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Governo procura famílias de acolhimento para jovens refugiados

18 de dezembro de 2020 às 07:42
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Este ano, Portugal recebeu já 71 jovens, na sua maioria rapazes, com idades entre os 15 e os 17 anos.

O Governo está à procura de famílias de acolhimento para jovens refugiados que chegam a Portugal sem família, uma das respostas que está a ser preparada no âmbito da revisão do modelo de acolhimento prevista para breve.

Em entrevista à agência Lusa, a secretária de Estado para a Inclusão e as Migrações revelou que a medida de proteção em acolhimento familiar "é uma das respostas que está a ser preparada" para integrar os 500 menores não acompanhados vindos da Grécia que Portugal se comprometeu a receber até ao final de 2021.

Este ano, Portugal recebeu já 71 jovens, 21 dos quais esta semana, na sua maioria rapazes, com idades entre os 15 e os 17 anos, oriundos de países como o Afeganistão, Síria ou Egito, que estão dispersos por Lisboa, Braga, Nazaré, Covilhã e Maia.

"A questão é que normalmente [o acolhimento familiar] destina-se a jovens com menos idade e a maior parte dos jovens que se encontra na Grécia está nestas faixas etárias, mas sim faz parte das respostas as famílias de acolhimento e já foram entrevistadas algumas dessas famílias", adiantou Cláudia Pereira.

A secretária de Estado frisou que "têm vindo a ser sucessivamente entrevistados" potenciais candidatos a famílias de acolhimento, uma medida de proteção dos direitos das crianças e jovens, que é temporária e transitória e que passa por colocar o menor no seio de uma família.

Cláudia Pereira admitiu que o acolhimento familiar é uma medida "mais apropriada para jovens mais novos", e que no caso destes jovens refugidos, tendo em conta a sua idade, o objetivo é a sua autonomização, mas garantiu que "ainda assim é mesmo uma das soluções".

"Ainda não foi atribuído a nenhum jovem, mas é uma das soluções. Ainda antes de recebermos os jovens houve logo famílias que se disponibilizaram", adiantou a responsável.

Informação avançada posteriormente pelo gabinete da secretária de Estado dá conta de que o Instituto de Segurança Social (ISS) não fez ainda qualquer seleção de famílias de acolhimento, uma vez que falta ainda a portaria que regulamente este processo. No entanto, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) pode fazer essa seleção na zona de Lisboa e Vale do Tejo.

"Em todo o território nacional, 11 famílias manifestaram interesse, das quais seis foram entrevistadas pela SCML por se encontrarem em Lisboa, território da sua competência de intervenção", refere o gabinete da secretária de Estado, acrescentando que só num caso foi manifestado interesse em acolher uma criança ou jovem não acompanhado.

Refere ainda que o "principal constrangimento sentido pelas famílias" foi o "desfasamento entre a idade dos menores e a expectativa em acolher crianças mais novas".

Relativamente ao grupo de 71 jovens que Portugal já recebeu, Cláudia Pereira fez questão de sublinhar "o entusiasmo" das equipas que os estão a receber e o facto de alguns deles já serem autónomos, como o caso de um jovem afegão que já está a viver sozinho, fala português e está a frequentar um curso profissional.

"Foram desenhados os projetos de vida deles pelas entidades de quem estão a cargo e alguns vão continuar no ensino secundário, outros querem ir para a faculdade, outros para cursos profissionais e o que houve aqui foi um trabalho discreto, mas em que reunimos todas as semanas as várias áreas governativas", sublinhou.

A secretária de Estado acrescentou que foi criada uma "rede estruturada" entre os Ministérios do Trabalho e Segurança Social, Administração Interna, Educação e Saúde "para que todas as questões relativas a estes menores estivessem acauteladas".

De acordo com Cláudia Pereira, tendo em conta o perfil de cada um, estes jovens ficam a cargo ou da SCML ou do ISS, as duas entidades que ficam responsáveis pela sua autonomização, sempre em articulação com as instituições que efetivamente os acolhem.

Relativamente aos menores não acompanhados, a lógica de acolhimento e integração passa também pela dispersão pelo território nacional, em vez de concentrar todos os menores nos grandes centros urbanos, algo que a secretária de Estado entende ser "uma riqueza" para o país, nomeadamente nas zonas do interior, seja pelo aumento da população, seja pela "riqueza cultural que daí advém".

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