Sábado – Pense por si

Ministro diz que papel das Forças Armadas nos incêndios será complementar

17 de janeiro de 2018 às 10:06
As mais lidas

Nas missões, o papel das Forças Armadas "deverá ser de colaboração com entidades da Protecção Civil".

O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, sustentou hoje que as Forças Armadas terão sempre um "papel complementar" nas missões de interesse público, como o combate aos incêndios, devendo reforçar as capacidades existentes.

"As capacidades de planeamento das Forças Armadas vão ser chamadas a dar um contributo sempre complementar, sempre subordinado à dimensão civil", disse Azeredo Lopes.

O ministro falava numa audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional. Antes, numa parte da audição que decorreu à porta fechada, Azeredo Lopes disse aos deputados que enviaria ao parlamento o Plano de Implementação Nacional da Cooperação Estruturada Permanente na Defesa europeia, que ficará sujeito a confidencialidade.

As missões de interesse público e o "duplo uso", civil e militar, dos meios - que serão tema de uma conferência que a comissão parlamentar está a preparar - "não se traduzem numa nova prioridade", disse.

Contudo, advertiu, "o mundo mudou" e uma catástrofe, seja natural ou provocada, pode provocar mais vítimas do que uma ameaça estritamente militar.

O ministro respondia ao deputado do PCP Jorge Machado, que contestou a ideia que disse estar a ser promovida pelo governante, de que "vão transformar as Forças Armadas em bombeiros", e defendeu que as missões constitucionais das Forças Armadas justificam plenamente a sua existência.

Pelo PSD, o deputado Pedro Roque disse ser "claramente favorável" a que o Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) pode evoluir para uma unidade maior, composto por elementos dos três ramos, com a finalidade de intervenção em missões de Proteção Civil.

Sobre o RAME, o ministro admitiu "acelerar o reforço" dos meios, dizendo que aquele regimento "ainda não está" como o governo quer.

Questionado sobre qual o modelo que o Governo está a preparar para enquadrar a participação da Força Aérea no "comando e controlo" da gestão dos meios aéreos de combate aos incêndios, Azeredo Lopes disse que aguarda o resultado do grupo de trabalho.

Azeredo Lopes confirmou ainda que as aeronaves de transporte táctico que vão substituir os C-130, os KC-390, da Embraer, terão um "kit" de combate a incêndios, com a possibilidade de largarem não só calda retardante, mas também água.

O deputado do BE João Vasconcelos alertou para "as vozes que dizem que o RAME está subaproveitado e que deve ser dotado de mais meios".

Quanto ao papel das Forças Armadas nas missões de interesse público, "deverá ser de colaboração com entidades da Protecção Civil", para "colaborar e não comandar operações".

Questionado pelo PSD sobre o pedido de reforço de efectivos feito pelo chefe do Estado-Maior da Força Aérea para poder cumprir as novas missões no combate aos incêndios, Azeredo Lopes disse que é necessário aguardar pelas conclusões do grupo de trabalho criado entre a Defesa Nacional e a Administração Interna.

O secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello, advertiu que o modelo que está em preparação "não pode ignorar que há milhares de bombeiros essenciais ao sistema" e "corpos próprios" do Estado já preparados para esse papel.

"O facto de se procurar reforçar o papel das Forças Armadas no apoio à prevenção de fogos e vigilância e o envolvimento na gestão comando e eventualmente na operação dos meios próprios do Estado não significa que vamos montar uma coisa absolutamente nova como se nada houvesse", avisou.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

Férias no Alentejo

Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.