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Ex-ministro da Cultura reconhece que falou a Elísio Summavielle (que recusou) e a Francisca Carneiro Fernandes (que aceitou) no interesse em contratar Aida Tavares, apoiante do PS e de António Costa, para diretora artística sem concurso. Antes tinha negado à SÁBADO e nas televisões qualquer interferência
"Não fui eu que a escolhi, não participo na nomeação de dirigentes da função pública", disse Pedro Adão e Silva àSÁBADOem outubro paraeste artigo, questionado sobre se falou a Francisca Carneiro Fernandes (presidente do CCB na altura) no nome de Aida Tavares para diretora artística da instituição, tal como tinha feito meses antes com o antecessor, Elísio Summavielle. Como aSÁBADOcontou na altura, Summavielle foi abordado pelo ministro com a sugestão e recusou. A sua sucessora, Francisca Carneiro Fernandes aceitou e Aida Tavares foi assim nomeada. Nesta entrevista à SIC, Pedro Adão e Silva respondeu também afirmativamente "não" (ao minuto 02'55'') sobre a sua interferência no processo.Nesta entrevista à TVI(aos 05'58''), diz também: "Não participei dessa contratação [de Aida Tavares]".
Agora, encoberta num longo artigo do Público, está a mudança de versão e a confirmação do que está relatado no artigo da SÁBADO. Diz o jornal: "Adão e Silva assume ter sugerido que Aida Tavares tinha o perfil certo para assumir a programação de artes performativas do CCB. (…) Mas Elísio Summavielle mostrou "relutância", não só em relação ao nome da ex-directora do São Luiz, como à própria necessidade de tal função."
Summavielle saiu do cargo de presidente do CCB e para o seu lugar entrou Francisca Carneiro Fernandes, que voltou a ser abordada por Adão e Silva com a sugestão de Aida Tavares. Escreve o Público: "Adão e Silva voltou a referir que Aida Tavares seria uma boa solução para o cargo a criar. A programadora (…) "estava no mercado". Insistindo que não impôs nenhum nome, o ex-ministro argumenta que "acompanhar os organismos" tutelados pelo Ministério da Cultura, "sobretudo quando as coisas não correm bem, e obviamente sem pôr em causa a sua autonomia", faz parte das obrigações governativas."
Recorde-se que Francisca Carneiro Fernandes tinha assumido à SÁBADO que Aida Tavares fora de facto discutida nas primeiras reuniões que teve com o ministro, mas nunca respondeu se o nome fora ou não sugerido por Pedro Adão e Silva. A presidente do CCB na altura disse à SÁBADO que a contratação "foi uma decisão do Conselho de Administração, a quem, nos termos estatutários, compete contratar o pessoal; trata-se de matéria sem qualquer intervenção ou aprovação formal da tutela".
Adão e Silva manteve a versão: "Francisca Carneiro Fernandes já conhecia o trabalho da Aida Tavares. Não fui eu que a escolhi, não participo na nomeação de dirigentes da função pública."
Recorde-se que depois de demitir Francisca Carneiro Fernandes do CCB, a nova ministra da Cultura, Dalila Rodrigues acusou o antecessor de "assalto ao poder". "Acabaram os compadrios, 'lobbies' e cunhas que levaram à constituição da atual equipa do CCB. Demitida que está, exonerada que está, afastada que está a sua presidente, está, evidentemente, a abordagem a este assalto ao poder, assalto ao CCB, que é absolutamente inadmissível nos termos em que foi realizado pelo ex-ministro da Cultura, doutor Pedro Adão e Silva", afirmou a ministra durante a audição, a requerimentos dos grupos parlamentares do PS e do BE, sobre o "novo rumo" para o CCB, a exoneração da sua presidente e as opções políticas do Governo para esta instituição.
Para Dalila Rodrigues, esta nova postura do Ministério da Cultura decorre de um "novo ciclo", que "implica novas metodologias e novas abordagens", nomeadamente "manifestação de interesses" e "abertura de concurso".
Francisca Carneiro Fernandes foi exonerada nas vésperas de completar um ano como presidente da Fundação CCB, cargo para o qual tinha sido escolhida pelo anterior ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Entretanto, Francisca Carneiro Fernandes anunciou hoje que vai "intentar uma impugnação deste ato administrativo", que considera ilegal.
"Entre outros motivos que estão a ser estudados e que apontam para a ilegalidade da exoneração feita", Francisca Carneiro Fernandes indica "o facto [de esta] alegar como fundamento a falta de capacidade da ex-Presidente do CCB para garantir o cumprimento das orientações e objetivos transmitidos pela Tutela", o que Francisca Carneiro Fernandes considera "totalmente falso, já que a Ministra da Cultura" nunca lhe transmitiu "quaisquer indicações ou objetivos que possam assim dar-se como incumpridos".
Recorde-se que o caso começou a 2 de outubro, quando a SÁBADO escreveu um artigo onde era revelado o empenho pessoal do antigo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, para que o CCB contratasse a gestora cultural Aida Tavares, apoiante do PS e de António Costa, para diretora artística sem passar por um concurso.
Em 2023, Elísio Summavielle, na altura presidente do CCB, foi confrontado por Pedro Adão e Silva com a sugestão de contratar Aida Tavares para a direção artística. "Foi uma hipótese que me foi aventada pela tutela", diz à SÁBADO Elísio Summavielle, que situa a reunião "em abril ou maio de 2023". Embora adiante que o ministro começou o assunto com a expressão "era interessante…", não quis concretizar, "por dever de reserva", os argumentos usados por Pedro Adão e Silva para justificar porque era "interessante" a contração de Aida Tavares para o CCB. Elísio Summavielle recusou a sugestão: "Disse que não." Justificou a Pedro Adão e Silva que o CCB já tinha uma pessoa a exercer esse cargo.
As coisas mudariam meses depois, a 6 outubro de 2023: Elísio Summavielle saiu a meio do mandato e para o seu lugar o ministro anunciou Francisca Carneiro Fernandes. A 27 de dezembro de 2023, Aida Tavares entrou no CCB como diretora de Artes Performativas e do Pensamento.
Não é claro se a nova presidente do CCB também recebeu uma recomendação do ministro da Cultura, ainda que confirme à SÁBADO que o assunto foi conversado. "A possibilidade da contratação da Dra. Aida Tavares foi, de facto, falada numa das várias reuniões tidas entre mim, enquanto presidente indigitada, e o então ministro da Cultura sobre os vários eixos do que, na opinião de ambos, deveria vir a ser o novo ciclo de vida do CCB."
Uma das primeiras tarefas de Aida Tavares foi definir o programa e o orçamento para concretizar uma ideia que o ministro apresentara a Francisca Carneiro Fernandes para o CCB fazer em 2024: um festival para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa (5 de maio). O orçamento definido para o que viria a chamar-se Festival FeLiCidade foi de €450 mil. Nessa altura, o Governo já estava demissionário e em gestão.
Como se revela nesse artigo da SÁBADO, Aida Tavares arregimentou amigos de longa data para o festival. E a sua entrada provocou alterações internas que levaram duas diretoras artísticas a ficarem sem funções durante meses e sido forçadas a sair, segundo alegaram à SÁBADO. Outras ligações entre estes protagonistas já tinham sido expostas neste artigo de João Pedro George, no Nascer do Sol.
O novo presidente da Fundação CCB é o historiador de arte Nuno Vassallo e Silva, que assume funções em janeiro.
Depois da ministra, todos os protogonistas deste caso irão ainda ao Parlamento prestar esclarecimentos aos deputados na comissão de Cultura.
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