Tratamento inovador impede que os bebés desenvolvam a doença mitocondrial, que se transmite de mães para filhos.
Oito bebés - quatro meninos e quatro meninas - nasceram no Reino Unido protegidos de doenças hereditárias graves, graças a uma nova técnica de fertilizaçãoin vitro (FIV) que ao utilizar o ADN de três pessoas conseguiu reduzir o risco de transmissão de doenças genéticas.
Dongxu Fang / Costfoto/Future Publishing via Getty Images
A descoberta foi feita pelos investigadores da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, e publicada na revista científica The New England Journal of Medicine.
O que é a doença mitocondrial?
As mitocôndrias são estruturas minúsculas no interior das células que lhes fornecem energia e são responsáveis pelo processo de respiração celular.
A doença mitocondrial, que estima-se que afete cerca de 5 mil crianças por ano, transmite-se de mãe para filho. Alguns bebés acabam por morrer dias após o nascimento, devido a esta condição. No entanto, aqueles que sobrevivem enfrentam problemas de saúde.
Uma disfunção mitocondrial pode deixar o corpo com pouca energia para conseguir manter o coração a bater. Além disso, pode provocar danos cerebrais, convulsões, cegueira, fraqueza nos músculos e falência de órgãos.
No que consiste o tratamento?
Conhecido como dádiva mitocondrial, o método combina os óvulos e o sémen dos pais com os óvulos de uma outra mulher.
O tratamento consiste num transplante do genoma nuclear (que contém os genes para as características individuais, como cor de cabelo e altura) de um óvulo portador de ADN mitocondrial (mãe) para um óvulo doado por uma mulher que não seja afetada por esta condição. Com este tratamento, os bebés herdam grande parte do ADN dos pais. Apenas 0,1% provêm da segunda mulher.
Apesar de só agora estar a atrair a atenção mediática, esta técnica é legal no Reino Unido há já uma década. Contudo, só agora é que os cientistas obtiveram provas que graças a este método os bebés podem nascer livres da doença mitocondrial incurável.
Quais os riscos associados a este tratamento?
Alguns críticos têm levantado questões relativamente aos riscos associados a este tratamento e têm-se mostrado preocupados com a possibilidade deste método poder abrir a porta à utilização de tecnologias genéticas para manipular os genes de outras formas - podendo um dia assistir-se à criação de um "bebé por medida". Além disso, este tipo de alterações genéticas podem ser transmitidas ao longo de gerações - o que significa que qualquer erro no tratamento pode ter efeitos negativos.
"É perigoso", começou por dizer o professor de biologia celular e anatomia da Faculdade de Medicina de Nova Iorque, Stuart Newman, à rádio pública americana NPR. "Isto é biológica e culturalmente perigoso porque é o início de uma manipulação biológica que não se limita à prevenção de certas doenças, mas que se transformará num verdadeiro programa em que os genes serão manipulados para criar bebés por medida".
Quais os países que já recorreram a esta técnica?
Os atuais regulamentos dos Estados Unidos impediram a realização deste procedimento no país. No entanto, um médico de Nova Iorque já havia informado em 2016 ter aplicado esta técnica num bebé, para uma família jordana que estava a viver no México.
Apesar deste tratamento ser pioneiro no Reino Unido (2015), a Austrália também já o legalizou. Além disso, já vários médicos da Grécia e Ucrânia recorreram a esta técnica, com a finalidade de ajudar mulheres inférteis a terem bebés, refere a NPR.
O que já disseram os pais destes bebés?
Até ao momento, nenhuma das famílias que participou neste processo se pronunciou publicamente sobre o mesmo. Não obstante, há já quem tenha expressado a sua opinião de forma anónima.
"Depois de vários anos de incertezas, este tratamento deu-nos esperança, e depois deu-nos o nosso bebé", disse a mãe de uma menina. "Olhamos para eles agora, cheios de vida e de possibilidades, e estamos cheios de gratidão."
Já uma outra mãe de um menino acrescentou: "Obrigada por este avanço incrível e pelo apoio que recebemos. A nossa pequena família está completa. [Acabou] o fardo emocional da doença mitocondrial. No seu lugar, há esperança, alegria e uma profunda gratidão."
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