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Fenómeno viral ChatGPT traz a debate impacto no ensino e 'inspira' rivais dos EUA e China

ChatGPT é até ao momento gratuito, até provavelmente a empresa encontrar o modelo de negócio e começar a cobrar.

O ChatGPT, sistema de inteligência artificial (IA), trouxe à ribalta o debate sobre o seu impacto no mundo académico, até já foi aprovado em exames, e 'inspira' concorrência a lançar soluções semelhantes, dos EUA à China.

REUTERS/Florence Lo/Illustration

O ChatGPT -- sigla de 'Generative Pre-Trained Transformer' -- é até ao momento gratuito, até provavelmente a empresa encontrar o modelo de negócio e começar a cobrar, tornou-se popular pela sua linguagem natural, que se confunde com a dos humanos, proporcionando um diálogo 'online', com partilha de conhecimento.

Em pouco mais de dois meses -- foi lançado no final de novembro -- o 'chatbot' [que é assente em algoritmos] tem estado na ordem dia, não só sobre as questões éticas que a utilização da IA traz, mas pelo facto de comunicar como se de um humano se tratasse e o impacto que isso tem, e de o mundo académico estar a discutir se o ChatGPT, criado pela OpenAI, pode ser, ou não, coautor de 'papers' académicos.

Além disso, o 'chatbot' que antecipa o futuro da inteligência artificial também está a desafiar profissões como as de professores, médicos e até jornalistas, só para mencionar algumas.

Trata-se de um fenómeno viral que amplificou o interesse do público em geral sobre as potencialidades oferecidas pela inteligência artificial, já que o 'chatbot' é capaz de responder a dúvidas, ter conversas em várias línguas sobre um espectro alargado de assuntos com a mesma naturalidade que um humano, responde praticamente a todas as questões e também consegue gerar conteúdos quase ao mesmo tempo, o que para os especialistas evidencia a sua capacidade de transformar várias vertentes da sociedade.

A sua aplicação no setor da educação é um tema em discussão, já que o 'bot' revelou-se apto a escrever trabalhos escolares que se confundem como elaborados por alunos e por ter sido aprovado em exames académicos.

Aliás, a OpenAI acaba de lançar uma ferramenta que identifica se o texto foi escrito por um humano ou gerado pela uma ferramenta de inteligência artificial, mas a discussão permanece.

Do ponto de vista empresarial, o ChatGPT não deixou ninguém indiferente e acelerou o desenvolvimento de soluções semelhantes dos gigantes tecnológicos.

A Lusa 'falou' com o ChatGPT para lhe perguntar quem é e a resposta veio em português: "Fui criado pela OpenAI em 2019 com o objetivo de fornecer respostas precisas e relevantes para perguntas feitas em linguagem natural, através de processamento de língua natural (NLP, na sigla em inglês)".

O 'chatbot' afirma-se "treinado numa ampla gama de tópicos, incluindo história, ciência, entretenimento e muito mais, para ser capaz de responder a uma variedade de perguntas com a maior precisão possível" e o seu conhecimento vai até 2021.

Desde que ficou disponível ao público no final do ano passado, de forma gratuita, a plataforma tem sido amplamente utilizada, o que por vezes impossibilita o acesso à mesma, como constatou a Lusa na última semana.

"Posso usar meus conhecimentos básicos de linguagem e a minha capacidade de raciocínio para responder a perguntas sobre tópicos mais recentes, embora a precisão dessas respostas possa não ser tão elevada", adverte o 'chatbot', quando questionado sobre a sua 'memória'.

"É importante notar que, como modelo baseado" em 'deep learning' [técnica que ensina os computadores a fazer o que é natural para os humanos: aprender pelo exemplo] "sou apenas capaz de responder com base nas informações presentes nos dados que me foram apresentados durante o meu treino", acrescenta o algoritmo.

No início deste mês, foi noticiado que o motor de busca Bing, da Microsoft, irá incorporar nas próximas semanas a nova versão do ChatGPT, esta ferramenta de IA que poderá também estar a preparar o lançamento de uma aplicação móvel.

Em janeiro, a Microsoft tinha anunciado um investimento de "milhares de milhões" de dólares na OpenAI e agora prevê usar a tecnologia do ChatGPT para desafiar o domínio da Google enquanto motor de busca na Internet.

O presidente executivo (CEO) da Microsoft, Satya Nadella, já foi claro na intenção da tecnológica de apostar na IA e, em janeiro, confirmou um novo investimento na OpenAI, que muitos apontam em perto de 10 mil milhões de dólares, mas o montante não foi confirmado.

Há quatro anos, em 2019, a Microsoft já tinha investido cerca de 1.000 milhões de dólares na criadora do ChatGPT.

A OpenAI é um laboratório norte-americano de investigação na área da inteligência artificial, fundado em São Francisco, em 2015, por Sam Altman, Reid Hoffman, Jessica Livingston, Elon Musk, entre outros. Musk saiu da administração da tecnológica em 2018.

Especialistas apontam o facto de a ChatGPT trazer uma nova sofisticação ao mundo da IA, acelerando a corrida ao domínio da inteligência artificial e as novidades estão aí.

A Google lançou em 6 de fevereiro um novo 'chatbot' chamado Bard, muito semelhante ao ChatGPT. No comunicado do anúncio, o líder da Google e da Alphabet, Sundar Pichai, detalhou que o Bard foi bastante treinado com pessoas de confiança e que a plataforma será aberta ao grande público "nas próximas semanas".

Logo no dia seguinte, foi a vez da Baidu, que é apelidada de 'Google chinesa', anunciar que está na fase final de prova a sua aplicação de inteligência artificial similar à da OpenAI, com o nome de 'Ernie bot', que prevê lançar já em março.

No meio deste furor, mais duas empresas chinesas anunciaram sistemas semelhantes: a tecnológica de cibersegurança 360 vai lançar a sua própria 'app' de IA, em versão 'demo', logo que possível, e a gigante de comércio eletrónico Alibaba também está a preparar algo similar e que já está disponível para os colaboradores da empresa.

Os dados estão lançados e soluções como o ChatGPT elevam os desafios para um patamar nunca visto até agora.

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