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Mark Dickey, espeleólogo que adoeceu a 1.120 metros de profundidade, foi salvo nove dias depois

Luana Augusto com Leonor Riso 12 de setembro de 2023 às 14:10
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Mark Dickey passou mais de uma semana dentro da caverna Morca, na Turquia. Estava a sofrer uma hemorragia gástrica e teve que receber uma transfusão durante o salvamento.

Mark Dickey, espeleólogo norte-americano que estava preso na terceira caverna mais profunda da Turquia há mais de uma semana, foi retirado em segurança. Na operação de salvamento, estiveram envolvidos cerca de 190 operacionais incluindo turcos, croatas, italianos, húngaros e polacos.

REUTERS/Umit Bektas

De acordo com a Federação Turca de Espeleologia, Mark Dickey foi retirado da caverna às 00h37 locais (22h37 de Lisboa). "Mark Dickey está fora da caverna Morca. Ele está bem e está a ser atendido por um médico de emergência no acampamento acima", disseram. "Assim, a operação de resgate em caverna terminou com sucesso. Damos os parabéns a todos os que contribuíram."

Depois de ter passado uma semana preso na gruta, o homem de 40 anos viu finalmente a luz  a 11 de setembro. Desde dia 2 que estava preso. "É incrível estar acima do solo novamente", disse Mark Dickey aos repórteres, na madrugada de terça-feira, enquanto estava deitado numa maca. Durante o resgate, foi submetido a uma transfusão de sangue. 

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O resgate aconteceu depois de o explorador ter desenvolvido uma hemorragia interna, acompanhada de um sangramento gastrointestinal, no dia 2 de setembro, enquanto co-liderava uma equipa para mapear uma passagem nova da caverna. Segundo a CBS, o mapeamento envolvia explorar túneis rochosos estreitos e explosivos.

Na altura em que sentiu sintomas, Mark Dickey estava a cerca de 1.120 metros de profundidade. Aos repórteres, o norte-americano confessou que por momentos acreditou que não iria conseguir sobreviver. "Eu comecei a vomitar sangue e ele estava a sair em mais quantidade. Foi aí que a minha consciência começou a ficar mais difícil de segurar. Cheguei a um ponto que eu disse: 'Não vou sobreviver.'"

Mais tarde, também os pais, Debbie e Andy Dickey, falaram com os jornalistas no local e disseram que "a comunidade internacional de espeleologia (…) permitiu que Mark deixasse a caverna de Morca e recebesse tratamento médico adicional num hospital".

O resgate do filho foi um "alívio indescritivel" e um momento que os encheu de "alegria". "As nossas orações foram e estão a ser respondidas. É difícil expressar a magnitude do agradecimento que temos à comunidade espeleológica internacional".

Ainda que acreditassem na salvação de Mark, reconheceram que iria ser necessário apoio médico imediato. "Mark é forte e acreditamos na sua força, mas sabíamos perfeitamente que ele precisava urgentemente de um apoio tremendo e imediato", disseram.

REUTERS/Agnes Berentes

Na noite de quinta-feira, enquanto ainda se encontrava dentro da gruta, Mark Dickey enviou uma mensagem de vídeo onde agradeceu a todas as pessoas que o ajudaram, mas os agradecimentos especiais foram para o governo turco. "Eu sei que a resposta rápida do governo turco, para obter os meios médicos de que preciso, salvou a minha vida", contou. "Eu estava muito perto do limite."

Em resposta, as equipas de resgate disseram que esta foi uma experiência "muito honrosa". "Trabalhar na operação de resgate de outro espeleólogo foi muito honroso. Estou a vivenciar essa felicidade", disse Ibrahim Olcu, um espeleólogo de Istambul.

Já Zsofia Zador, uma anestesista húngara, garantiu que este foi o seu primeiro "grande resgate como médica" e acrescentou que foi uma operação bastante dificil. "Esta é uma caverna bastante difícil porque existem algumas passagens pequenas e estreitas, e os poços são bastante lamacentos, por isso não é a caverna mais fácil de se atravessar."

Mark Dickey co-liderava a expedição à caverna Morca desde o final de agosto, segundo o Serviço Húngaro de Resgate em Cavernas. Localizada na Turquia, a sua profundidade pode chegar até aos 1,3 quilómetros.

Mesmo com o problema que teve, o homem natural de Nova Jersey, EUA, é um espeleólogo com mais de 20 anos de experiência. Nos Estados Unidos ocupa o cargo de instrutor da Comissão Nacional de Resgate em Cavernas e dá aulas sobre resgates há 10 anos. Além disso, é também Coordenador do Programa de Intercâmbio Internacional.

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