AD e PS têm estado taco a taco, mas nas últimas semanas os sociais-democratas estão a ganhar vantagem. Que efeito psicológico têm estes indicadores nos resultados finais da eleição?
"As sondagens valem o que valem." É já uma frase feita da política portuguesa. Os partidos que ficam para trás nos estudos sobre as intenções de voto usam-na para desvalorizar os barómetros; e os que seguem na dianteira servem-se desta para garantir que os seus eleitores não dão a vitória como adquirida e colocam a cruz no boletim de voto no dia da eleição. Mas, afinal, que impacto real têm as sondagens e podemos confiar nelas?
Alexandre Azevedo/Medialivre
"Regra geral, sim, no sentido de não serem propositadamente manipuladas. Confiar no sentido de que são uma previsão do resultado eleitoral é bem mais difícil", sintetiza Luís Aguiar-Conraria, economista, professor universitário no Minho e especialista em sondagens.
Sendo certo que "nenhuma amostra é 100% exata", continua o professor de ciência política da Universidade Lusófona José Filipe Pinto, "uma amostra de mil respostas desde que válidas já dá um grau de fiabilidade grande".
É verdade que nenhum barómetro previu a vitória de Carlos Moedas nas últimas Autárquicas em Lisboa ou a maioria absoluta de António Costa nas Legislativas de 2022, e os especialistas apontam como justificação a desvalorização dos indecisos, mas, na maior parte dos casos, estes estudos aproximam-se da realidade; que neste momento coloca a AD à frente para as legislativas de 18 de maio, sendo que a distância para o PS ainda está dentro da margem de erro, em quase todas.
Estão os eleitores e os partidos a olhar para estes números? Luís Aguiar-Conraria afirma que há uma interferência entre estes valores e o resultado final, "mas não é nada fácil saber de que forma" esta se concretiza. Por sua vez, José Filipe Pinto acredita que "estes indicadores servem para mudar e afinar estratégias dos partidos políticos".
Segundo o politólogo, uma sondagem muito negativa (tal como uma prestação infeliz num debate televisivo) não tem o poder, em princípio, de mudar uma estratégia inteira de campanha, mas pode "levar a alterações". "No primeiro debate, Luís Montenegro [contra Paulo Raimundo] teve uma prestação apenas suficiente, agora vai estudar o que pode mudar e vai afinar a estratégia para não perder o eleitorado flutuante", exemplifica. O mesmo acontecerá com as sondagens. Acresce que todos os partidos encomendam sondagens internas, em que investem mais do as públicas, que têm amostras superiores e estas são um dos guias orientadores das estratégias partidárias.
Sobre os desafios das sondagens, Luís Aguiar-Conraria identifica que "há cada vez mais pessoas que não respondem aos inquéritos e não há forma de garantir que quem não responde tem um comportamento eleitoral semelhante ao de quem responde. E assim as extrapolações são cada vez mais complicadas. É também muito difícil fazer uma amostra verdadeiramente aleatória (mesmo nas sondagens com estratificação, dentro de cada extrato a amostra devia ser aleatória)".
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