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O antigo primeiro-ministro apresentou-se com uma atitude combativa perante a juíza, mas a magistrada respondeu sempre com assertividade.
O julgamento da Operação Marquês começou uma hora depois do previsto. O início da sessão estava marcado para as 9h30, mas o coletivo de juízas presidido por Susana Seca só deu entrada na sala pelas 10h28. Um "problema informático" motivou o atraso. Na sala já estavam os arguidos, entre eles José Sócrates, trocando palavras com o amigo e co-arguido Carlos Santos Silva. Uma hora depois começava o primeiro confronto (de muitos que se adivinham) entre o antigo primeiro-ministro e a juíza presidente do coletivo de juízes do julgamento.
MIGUEL A. LOPES/LUSA
Enquanto o advogado que representa Sócrates, Pedro Delille, apresentava um requerimento ao tribunal, o seu cliente levantou-se para ir à casa de banho, saindo da sala. Quando regressou foi interpelado pela oficial de justiça que o avisou que teria de avisar caso se quisesse ausentar da sala. "Agora tenho de avisar quando vou ao quarto de banho", questionou o ex-primeiro-ministro. Depois de retomar o seu lugar, levantou-se da cadeira, pondo o braço no ar, pedindo autorização para falar. A juíza referiu que não lhe iria dar palavra. "Não me vai dar a palavra? Pedi para falar e não me vai dar a palavra?", questionou Sócrates. "Vou advertir o arguido. Neste momento o tribunal não lhe vai dar a palavra. E vamos fazer uma interrupção para melhor apreciar os requerimentos", respondeu Susana Seca. "Então não me deixa falar e ainda me adverte por pedir a palavra", indignou-se José Sócrates, antes de retomar o lugar e a juíza decretar uma pausa de dez minutos para apreciar o requerimento apresentado pela defesa.
Depois da pausa, voltou a troca de argumentos entre Pedro Delille e a juíza. O advogado tentou, por várias vezes, abortar o início do julgamento. "Entende o tribunal que o requerimento de recusa não impede prosseguimento da audiência", disse a juíza. Esta decisão foi recebida com protestos por parte de Delille que foi eventualmente interrompido por Susana Seca: "Senhor doutor, quem preside ao julgamento sou eu, não é o senhor. É melhor que isto fique já claro", afirmou. "Este tribunal não pode compactuar com condutas que entorpeçam o prosseguimento do julgamento. O senhor doutor não interrompe o tribunal coletivo e não determina quando é que o tribunal coletivo fala. Estamos entendidos?", questionou Seca. Enquanto acontecia esta troca de palavras, Sócrates anuia e sorria.
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“[Sócrates] pretende fazer uma constante guerrilha processual”: balanço do 1.º dia de julgamento da Operação Marquês
A juíza decidiu então terminar a parte da manhã desta sessão, com hora de reinício marcada para as 14h, depois de almoço.
A sessão recomeçou às 14h40. Vinte minutos depois o advogado de Sócrates pediu que fosse autorizada a "transmissão integral" do julgamento pelos canais de televisão, recordando um pedido feito ao tribunal pela CMTV e Now para transmitir as sessões. "Os jornalistas não representam o povo, representam o público deles. Isto não satisfaz a publicidade do processo. Este processo foi julgado na praça pública por impulso do MP desde o dia em que o engenheiro veio de Paris. Foi preso na manga do aeroporto com duas televisões previamente informadas a filmar", sublinhou. Passou-se depois à identificação dos arguidos, havendo nova oportunidade para Sócrates confrontar a juíza.
Ao chegar ao local de onde se identificou, Sócrates questionou, com tom irónico, a juíza: "Mais alguma advertência, senhora juíza? Não sabia que se advertia as pessoas quando pedem para falar. Isso não me passou pela cabeça. Mas estamos sempre em condições de uma primeira experiência". A juíza riu e disse que não iria haver advertências, apenas identificação. Instado a dizer o nome completo, Sócrates disse que a juíza já sabia qual era, mas acabou por informar: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Já sobre a data de nascimento, também não mostrou recetivo a partilhá-la: "Sou forçado a fazer? 6/9/1957".
Com a juíza a declarar que estava finalizada a identificação, Sócrates voltou ao tema das advertências: "Já terminou? Sem mais advertências?" "Ficamos por aqui. Terminou", concluiu a magistrada Susana Seca.
Já depois de terminado o julgamento, à saída do tribunal, Sócrates afirmou: "A juíza manifesta uma grande parcialidade". "As juízas estão aqui a manter um embuste", disse ainda, afirmando que o objetivo "de todo este espetáculo é humilhar". Os embates começaram e adivinha-se que estejam para durar.
A próxima sessáo está marcada para terça-feira, dia 8 de julho.
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