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Médicos britânicos contradizem ministro do Ensino Superior português

Diogo Camilo
Diogo Camilo 05 de setembro de 2021 às 17:51
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Manuel Heitor considerou que “para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação" que outras especialidades médicas. Associação do Reino Unido considerou "completamente incorretas" as afirmações do governante.

Depois do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, ter indicado o Reino Unido como referência de uma "formação menos exigente" para a profissionais de medicina familiar, a Associação de Médicos do Reino Unido veio desmentir o governante português, considerando "completamente incorreta" a distinção na exigência de formação entre especialidades médicas no país.

Lusa

Em entrevista ao Diário de Notícias, na quinta-feira, Manuel Heitor disse que "para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação, que um especialista em oncologia ou um especialista em doenças mentais".

"Se for ao Reino Unido o sistema está diversificado, sobretudo aquilo que é a medicina familiar, que tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas", afirmou o governante.

Em resposta, esta sexta-feira, a Associação de Médicos do Reino Unido (BMA) considera que é "completamente incorreto descrever a formação dos médicos de família no Reino Unido como menos exigente do que para outras especialidades médicas", o que "presta um grave desserviço aos médicos de família altamente qualificados que trabalham em clínicas em todo o país".

"Temos de reconhecer o campo altamente especializado da medicina familiar, e fazer recuar quaisquer sugestões de que os especialistas em medicina geral são de alguma forma menos qualificados do que os seus colegas noutros campos", indicou a BMA.

Já na quinta-feira, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) tinha criticado a posição deixada por Manuel Heitor, considerado as declarações como "profundamente desrespeitosas para com os médicos de família portugueses".

 "A Medicina Geral e Familiar deve ser respeitada enquanto especialidade médica autónoma, com aptidões e conhecimentos próprios, com uma abordagem generalista que não a torna menos complexa e exigente do que qualquer outra especialidade médica, antes pelo contrário. A APMGF refuta, por completo, a ideia de que a MGF não necessita de uma formação tão exigente como outras especialidades médicas, como parece alegar o ministro Manuel Heitor", referiu a associação em comunicado.

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