Amadeu Guerra anunciou que os documentos da investigação iam ser destruídos e o acesso ao processo tem sido negado constantemente.
O procurador-geral da República, Amadeu Guerra, tem estado praticamente em silêncio em relação ao facto de o Ministério Público (MP) ter mandado a Judiciária vigiar o juiz Ivo Rosa na sequência de uma denúncia anónima acusando o magistrado de ser corrupto.
Ivo Rosa sob investigação: Procuradoria garante respeito pelos direitos do juizLusa
Ivo Rosa foi vigiado durante quase três anos, tendo o respetivo inquérito-crime sido arquivado em março do ano passado depois de a denúncia ter acabado por ser classificada como inconsistente, revela CNN Portugal. “Por ordem do procurador-geral da República, Amadeu Guerra, o processo é ainda hoje sigiloso – e os documentos estarão prestes a ser destruídos”, explicava ainda o canal.
E como mandou entretanto Amadeu Guerra, o processo será em breve "destruído". Susana Monteverde Pereira, da J+Legal, informa que a decisão sobre a destruição de processos que correm no MP "é articulada entre a Procuradoria-Geral da República e os serviços administrativos do MP".
Mas a destruição de um processo tem de obedecer a alguns premissas: como ter expirado o prazo legal de conservação, definido em tabelas (por exemplo, 5, 10, 15, 20 anos, consoante a matéria); não ter valor histórico, jurídico ou probatório; não estar pendente de recurso ou reabertura ou não conter informação relevante para investigação futura ou memória institucional, explica Susana Monteverde Pereira. Ou seja, "processos arquivados há décadas e sem relevância histórica podem ser eliminados; já processos com importância pública, jurisprudencial ou histórica (como casos mediáticos ou de grande impacto político) são geralmente conservados permanentemente".
Antes do processo ser destruído, jornalistas estão a tentar aceder ao mesmo ao abrigo do direito à informação e liberdade de imprensa, mas o MP continua a impedir o acesso, citando elementos da vida privada do juiz que devem ser preservados, de acordo com o canal NOW. “Quanto aos elementos em questão, no caso, a invocação de interesse legítimo não deve sobrepor–se à salvaguarda da vida privada do visado ou terceiros nas dimensões referidas”, referiu o procurador do Ministério Público José Albuquerque.
A advogada Susana Monteverde Pereira explica que enquanto os documentos ainda existem fisicamente podem, por regra, " ser consultados pelas entidades competentes (magistrados, PGR e investigadores devidamente autorizados)". Mas se o processo for sigiloso - como neste caso de investigação ao juiz Ivo Rosa - "o acesso é restrito , mesmo dentro do MP, não podendo por maioria de razão ser consultados livremente, nem por jornalistas, nem por qualquer cidadão". Nem mesmo pelo investigado.
O próprio juiz Ivo Rosa pediu ao Procurador-geral da República acesso ao seu processo, assim como a outros em que foi investigado, mas nunca foi ouvido, fosse como arguido ou testemunha. Entretanto, em comunicado, a Procuradoria garantiu (sem dar acesso ao processo) que todos os direitos do juiz foram respeitados e que as diligências mais invasivas da sua privacidade foram autorizadas por um magistrado judicial.
O processo-crime foi aberto no início de 2021, meses antes de o juiz Ivo Rosa anunciar, em abril desse ano, a decisão instrutória do processo Operação Marquês, em que o juiz deixou cair a maioria dos crimes que constavam na acusação do Ministério Público, tendo o Tribunal da Relação de Lisboa revertido mais tarde a decisão.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Cenas de mau-gosto como equiparar fascismo e comunismo, sistemas ditatoriais aspirando a dominação totalitária, «não se faziam em jantares de esquerda»
Importa recordar que os impostos são essenciais ao funcionamento do Estado e à prossecução do interesse público, constituindo o pilar do financiamento dos serviços públicos, da justiça social e da coesão nacional.
Hoje o ISPSI é muito mais do que uma academia de polícia. É um centro de pensamento estratégico sobre segurança interna, capaz de articular o conhecimento académico com as necessidades operacionais.