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A SÁBADO foi conhecer duas famílias de acolhimento para a Jornada Mundial da Juventude: uma de longa duração onde vivem duas voluntárias estrangeiras desde setembro, e outra que se está a preparar para receber peregrinos durante a próxima semana.
Té e Pedro Rocha e Melo têm quatro filhos mas três já saíram de casa: só Maria, de 21 anos, lá se mantém. Em setembro viram a família crescer novamente ao acolher Esmeralda Sousa e Maria Fernanda Camargo, duas voluntárias de longa duração originárias do Panamá que vieram para Lisboa preparar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Maria Camargo é arquiteta, tem 25 anos e decidiu largar o seu trabalho no Panamá para ser voluntária durante dez meses. Esmeralda tem também 25 anos e é jornalista: quando conhecemos os Rocha e Melo, não estava em casa devido à organização do evento.
Mari, como é tratada pela família, pertenceu ao Comité Organizacional Local em 2019 quando a Jornada Mundial da Juventude se realizou na Cidade do Panamá. Foi esse o seu primeiro contacto com o encontro mundial de jovens que até lá lhe era "indiferente", e conheceu vários voluntários de longa duração. A JMJ teve um grande impacto em si e "nasceu o desejo de servir na próxima jornada".
Quando faltava "cerca de um ano e meio para a JMJ de Lisboa", começou a pesquisar sobre como se poderia inscrever para ser voluntária de longa duração. Durante os "seis meses" em que decorreu o processo de candidatura, teve que enviar currículo, carta de motivação e passar por várias entrevistas.
"Tudo parecia perfeito para rumar a Lisboa" e o trabalho dava-lhe a "independência financeira necessária para comprar o voo e conseguir ir". Em agosto de 2022 despediu-se e em outubro, chegava a Portugal para trabalhar com a equipa gestora os locais onde vão ocorrer os eventos. Em casa de Té e Pedro Rocha e Melo, encontrou "as portas abertas" e "uma segunda família".
Té Rocha e Melo relata ter sabido da possibilidade de acolher Mari e Esmeralda através de um "convite". A família pertence ao Movimento Apostólico de Schoenstatt e, desde que foi anunciado que a JMJ se iria realizar em Lisboa, integrou "um grupo de casais organizado e preparado para ajudar". Quando recebeu um telefonema de uns amigos a perguntar se consideravam a possibilidade de ser família de acolhimento disse logo que sim; não estava era à espera que os voluntários chegassem logo em setembro.
Pedro Rocha e Melo partilha que inicialmente achava que os voluntários iriam chegar apenas numa altura mais próxima da semana em que se realiza a Jornada Mundial da Juventude (1 a 6 de agosto), mas que aceitaram o convite de acolher duas voluntárias porque "no início existia dificuldade em encontrar pessoas com disponibilidade". Pedro refere ainda que como três dos seus filhos já tinham ido a jornadas sabia da "riqueza da diversidade" que o encontro promove na perspetiva que "somos todos irmãos nesta grande fraternidade, tal como diz o Papa Francisco".
As famílias que recebem peregrinos: “Uma aventura” com “grande alegria”
À SÁBADO, o casal descreve os últimos meses como "uma grande alegria". Té Rocha e Melo partilha que as voluntárias têm sido "uma grande companhia" e elogia a "generosidade imensa por deixarem o seu país para estarem ao serviço de Portugal e deste encontro", pelo que "é um privilégio" acompanhar de perto o seu trabalho.
No momento da sua chegada, Mari admite que se encontrava um "pouco iludida" e pensava apenas na "parte boa" da experiência. Contudo, os primeiros meses revelaram-se bastante duros, por ter que se acostumar a uma língua diferente. Apesar de o espanhol ser próximo do português, admite que "não sabia nada, nem sequer dizer obrigada". Sofreu ainda com as muitas saudades da família, mas Té e Pedro sempre a trataram "com muito amor", ensinaram-na a "cozinhar comida portuguesa", a "pôr a mesa" e deram-lhe "uma nova família".
Pedro Rocha e Melo partilha que o casal sempre tratou as duas voluntárias "como se fossem filhas" e isso inclui a liberdade para fazerem "os seus planos" a par de serem "sempre convidadas para os planos da família". Por exemplo, no último fim de semana, estiveram todos juntos "numa casa de férias". Já Té garante que a independência e a autonomia foram peças-chave para o sucesso da relação.
Agora que está quase a concluir a sua jornada, Mari já a recorda com carinho: "Foram meses únicos, incríveis e não sei se em algum momento vou viver algo parecido. Trabalhei com pessoas de todos os continentes e pude aprender muito".
Quando as jornadas acabarem, as duas panamenses vão finalmente regressar a casa sabendo que agora têm uma família de cada lado do oceano. E durante os dias da Jornada, os Rocha e Melo terão não duas, mas sete pessoas a mais em casa: além das voluntárias, haverá mais cinco peregrinos.
