Caso gerou críticas e Alemanha abriu uma investigação ao caso. Tudo terá acontecido por alguém ter usado uma linha telefónica não segura.
Foi na passada sexta-feira, 1 de março, que os meios de comunicação social russos divulgaram um áudio de 38 minutos de uma reunião secreta entre vários oficiais de alta patente da Força Aérea alemã. Na gravação, além de terem sido discutidas formas de apoio à Ucrânia, foi também avaliado um possível ataque com mísseis de longe alcance à ponte de Kerch, na Crimeia dominada pela Rússia. A Alemanha, que entretanto já veio a confirmar a veracidade do áudio, teme agora que possa haver mais chamadas intercetadas pelos russos.
REUTERS/Lisi Niesner
O que foi discutido na gravação?
De acordo com a agência Reuters, o general alemão Ingo Gerhartz discutia com três altos funcionários da Força Aérea alemã, a Bundeswehr, a destruição da ponte de Kerch, que liga a península da Crimeia ao continente e que une os russos aos seus depósitos de armas. Além disso, foi também abordada uma possível formação dos soldados ucranianos, e a possível entrega de mísseis longo alcance Taurus a Kiev. Este último tema já gerou controvérsia, com a Alemanha a mostrar grande resistência na partilha deste tipo de armamento.
Entre outros assuntos, as discussões incluíram detalhes sobre o facto de alguns militares britânicos já terem sido destacados para a Ucrânia. Também abordam como os mísseis britânicos Storm Shadow e os franceses Scalp foram enviados para o país, e um oficial explica como o Reino Unido está a tratar dos dados via satélite necessários para programar os mísseis.
Como reagiu a Alemanha?
A Alemanha considerou na passada segunda-feira, 4, que a fuga de informação foi um "ataque híbrido de desinformação", levado a cabo pela Rússia, que teve como objetivo semear a discórdia dentro do país e com os aliados.
"Este ataque híbrido teve como objetivo gerar insegurança e dividir-nos", disse um porta-voz do governo. "E é exatamente isso que não permitiremos. Estamos em contacto constante com os nossos parceiros."
O caso levou a Alemanha a iniciar uma investigação sobre o caso, mas o ministro da Defesa já adiantou que é improvável que existam consequências pessoais graves.
O que disse Moscovo?
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia exigiu uma explicação imediata do embaixador alemão em Moscovo, Alexander Graf Lambsdorff. O Kremlin considerou que a discussão "demonstra claramente o envolvimento do ‘Ocidente coletivo’, incluindo Berlim, no conflito em torno da Ucrânia".
Ao mesmo tempo foram também pedidos esclarecimentos à ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock.
Como foi a chamada intercetada?
Um dos intervenientes da chamada terá entrado por engano através de uma "linha não segura", a partir de Singapura. A Rússia terá intercetado a discussão por mero acaso, através da vigilância generalizada – que inclui a vigia total ou substancial da população, informou na passada terça-feira o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, ao apresentar os resultados iniciais de uma investigação.
Reino Unido criticou Alemanha
A fuga de informação levou o antigo secretário de Defesa britânico a deixar críticas à Alemanha - e este último país a acusá-lo de "cair na armadilha russa".
Ao jornal The Times, Ben Wallace considerou que o incidente só demonstrou que a Alemanha "está bastante afetada pelos serviços de inteligência russa, o que prova que não é segura nem confiável". Rishi Sunak, o primeiro-ministro britânico, defendeu que fosse levada avante uma investigação sobre o caso.
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