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Portugal suspende vacina da AstraZeneca

Leonor Riso , Lusa 15 de março de 2021 às 20:06
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Decisão foi anunciada durante uma conferência de imprensa no Infarmed.

Portugal decidiu suspender a administração da vacina da AstraZeneca, no mesmo dia em que Espanha, Itália, França e Alemanha tomaram a mesma decisão. 

Vacina AstraZeneca
Vacina AstraZeneca Reuters

O anúncio foi feito por Rui Ivo, presidente do Infarmed. A Direção-Geral de Saúde (DGS) e o Infarmed decidiram "a interrupção temporária do processo de vacinação com a AstraZeneca" invocando o "princípio da precaução em Saúde Pública". 

Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, frisou que as reações registadas são "extremamente graves mas extremamente raras". "Estão notificados alguns casos entre 17 milhões de doses da vacina", indicou Graça Freitas.

"As reações preocupam, mas são extremamente raras. Como aqui foi dito, apesar de não estar identificado um nexo de causalidade, pelo princípio da precaução, foi decidido fazer uma pausa com a AstraZeneca. A minha palavra principal vai para as pessoas que já se vacinaram com a vacina da AstraZeneca. Se foi vacinado, mantenha-se tranquilo. Como disse, as reações são extremamente raras e no nosso País, não foram reportados fenómenos semelhantes aos encontrados noutros países. No entanto, gostava que se mantivesse atento e se sentir mau-estar persistente durante alguns dias, sobretudo se acompanhado de nódoas negras ou hemorragias cutâneas, consulte um médico", aconselhou a diretora-geral da Saúde. 

O almirante Gouveia e Melo informou que "os planos de vacinação que já estavam em execução", nomeadamente de vacinar os professores e educadores de infância, "foram postos em pausa". "Os planos são adiados para um momento em que as dúvidas deixem de existir. Até lá, o plano prossegue com outras vacinas. A primeira fase de vacinação deverá estar terminada em abril."

Espanha decidiu suspender, pelo menos durante 15 dias, a administração da vacina da AstraZeneca, seguindo decisões idênticas tomadas por vários países europeus, incluindo hoje a Alemanha, a França e a Itália.

A Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca, além de outros países incluindo fora da Europa, já interromperam por "precaução" o uso da vacina da AstraZeneca, após relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses do fármaco da AstraZeneca.

Por seu lado, a empresa já disse que não há motivo para preocupação com a sua vacina e que houve menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.

Em Portugal, a Direção-Geral de Saúde e o Infarmed afirmaram no domingo que a vacina da AstraZeneca podia continuar a ser administrada e frisaram que não há evidência de ligação com os casos tromboembólicos registados noutros países.

Os ministros da Saúde da União Europeia (UE) vão reunir-se na terça-feira em videoconferência organizada pela presidência portuguesa do Conselho, numa altura de novas polémicas com a farmacêutica AstraZeneca por atrasos e problemas nas vacinas contra a covid-19.

À semelhança de outros encontros regulares, a pandemia será o assunto dominante nesta reunião virtual, na qual se discutirá o "caminho a seguir" no combate à covid-19, perante a "preocupante propagação do vírus nos países da UE", segundo a agenda do encontro.

Em igual sentido, a Agência Europeia de Medicamentos e a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmaram que os dados disponíveis não sugerem que a vacina da AstraZeneca tenha causado os coágulos e que as pessoas podem continuar a ser imunizadas com esse fármaco.

Mesmo assim, a OMS, na vanguarda da luta internacional contra a pandemia, convocou para esta terça-feira o seu grupo de peritos em vacinação para estudar a segurança da vacina da AstraZeneca, anunciou esta agência da ONU (Nações Unidas).

A EMA também anunciou hoje que vai realizar uma "reunião extraordinária" na quinta-feira depois de vários países terem suspendido o uso da vacina AstraZeneca, acrescentando que os benefícios da vacina ainda compensam os riscos.

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