Apesar de algumas famílias de acolhimento já viverem esta experiência há alguns meses, a maior parte delas aproveita os últimos dias antes da chegada dos peregrinos para preparar as suas casas. É o que se faz na casa de Bruno e Sofia Lousada de Jesus, no Algueirão, onde os cinco filhos do casal fazem cartazes de boas-vindas e recordações para os dez peregrinos que vão receber levarem para suas casas.
Pedro Ferreira/ Sábado
A paróquia de Algueirão Mem-Martins e Mercês, em Sintra, vai receber mais de cinco mil peregrinos, a maioria vindos de Itália, e conta com a ajuda de mais de 130 famílias para o fazer.
À SÁBADO, Bruno e Sofia Lousada de Jesus recordam que a sua história com as JMJ é já antiga. Enquanto membros de um grupo local de jovens marcaram presença em Colónia, em 2005, e em Madrid, em 2011. Nesta última já eram casados e levaram a sua filha mais velha, Maria, que na altura tinha apenas sete meses.
Quando souberam que a JMJ chegaria a Lisboa pensaram logo que seriam "chamados", só ainda não tinham a certeza para o quê. Quando a paróquia começou a pedir famílias de acolhimento decidiram inscrever-se. "Começámos a pensar em quantos queríamos acolher e tendo em conta a proximidade da nossa casa à estação, à igreja e até a proximidade do Algueirão a Lisboa achámos que este número era o indicado. Apesar de termos apenas três casas de banho, duas com duche, o rácio continua a ser maior do que se fossem para uma escola e aqui têm mais conforto".
Os quatro filhos mais velhos, que dormem divididos em dois quartos, vão dormir num quarto de arrumos durante essa semana para disponibilizar as suas camas aos peregrinos. Quatro pessoas ficam no quarto, e as restantes seis vão ficar no sótão.
Sofia, gestora de recursos humanos na Universidade Católica, acredita que "acolher uma jornada", especialmente em sua casa, será uma "experiência completamente diferente" de ser acolhida como peregrina. Nem Sofia nem Bruno ficaram com uma família de acolhimento quando foram à Jornada mas em Madrid, uma voluntária "abriu as portas de sua casa" para tudo o que precisassem, fosse "dar banho à Maria, dar de mamar ou encher garrafas de água, algo que foi muito complicado em Madrid".
Apesar de não terem dormido na casa desta voluntária, Sofia sentiu "um acolhimento muito grande" e espera agora ser capaz de retribuir e "viver uma função diferente, através do serviço".
Além de família de acolhimento, Sofia e Bruno vão assumir também o papel de voluntários paroquiais, ou seja, cada um vai estar inserido numa equipa e trabalhar numa das escolas da freguesia onde estarão peregrinos a dormir. Servir pequenos-almoços e fazer limpezas estão entre as possíveis tarefas. A conciliação destes dois papéis fundamentais para a realização deste encontro pode ser desafiante: e a isso, junta-se cuidar dos cinco filhos e o facto de Bruno, que é funcionário do Novo Banco, não ter conseguido tirar férias.
Sofia vai ser voluntária no turno da manhã, que se inicia por volta das sete horas. O objetivo da família é levar Maria, 12 anos, Francisco, 9, Inês, 6, e João, 4, para este turno para que as crianças possam também viver a JMJ e deixar apenas Clara, de seis meses, com a avó em casa. Durante a tarde, vão marcar presença nos eventos centrais em Lisboa, a que Bruno se vai juntar assim que sair do trabalho. Quando regressarem é a vez de Bruno ir para o seu turno de voluntariado enquanto Sofia vai com os filhos para casa onde se vai encontrar com os peregrinos e voluntárias.
O casal espera que cada um dos filhos possa vivenciar a Jornada Mundial da Juventude consoante a sua idade. Bruno acredita que Maria quem mais vai sentir mais o impacto "porque vai ficar com muito mais memórias do por exemplo o João", de quatro anos. Sobre a bebé Clara, Sofia recorda Madrid, em que levou a então pequena Maria de sete meses. Foi "um desafio imenso" para o casal que também liderava o seu grupo, "mas muita gente também recorda aquela jornada pela presença de uma criança tão pequena", ou seja, "a presença de Maria tornou-se uma vivência para todos".
Bruno refere que a gestão de tudo vai ser "desafiante" e que a família está pronta para "uma semana de muito sono e pouco descanso" mas acreditam que "Deus providenciará" e que"tudo se vai alinhar e correr bem".
No dia 5 de agosto, momento em que ocorre a vigília com o Papa, a família Lousada de Jesus vai toda para o Campo da Graça (Parque Tejo) pernoitar junto a todos os outros voluntários e peregrinos antes da Missa de Envio. Por já terem levado Maria a Madrid, consideram que o mais difícil não será a logística com Clara mas sim com João, porque "pede para ir à casa de banho com muita frequência". Contudo, é também uma criança que "gosta imenso de dormir" acreditando os pais até na possibilidade de não acabar de ouvir o Papa.
A próxima semana será para Sofia "uma aventura" e ainda está a pensar na preparação da família para a vigília: "Vão ser muitas horas, temos de levar comida para todos."
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