Busca por ajuda no combate à dependência disparou no País. Especialistas falam na criação de um "universo paralelo" que "simula a vida, mas não é tão rico".
Quase cinco anos decorridos desde o espoletar da pandemia, continuam a ser descobertos os efeitos a longo prazo do confinamento na sociedade portuguesa - em particular, no desenvolvimento da dependência de videojogos entre os jovens.
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É o que sugerem os dados do ICAD, o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências, que revelam que, entre 2020 e 2024, o número de casos de jovens em tratamento e prevenção de uso abusivo e problemático de videojogos aumentou 172% - de 74, no primeiro ano da pandemia, para 201, quatro anos depois.
O número total de acompanhados para dependência de videojogos, por sua vez, mais do que triplicou - de 99, em 2020, para 344, em 2024 - mas, e ainda que possam indicar um aumento vertiginoso neste tipo de adição, os números podem também refletir "o aumento de consciência de estarmos perante um problema", disse ao jornal Público a psicóloga clínica do ICAD, Andreia Ribeiro.
Os motivos deste agravamento "não são uma novidade", diz à SÁBADO Jorge Gravanita, psicólogo e psicanalista do Centro Português de Psicanálise. "Como tudo o que nos provoca dependência, os videojogos estimulam determinadas sensações de alívio e prazer que têm um efeito no nosso estado emocional", diz o especialista, e "essas emoções podem deixar traços que não são completamente inteligíveis", e que se "podem tornar em vício".
O psicanalista afirma que os videojogos "criam um mundo no qual as regras limitam a experiência da criança" - restringem-na a "algo que simula a vida mas não é tão rico quanto a vida" e que, embora permita "sensações de libertação e escape", acaba por ser nocivo para os utilizadores: "Quando estamos a estudar música, praticar poesia, desporto, desenvolvemos competências e estruturas que permanecem e que usamos noutras coisas; nos videojogos, em vez de estarmos a ganhar competências, estamos a perdê-las".
Para estes pacientes, diz Jorge Gravanita, é fundamental "sair dessa dimensão paralela" e encontrar "uma interlocução para trabalhar noutros universos conceptuais", já que o indivíduo "muitas vezes perde a capacidade de comunicar com pessoas fora do jogo". "É como se a criança estivesse numa bolha, que quem está fora tem dificuldade em compreender o que está na bolha", acrescenta o especialista. "Isso é recuperável desde que se perceba cedo."
A engenharia do vício
Para João Balrôa, também psicanalista e psicólogo clínico, a dependência de videojogos é semelhante aos restantes comportamentos aditivos pelo seu "caráter compulsivo", mas com consequências particularmente nefastas num domínio: "A esmagadora maioria das pessoas que fica muito dependente tem poucas competências sociais, e a dependência leva a que a pessoa deixe lentamente de fazer todas as outras atividades".
Para este caso, acredita o psicólogo, importa considerar a "pressão social dos adolescentes", bem como a "importância dos chamados influencers e YouTubers", que podem "acabar por ser uma influência negativa ao legitimar comportamentos desadequados", como passar horas em frente ao ecrã. Lembra ainda que, por vezes, o fator da dependência está inscrito na própria "engenharia dos videojogos, que empregam estratégias para viciar os jogadores".
Acredita ainda que estas estratégias tornam o jogo num "refúgio em que a pessoa fica focada e obcecada, evitando confrontar-se com outros aspetos que a perturbam", vincando que "convém entender que o padrão de dependência pode encobrir um problema mais grave e que está na sua origem, como a depressão."
Diz, por isso, que a consequência mais grave desta adição é a possibilidade de "o problema subjacente não estar a ser tratado, e agravar-se", mencionando ainda "o colapso psicológico" ou a "diminuição do rendimento profissional e escolar". Já os sinais, explica os especialista, são claros: perturbação do padrão de sono, com horas diminutas, a irritabilidade e outras perturbações do comportamento, o isolamento social ou o descuido com a imagem".
João Balrôa vinca, por isso, que "é importante, em primeiro lugar, identificar o problema, estar atento aos indícios e levar o jovem a um especialista da área da saúde mental" e, a partir daí, "entender as estruturas psicológicas, percurso de vida e problemas familiares que encaminharam esta pessoa para um percurso de dependência."
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