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Mário Centeno, o líder do Eurogrupo que foi um trunfo eleitoral

A recondução era expectável. Durante a campanha eleitoral, Costa fez uma referência indireta sobre a continuidade de Mário Centeno como ministro das Finanças num eventual novo Governo socialista, usando linguagem futebolística para dizer que o seu passe não estava à venda.

Mário Centeno, proposto novamente para liderar a pasta das Finanças nofuturo Governoesta quinta-feira, que vai acumular como ministro de Estado, é presidente do Eurogrupo desde janeiro de 2018.

Nascido em Olhão, Algarve, em 1966, é licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG-Universidade de Lisboa), onde é professor catedrático, e doutorado em Economia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América.

Quando regressou a Lisboa, Mário Centeno fez carreira noBanco de Portugal, dedicando-se ao estudo do trabalho e deu aulas no ISEG.

Durante o seu período no Banco de Portugal, Mário Centeno foi um dos autores de um estudo sobre o salário mínimo nacional, que aponta fragilidades ao seu aumento.

"Globalmente os resultados apontam para um efeito negativo de aumentos do salário mínimo do emprego de trabalhadores com baixos salários, que tem como contrapartida pequenos ganhos salariais", lê-se no estudo "O Impacto do Salário Mínimo sobre os Trabalhadores", publicado no outono de 2011.

Quatro anos mais tarde, defendeu um aumento gradual do salário mínimo nacional até aos 600 euros em 2019.

Considerado no meio profissional e académico como um liberal, o ministro das Finanças não contava até à chegada ao anterior executivo com cargos políticos no currículo, à exceção dos cerca de 30 dias que passou como deputado socialista na Assembleia da República.

Mário Centeno integrou as listas do PS às eleições legislativas de outubro de 2015 como independente por Lisboa, o mesmo círculo pelo qual concorreu agora.

Na corrida ao Eurogrupo, derrotou os homólogos da Letónia, do Luxemburgo e da Eslováquia. Desde a formalização da sua candidatura, que o ministro das Finanças português era tido como favorito na corrida à liderança do Eurogrupo, mas esta hipótese chegou a suscitar dúvidas, mesmo no seio do PS.

Mas o ministro das Finanças português acabaria por receber da Europa um reconhecimento importante: Centeno foi considerado o "Ronaldo do Ecofin", o Conselho de Ministros da Economia e Finanças da União Europeia, por Wolfgang Schäuble, um dos "homens-fortes" a nível europeu.

A recondução de Mário Centeno era expectável. No passado dia 24 de setembro, o secretário-geral do PS fez uma referência indireta sobre a continuidade de Mário Centeno como ministro das Finanças num eventual novo Governo socialista, usando linguagem futebolística para dizer que o seu passe não está à venda.

No primeiro comício da campanha eleitoral do PS, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, António Costa lembrou o envolvimento de Mário Centeno na elaboração do cenário macroeconómico que o PS apresentou em 2015, antes das eleições legislativas desse ano, e referiu que, então, "olharam para ele com enorme desconfiança".

"Mas que bom ver quatro anos depois todos quererem ter o seu Centeno. Já há quatro anos devíamos ter desconfiado, porque quem desdenha quer comprar", disse.

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