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Ex-presidente francês lançou um livro onde conta como foram os seus dias atrás das grades. Revelou que recusava fazer a caminhada de uma hora pelo pátio, que mais parecia uma "jaula", e que fazer passadeira na sala de desporto era o seu "oásis".
Na prisão o nome de Nicolás Sarkozy converteu-se a "320535" e o seu quarto passou a ter apenas 12 metros quadrados, embora fosse equipado com uma cama, uma secretária, um frigorífico, um chuveiro e uma televisão. "Era limpo e bem iluminado", escreve o ex-presidente francês no seu mais recente livro Diário de um Prisioneiro, que foi lançado às pressas em menos de três semanas. "Quase que se poderia pensar que estava num hotel de quinta categoria – não fosse a porta reforçada com um buraco para os guardas prisionais espiarem."
Sarkozy relata dias na prisão em "Le journal d'un prisonnier"Foto AP/Michel Euler
Sarkozy, de 70 anos, foi libertado da prisão de La Santé, em Paris, no mês passado, depois de ter cumprido 20 dias de uma pena de cinco anos por participação num esquema de financiamento de campanha eleitoral. Agora, em Diário de um Prisioneiro, com 216 páginas, oferece todos os detalhes sobre como é viver numa prisão francesa.
Sarzoky passava 23 das 24 horas na sua cela e estava proibido de contactar outras pessoas que não fossem guardas prisionais. Tendo apenas direito a uma hora diária de caminhada no pátio, que mais parecia "uma jaula do que um local de passeio", revelou que decidiu não aproveitar essa opção. Ao invés disso, fazia todos os dias exercício físico numa passadeira que havia numa sala de desporto. "Tornou-se, na minha situação, um verdadeiro oásis."
No mesmo livro, Sarkozy conta como na sua primeira noite foi mantido acordado por um outro preso, que cantava a música de O Rei Leão e como ele ficou "comovido com a gentileza, delicadeza e respeito dos guardas da prisão". "Cada um deles dirigiu-se a mim pelo título de presidente", recorda.
Sarkozy chegou até a cobrir as paredes da sua cela com cartões-postais que todas as pessoas lhe enviaram a prestar apoio. "Comovente e sincero. Testemunhou um profundo laço pessoal, mesmo que eu já tivesse deixado o cargo há tanto tempo", escreveu.
Sarkozy foi preso depois de um tribunal o ter considerado culpado de associação criminosa, por ter permitido que subordinados tentassem arrecadar dinheiro para as eleições, que se realizaram há 20 anos. Em outubro, no final do julgamento, o juiz podia ter permitido que Sarkozy permanecesse em liberdade enquanto aguardava recurso, mas ao invés disso decidiu que o antigo presidente devia ser preso. Três semanas depois de ter sido detido foi libertado, após um apelo dos seus advogados.
O ex-presidente francês negou sempre quaisquer acusações e dizia até ter sido vítima de uma conspiração com motivações políticas. No livro, estas garantias vêm reforçadas. Sarkozy compara-se até a Alfred Dreyfus - que foi enviado para a Ilha do Diabo sob uma falsa acusação de espionagem.
"Para qualquer observador imparcial que conheça a história dele, as semelhanças são impressionantes. O caso Dreyfus teve origem em documentos falsos. O meu também. Dreyfus foi humilhado perante as tropas, quando lhe retiraram as condecorações. Eu fui expulso da Legião de Honra perante toda a nação. E Dreyfus foi preso no Santé – um lugar que agora conheço bem."
Sarkozy, que era um apoiante próximo do atual presidente, Emmanuel Macron, diz agora ter "virado a página". "Emmanuel Macron já tem inimigos declarados e amigos desiludidos demais para que eu queira aumentar essa lista." Sarkozy queixa-se que Macron nunca teve a "coragem" de lhe ligar para explicar o porquê de ter sido dispensado da Legião. "Se ele tivesse telefonado, eu teria entendido os seus argumentos e aceitado a decisão. O facto de não o ter feito mostrou que as suas motivações eram, no mínimo, insinceras."
Em França foi, no entanto, a relação de Sarkozy com Marine Le Pen que mais atraiu a atenção dos críticos. "Apreciei as declarações públicas que ela fez após a minha condenação, que foram corajosas e totalmente inequívocas", escreveu. Sarkozy disse até ter telefonado a Le Pen para lhe agradecer e afirmou que tiveram uma conversa amigável. "Muitos eleitores [do partido Rassemblement National] hoje apoiam-me. Insultar os líderes do RN é insultar os seus eleitores, ou seja, pessoas que são potencialmente os nossos eleitores. Tenho muitas divergências com os líderes da RN, mas excluí-los do Partido Republicano seria um erro."
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