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Vida Justa: "Numa democracia a maioria não pode permanecer invisível"

Margarida Davim
Margarida Davim 10 de julho de 2023 às 17:12
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Movimento Vida Justa anuncia manifestação para 21 de outubro contra "o aumento dos preços, os baixos salários, a subida estratosférica dos custos de habitação, a penúria generalizada no setor dos transportes públicos e a crescente repressão policial dos mais jovens e criminalização da pobreza".

Omovimento Vida Justavai voltar às ruas. A organização que quer dar voz a quem vive nos bairros mais periféricos anunciou uma nova manifestação para o dia 21 de outubro. O objetivo é denunciar a degradação das condições de vida nos bairros populares e dar voz ao descontentamento gerado pela inflação e pelos baixos salários, mas também pela ação repressiva da polícia nas periferias.

Sérgio Lemos

"É preciso mostrar a força da população dos bairros", declara o movimento num comunicado que explica que a manifestação servirá para "fazer que os governantes entendam que o governo tem de servir os interesses do povo e não dos banqueiros e especuladores" e dar visibilidade aos que têm sido sistematicamente excluídos.

"É preciso, de uma vez, por todas afirmar que os trabalhadores, as pessoas que vivem nos bairros populares e a população mal paga, a quem os meses são compridos para o salário que ganham, são a maioria deste país. Numa democracia a maioria não pode permanecer invisível", lê-se na nota da organização, que junta militantes do PCP, do BE, líderes comunitários e ativistas que trabalham nos bairros periféricos.

O momento Vida Justa organizou a sua primeira manifestação no dia 25 de fevereiro, levando para as ruas um protesto que pretendia dar palco mediático aos problemas sentidos pelas populações dos bairros mais periféricos. Segundo a organização, nessa altura foram cerca de 10 mil os manifestantes a fazer o percurso entre o Marquês de Pombal e a Assembleia da República, em Lisboa.

Movimento critica violência policial em França

O movimento Vida justa critica "o aumento dos preços, os baixos salários, a subida estratosférica dos custos de habitação, a penúria generalizada no setor dos transportes públicos e a crescente repressão policial dos mais jovens e criminalização da pobreza". E condena a "repressão policial" que em França fez mais uma vítima com a morte do jovem Nahel e que continua na forma como estão a ser encarados os protestos desencadeados por essa morte.

"Milhares de pessoas foram presas durante os protestos contra a violência policial", vinca o Vida Justa, notando que "quando as pessoas dos bairros protestam as autoridades não respeitam a democracia e a liberdade e chegam a suspender o direito de manifestação".

O movimento solidariza-se com as populações dos bairros franceses e critica a cobertura mediática que está a ser dada aos protestos. "Grande parte da comunicação social fala só dos tumultos, mas ignora completamente a violência e repressão policial a que são sujeitas todos os trabalhadores mais explorados da nossa sociedade", ataca a organização do Vida Justa. "Sem justiça não há paz. Sem luta não há justiça", dizem. 

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