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Nos últimos meses, o especialista em saúde pública e marido da ministra envolveu-se em três batalhas sobre saúde no Facebook.
Um médico anestesiologista deixou um desabafo no Facebook: "Hoje estou de serviço em Coimbra numa Unidade de Cuidados Intensivos com zero doentes COVID. Tem condições técnicas adequadas? Sim. Tem Médicos e Enfermeiros qualificados para o efeito? Sim. Tem vagas disponíveis? Sim. Não tem doentes COVID porque éum hospital privado. Compreendo agora melhor o que é morrer de socialismo." Com o texto de Nuno Freitas surgia uma foto 3D de um quarto com aparelhos médicos vazio.
Entre as 176 respostas que recebeu (que o criticavam ou apoiavam a sua perceção de que tem sido a ideologia a bloquear a ajuda da hospitalização privada no combate à pandemia), uma delas estava assinada por Jorge Simões (ver fotogaleria).
"Ó Dr Nuno Freitas, tenho muita consideração por si, mas essa de morrer de socialismo ultrapassa a seriedade com q, em regra, trata os problemas. Já agora, uma pergunta: porque não está nos CHUC [Centro Hospitalar Universitário de Coimbra] a ajudar os seus colegas exaustos?"
Esta foi a terceira vez, em cerca de três meses, que o professor catedrático do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e especialista em saúde pública defendeu nesta rede social a política de saúde seguida pelo governo no combate à pandemia. Numa análise mais fina, foi a terceira vez que defendeu a política de saúde seguida por Marta Temido, a ministra da Saúde e sua mulher.
O médico respondeu-lhe que se voluntariara desde a primeira vaga para trabalhar noutras unidades públicas—isto, apesar de não estar, ainda nas listas de vacinação à Covid. Era uma referência à não inclusão dos profissionais de saúde do privado entre os primeiros vacinados, logo desde 27 de dezembro. Os primeiros foram vacinados esta sexta-feira, 15 de janeiro, nos hospitais que têm convenções com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para tratar doentes covid. "Porque não se cala ou revela que é marido da Dra Marta Temido?
A troca de mensagens entre ambos, escritas a 10 de janeiro, já não se encontram disponíveis (ver na fotogaleria a imagem que entretanto foi partilhada no Twitter). E aSÁBADOperguntou a Jorge Simões, a propósito desta sua intervenção recente no Facebook, se a decisão de apagar o comentário foi motivada pelo seu "estatuto de marido da ministra da Saúde e por eventuais consequências que a sua intromissão nesta discussão poderão ter".
Tal como às outras perguntas, enviadas por email e relacionadas com a posição de Jorge Simões sobre o papel dos privados neste combate à pandemia, o docente universitário disse: "Muito obrigado pelo seu cuidado mas não pretendo responder."
Há 10 anos, quando foi nomeado para presidir à Entidade Reguladora da Saúde pelo conselho de ministros de um governo PS, este licenciado em direito e especialista em saúde pública definia-se como um defensor de um Serviço Nacional de Saúde "tendencialmente gratuito". Liderara pouco antes (em 2007 e 2008) uma equipa de peritos que avaliara a sustentabilidade do SNS ea equipa de análise estratégica sobre o processo de criação e desenvolvimento das parcerias público privadas na saúde. Defendia que a resolução dos problemas financeiros passaria por, segundo citava então oDiário de Notícias, uma clarificação sobre que serviços públicos podem ou não ser oferecidos aos cidadãos.
Lá vai uma, lá vão duas
Socialista, antigo consultor do Presidente Jorge Sampaio e próximo do ex-ministro da Saúde, António Correia de Campos, a última vez que Jorge Simõesfoi notícia foi em dezembro. Quando o Presidente da República assumiu que os portugueses tinham sido enganados quanto à disponibilidade de vacinas para a gripe para todos, o professor universitário escreveu no Facebook: "Marcelo falta à verdade quanto à vacina da gripe: ele sabe que houve um reforço de vacinas em relação aos anos anteriores".
Em novembro—e, mais uma vez, devido a um texto nas redes sociais— também deixou farpas a um crítico da trajetória seguida pelo Governo. O jornal irepescou um texto de Simões a propósito de Ricardo Mexia. O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública e militante social-democrata escrevera sobre as eleições no Benfica, em que integrava a lista de Rui Gomes da Silva (ex-deputado do social-democrata). E o professor catedrático comentou o seguinte:
"Este homem está em todo o lado: técnico do INSA [Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge], comentador televisivo, militante anti-governo, militante ativo do PSD, presidente da AMSP, candidato à direção do Benfica. Calma! Faça algumas escolhas e pense nos conflitos de interesse!"
Mexia respondeu-lhe: "Tirando o militante anti-governo, que não sou, assumo todas com orgulho. E com separação de funções".
E a conversa continuou naquela rede social com mais réplicas: Simões referiu que os dois têm "conceções diferentes de conflitos de interesse". E Mexia: "Não confundo técnica com política. E nos lugares de representação sou apenas a face visível de um grupo. Mas não deixo de perceber o que quer dizer. E reconheço-lhe crédito e legitimidade para fazer a crítica, na medida em que prescindiu da presidência do Conselho Nacional de Saúde" (CNS).
Mexia referia-se à decisão de Simões de renunciar ao cargo neste órgão consultivo da ministra da Saúde por razões pessoais dias depois de a mulher, Marta Temido, ter assumido a pasta, a 15 de outubro de 2018. Presidia ao CNS por indicação do antecessor de Temido desde setembro de 2016; anteriormente dirigira a Entidade Reguladora da Saúde.
O convite
A primeira vez que naquele fim de semana de outubro Marta lhe ligou para lhe contar que recebera o convite de António Costa para ministra, Jorge Simões estava em viagem e não percebeu à primeira. Só numa conversa na escala seguinte do avião conversaram à série sobre o tema, revelou Marta Temido à SIC, em janeiro de 2020.
Não explicou o que o marido lhe respondeu mas, em 2015, ao Público Jorge Simões definia desta forma a diferença entre estadistas e políticos: os primeiros trabalham "para longo prazo", os segundos "para quatro anos".
"O grande desafio que se coloca ao próximo Governo [que Marta Temido integrou, mas não desde o início] é não pensar apenas na legislatura. Quem chega à decisão política tem de ter perspicácia política mas também muito conhecimento e ideias relativamente arrumadas", concluiu Jorge Simões.
Um viajante mas ator falhado
Se Marta Temido já assumiu até gostar de ir sozinha (sem segurança) às compras no supermercado, em casa tem sido Jorge Simões a cozinhar. Ela já deixou claro que ele é melhor cozinheiro e assumiu com maior afinco esta pasta desde que ela é ministra.
"Noto o orgulho e um bocadinho de cansaço" no olhar do marido, respondeu Marta Temido a 29 de setembro numa entrevista a Cristina Ferreira, na TVI. Referia-se então aos seis meses que a pandemia já levava. Mas os governantes e os profissionais de saúde têm de "deixar as famílias um bocadinho de lado", sublinhou a ministra.
Com a chegada ao Governo, o casal já abdicara de outras rotinas, como as frequentes viagens ao estrangeiro. E iam menos ao teatro do que anteriormente, confessou Marta Temido à SÁBADO num perfil escrito 115 dias após ter tomado posse: "O meu marido fez teatro na faculdade; diz ele que é um ator falhado." Outro dos lamentos da governante nessa data era ter menos tempo para os "três netos" de ambos (então com 8, 5 e 2 anos), que são dos filhos do primeiro casamento de Jorge Simões.
Jorge Simões, o cavaleiro de Marta Temido nas redes sociais
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