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Trabalhar 50 anos sem férias? São os escravos modernos

Catarina Guerreiro 12 de agosto de 2017 às 08:00

São histórias incríveis de quem vive o terror no trabalho, como o funcionário de um banco que foi isolado numa sala durante quatro meses

Quando o caso lhe chegou às mãos, para o levar a tribunal, ficou perplexa. A sua cliente, uma senhora então com 71 anos, vivia uma história impressionante: M. A. tinha trabalhado 50 anos como empregada doméstica em casa de um casal de Vila Nova de Famalicão, mas nunca tinha tido férias, nem folgas, nem feriados, nem descanso semanal. Uma ou outra vez saiu ao domingo, para visitar a família, mas sempre depois de fazer o almoço, regressando a tempo de fazer o jantar. "A situação era dramática. Trabalhava de sol a sol. E tinha uma relação de dependência em relação à patroa, uma senhora à moda antiga", conta Sílvia Gonçalves Gomes, 37 anos, a advogada que a defendeu em tribunal, depois de a patroa morrer, em 2010. Nessa altura foi incentivada pelos familiares a reclamar aos herdeiros o que tinha direito. Nos últimos 20 anos, M. A. apenas recebeu 150 euros por mês. Longe dos valores do ordenado mínimo verificados ao longo do tempo que trabalhou naquela casa e que, segundo a Pordata, se situavam em 318,20 euros, em 2000, e em 485 euros em 2011, ano do fim do contrato.

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