A SÁBADO falou com um imunologista que garante que ainda há poucas crianças a recorrerem à vacinação. Em casos graves, a gripe pode levar à pneumonia.
No ano passado, cerca de 70% dos casos de gripe atingiram crianças e jovens, segundo oJornal de Notícias, e 88% dos internamentos ocorreram em crianças saudáveis. Para o imunologista Manuel Santos Rosa trata-se de um cenário "preocupante", uma vez que as crianças "são um vetor de propagação importante": "É uma população que pode facilmente transportar o vírus a três gerações: a sua [em contexto de creches], à dos pais e à dos avós."
Especialistas alertam para propagação do vírus entre geraçõesAnnette Riedl/picture-alliance/dpa/AP Images
Em declarações à SÁBADO, Manuel Santos Rosa reforça que "as crianças têm [hoje] uma taxa de internamento significativa". Segundo ele, deve-se ao facto de ainda haver poucas a aderirem à vacinação. "Preocupamo-nos sempre com os idosos e no caso das crianças a pressa da vacinação é sempre menor. Embora nestes casos o fator de risco seja menor, comparando por exemplo com uma pessoa com problemas de saúde, o risco continua a existir e menospreza-se", lamenta.
De acordo com o imunologista, "uma pessoa saudável pode ter consequências graves, porque algumas variantes são gravosas". Em alguns casos, a gravidade da situação pode levar até à pneumonia - algo que na opinião de Manuel Santos Rosa "podia ser evitado".
Há, no entanto, outro fator que poderá justificar este número elevado de crianças com a doença: as mutuações do vírus. Ele muda de ano para ano e, por isso, os cientistas têm de "preparar previamente [uma vacina] para responder às mutuações virais". Acontece que, em alguns cenários, a "gripe é mais agressiva e a vacinação não é a mais assertiva". Quando este cenário se verifica, há um agravamento no número de casos que pode ter "uma expressão diferente consoante os vários grupos etários".
Ainda há poucas crianças a serem vacinadas
Este ano, as autoridades de saúde já fizeram um apelo à vacinação, recordando que é gratuita para todas as crianças até aos 23 meses. A vacina mostra-se até mais eficaz nas crianças, segundo Manuel Santos Rosa, mas apesar de todos os apelos, a vacinação em crianças ainda continua a ser bastante reduzida. "A população só se protege quando algo acontece ou vemos efeitos drásticos", lamenta.
O imunolgista garante que ainda existe pouca literacia em saúde e que esta devia começar nas escolas. O objetivo é a criança interessar-se pelo tema e levá-lo até às famílias. "Uma criança podia interessar-se pela informação e ter vontade de se vacinar e transportar essa vontade para a família", sugere.
Manuel Santos Rosa garante que muitas das pessoas não se vacinam porque são "saudáveis", mas garante que essa não é uma desculpa, até porque os dados do JN revelam que 88% das crianças internadas eram saudáveis. Além disso, deixa ainda a nota que, apesar de as vacinas não serem 100% eficazes, funcionam como um "modelo preventivo". "O que acontece é que se 70% da população for vacinada o vírus vai ter mais dificuldade em encontrar os restantes 30%", explica.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), até ao final da segunda semana de novembro deste ano já se haviam vacinado para a gripe 2.041.387 pessoas. No ano passado vacinaram-se menos: 2.001.014.
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