"Tinham uma escuta e um depoimento de um magistrado [Carlos Alexandre] que criminosamente discriminaram", disse o advogado. Paulo Blanco referiu-se a uma escuta telefónica de 23 de Fevereiro de 2016 e sobre as declarações de Carlos Alexandre – que afirmou que Orlando Figueira lhe disse ter sido Proença de Carvalho a tratar da revogação do contrato de trabalho com o Banco Privado Atlântico (BPA).
"Não corresponde à verdade que Daniel Proença de Carvalho não conhecesse ou falasse com Orlando Figueira como afirmou. Não podemos ignorar esta escuta", prosseguiu o arguido, garantindo estar em tribunal porque Orlando Figueira fez um acordo com o advogado e com o presidente do BPA que lhe é prejudicial.
Reiterando que teve uma relação estritamente profissional com o ex-procurador, enquanto este exercia funções no Ministério Publico, Paulo Blanco lançou a dúvidas sobre o "acordo de cavalheiros" - entre Orlando Figueira, Proença de Carvalho e Carlos Silva - afirmando não saber ser esse acordo "não envolve mais alguém ao ponto de o depoimento de um magistrado ser ignorado".
O juiz presidente chamou Paulo Blanco à atenção dizendo que devia preocupar-se com o que lhe é imputado no processo e discutir os factos.
Paulo Blanco disse ainda que tinha sido o administrador do BPA André Navarro a informá-lo de que Orlando Figueira trabalhava para o banco, facto que o ex-procurador sempre desmentiu.
A sessão de hoje ficou ainda marcada pelo facto de o BPA não ter aceitado notificar o seu presidente, Carlos Silva, para ser testemunha no processo, dizendo que este não morava na instituição bancária e remeteu a notificação para Angola.
O advogado do assistente no processo, Luis Rolo, considerou a atitude do banco uma "desconsideração e uma falta de respeito para com o tribunal" e pediu que o Banco de Portugal fosse informado do sucedido.
No final da sessão, Paulo Blanco reiterou aos jornalistas "ser evidente" que está sentado no banco dos arguidos "em consequência de um acordo de cavalheiros e que a escuta vem agora confirmar que Proença de Carvalho mentiu à imprensa".
O processo Operação Fizz tem por base acusações ao ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente de ter corrompido Orlando Figueira com o pagamento de 760 mil euros para que arquivasse dois inquéritos, um deles o caso Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.
O ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) está pronunciado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documentos, o advogado Paulo Blanco por corrupção activa em co-autoria, branqueamento também em co-autoria, violação de segredo de justiça e falsificação de documento em co-autoria e Armindo Pires, também em co-autoria, por corrupção activa, branqueamento e falsificação de documento.