Pelas 7h20 da manhã desta segunda-feira a petição já contava com mais de 13.500 assinaturas.
A petição que contesta o nome da ponte ciclopedonal Cardeal Dom Manuel Clemente, entre Lisboa e Loures, já recolheu mais de 7.800 assinaturas e poderá ser debatida no plenário da Assembleia da República.
Lusa
A adesão crescente à petição "não surpreende", disse hoje à Lusa Tiago Rolino, um dos promotores da iniciativa que tem como objetivo levar a debate na Assembleia da República a decisão da câmara da capital de dar o nome do cardeal-patriarca Manuel Clemente à nova ponte ciclopedonal que liga os concelhos de Lisboa e Loures e que foi construída no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
A homenagem ao cardeal é contestada pelos promotores da petição pública, que consideram uma ofensa ao bom nome das vítimas de abusos sexuais pela Igreja Católica, que a comissão independente que estudou os abusos estimou serem cerca de 4.800.
Pelas 7h20 da manhã desta segunda-feira a petição já contava com mais de 13.500 assinaturas.
"Não estamos surpreendidos com o alcance, porque sabemos que é uma luta justa, que não é pessoal, não é contra ninguém, mas é de proteção do bom nome das vítimas. É uma luta justa de toda a gente", disse Tiago Rolino.
No dia em que o Jornal de Notícias revelou que 93% dos contratos da JMJ foram feitos por ajuste direto, o promotor da petição pública acusou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), de querer fazer "um ajuste direto de imagem e afirmação política" às custas de uma infraestrutura que liga dois concelhos e do nome das vítimas de abusos pela Igreja Católica.
"Não estamos surpreendidos com a adesão, porque a sociedade percebeu a importância destes movimentos. É uma causa de proteção dos mais elementares direitos humanos. Carlos Moedas quis fazer aqui um ajuste direto de imagem e afirmação política", afirmou.
Intitulada "Petição pela alteração do nome previsto para a ponte Lisboa/Loures no Parque Tejo", a petição foi lançada no sábado através da rede social X (antigo Twitter) por Telma Tavares, autora dos cartazes em memória das vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica que foram colocados em Lisboa, Loures e Algés durante a JMJ, que decorreu no início do mês.
Na petição é invocada "a suposta laicidade do Estado" e questionado se a atribuição do nome de Manuel Clemente à ponte "pode ser vista até como uma ofensa e/ou desrespeito pelas mais de 4800 vítimas de abuso sexual por parte da igreja em Portugal".
"Sendo a ponte um dos equipamentos que foi pago com recurso a dinheiros públicos, que todos os portugueses irão pagar com assinalável esforço, o mínimo exigível será que se homenageie quem tenha factualmente marcado a diferença ou sido autor de feitos que mereçam destaque no nosso município", lê-se no texto.
Também a associação República e Laicidade já se manifestou contra a atribuição do nome de Manuel Clemente à ponte ciclopedonal entre Lisboa e Loures, criticando a atitude "complacente e conivente" do cardeal nos casos de abusos sexuais pela Igreja Católica.
Numa carta dirigida aos vereadores das câmaras municipais de Lisboa e de Loures, hoje divulgada, aquela associação cívica elenca três razões para discordar da decisão, anunciada na sexta-feira pelo executivo de Carlos Moedas, de batizar a nova ponte ciclopedonal entre os dois concelhos de "Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente".
Para a associação, o cardeal Manuel Clemente "chocou a opinião pública com a sua atitude complacente e conivente perante o abuso sexual de menores por parte de eclesiásticos".
Além disso, acrescenta, a escolha do nome representa uma "clericalização simbólica" de um espaço que "foi prometido como não sendo definitivamente religioso", depois de ter sido um dos palcos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ); e homenageia uma personalidade ainda viva, "cujo legado não pode portanto ser avaliado de forma definitiva".
Na carta, assinada por Ricardo Gaio Alves e Rodrigo Brito, da direção da associação, é proposto aos vereadores das duas autarquias que se oponham à atribuição daquela designação.
Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou que a nova ponte ciclopedonal que liga os concelhos de Lisboa e Loures, sobre o rio Trancão, na zona oriental da cidade, vai chamar-se Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente.
"É uma justa homenagem da cidade a um homem que deu tanto a Lisboa ao longo da sua vida", afirmou Carlos Moedas, citado num comunicado da autarquia.
Numa mensagem enviada à Lusa, Manuel Clemente agradeceu "a generosidade" do município e disse incluir no seu nome "todos quantos trabalharam na Jornada Mundial da Juventude".
Segundo a câmara de Lisboa, o nome da ponte foi comunicado ao presidente da autarquia de Loures, Ricardo Leão (PS), que considerou tratar-se de "uma boa opção e um justo reconhecimento".
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