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Faltam 276 enfermeiros nos hospitais da área metropolitana do Porto

Lusa 03 de novembro de 2023 às 14:17
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Mais de 30 hospitais país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.

Nos cinco hospitais da área metropolitana do Porto faltam 276 enfermeiros e os que já ali trabalham fizeram este ano mais de 450 000 horas extraordinárias, alertou hoje o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

"Estamos aqui a chamar a atenção para a carência de enfermeiros que existe nos hospitais. Na região do Porto, os enfermeiros desde o início do ano já fizeram mais de 450 000 horas a mais. Há falta de 276 enfermeiros nestes cinco hospitais. É incrível que face ao diagnóstico que já é antigo, o Ministério da Saúde e o Governo não autorizem a contratação de enfermeiros e continuem a fomentar a precariedade porque os poucos que são admitidos são com vínculo precário", disse Fátima Monteiro, representante do SEP em declarações a jornalistas à porta do Centro de Reabilitação do Norte, em Vila Nova de Gaia, apontando o dedo ao Governo por "perpetuar a precariedade".

Os cinco hospitais aos quais se refere esta contagem são o Centro Hospitalar Universitário de São João e o Centro Hospitalar Universitário de Santo António (Porto), o Hospital Pedro Hispano da Unidade de Saúde Local de Matosinhos, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que abrange os hospitais de Penafiel e Amarante.

"Tem sido pedido um esforço tremendo aos colegas, que não têm tempo para conciliar a vida profissional e familiar e já não falamos da vida social", lamentou Fátima Monteiro.

Numa concentração "simples e simbólica" que juntou menos de uma dezena de pessoas, o SEP quis hoje "exigir a admissão de mais enfermeiros" porque, disse Fátima Monteiro: "O SNS [Serviço Nacional de Saúde] só é forte com profissionais motivados e justamente remunerados".

Quanto à greve convocada por este sindicato para 10 de novembro, a dirigente disse prever uma "forte adesão".

"Notamos um sentimento de injustiça tremendo e uma vontade de fazer valer as nossas reivindicações", resumiu, salvaguardando que "como sempre" estarão assegurados os serviços mínimos e as situações urgentes.

Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos, situação à qual se somam as paralisações agendadas por outros setores profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros.

Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.

As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.

Para o dia 10 de novembro, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou uma greve nacional contra os problemas existentes no SNS e para exigir soluções ao Ministério da Saúde.

Hoje teve início uma greve ao trabalho extraordinário, convocada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), para exigir a correção de desigualdades na carreira, protesto que se deverá prolongar até ao final do ano.

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