbia.

RS-26 Rubezh

A Ucrânia confirmou esta quinta-feira que o primeiro ataque russo com um míssil intercontinental foi com um míssil RS-26 Rubezh ou Frontier. Trata-se de um míssil com um alcance de 5.800 quilómetros, um peso de 50 toneladas e que pode transportar quatro ogivas separadas. Tem ainda capacidade para uma ogiva termonuclear.

AP Photo/Dmitri Lovetsky

De acordo com os media ucranianos, este míssil foi lançado pela primeira vez com sucesso num teste em maio de 2012: viajou 5.800 quilómetros em minutos e atingiu o seu alvo, no campo de testes de Kura. O ataque à Ucrânia foi o primeiro em combate. Apesar de as previsões para a sua entrada em uso serem em 2017, no ano seguinte a Rússia anunciou que o míssil tinha sido excluído do programa de armamento até 2027.

O RS-26 Rubezh viaja a uma velocidade cinco vezes maior que a da luz, o que torna quase impossível ser intecetado pelos sistemas de defesa aérea ucranianos.

Oreshnik

É um míssil hipersónico que viaja a uma velocidade dez vezes superior à velocidade do som (340 metros por segundo). Isto quer dizer que cobre uma distância de 3,40 quilómetros por segundo, ou mais de 12.000 km/hora.

Fontes russas citadas pela agência noticiosa Reuters referem ainda que este míssil tem um alcance de cerca de 5 mil quilómetros, o que permite que a Rússia atinja com estes mísseis a maior parte dos países europeus e até a costa Oeste dos Estados Unidos.

O míssil parece também ser capaz de transportar várias ogivas que podem atacar alvos diferentes. A Reuters cita ainda especialistas em armamento russo que afirmam que estes mísseis podem transportar entre seis a oito ogivas nucleares. Desta vez, os mísseis não transportavam ogivas nucleares, mas sim ogivas "tradicionais", carregadas de TNT (trinitrotolueno, um explosivo). Calcula-se que estas ogivas tivessem 1,5 toneladas de TNT, o que implica uma enorme capacidade destrutiva.

De acordo com os especialistas, os sistemas de defesa aérea da Ucrânia não conseguem intercetar estes projécteis, mas os Estados Unidos têm sistemas que os conseguiriam travar.

Notícia atualizada às 18h55 de 22 de novembro com dados acerca do míssil Oreshnik. 

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