O gesto feito pela deputada do Bloco de Esquerda no plenário é amplamente utilizado pela comunidade roqueira (e não só), mas valeu uma queixa do CDS-PP. Qual a origem do símbolo?
No plenário da passada quarta-feira na Assembleia da República debatiam-se aumentos salariais. Mas durante a intervenção de Paulo Núncio, deputado do CDS-PP, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), fez um gesto com as mãos que simulam uns cornos e que muitos poderão identificar como um símbolo "do rock". É, aliás, muitas vezes acompanhado pela expressão inglesa “rock on”. No entanto, o CDS-PP pediu a abertura de um inquérito ao presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, por considerar o gesto “degradante”.
Mariana MortáguaAR TV
Na queixa apresentada, avança a agência Lusa, o CDS-PP defende que a conduta de Mortágua "não se insere no âmbito da liberdade de expressão reconhecida aos deputados" por não ter "qualquer relevância político-discursiva, nem estar associada à defesa de uma posição política", considerando que "Paulo Núncio foi alvo de um comportamento ofensivo, degradante, impróprio e incompatível com a dignidade". O argumento do pedido para a abertura de um inquérito servirá, segundo o CDS-PP, para "garantir a proteção da dignidade da Assembleia da República, o decoro parlamentar e o regular exercício do mandato dos deputados".
Em resposta à CNN, o BE recusa que a intenção do gesto fosse ofender, explicando que é um “gesto da cultura rock, um símbolo de orgulho e força”. No Instagram, Mariana Mortágua deseja "Bom Natal a todos", com um carrossel de imagens de artistas a fazer o mesmo gesto, tão diferentes como os The Beatles ou Rihanna.
Mas que gesto é este?
Com os dedos indicador e mindinho em riste, o gesto remete para a imagem de chifres e é, de facto, o principal símbolo da cultura rock, frequentemente utilizado em concertos um pouco por todo o mundo. Quem terá começado? Será difícil identificar o primeiríssimo culpado, mas mais fácil saber quem o popularizou. Muitas vozes apontam para Ronnie James Dio, vocalista que sucedeu a Ozzy Osbourne nos Black Sabbath, explica um artigo da Loud Wire publicado em 2021.
O artigo explora, inclusive, origens mais antigas do gesto, "usado para expulsar demónios" no budismo (o Karana Mudra) ou para "trazer saúde e força, ou até mesmo aliviar gases e indigestão", o Apana Mudra do yoga.
ConcertoRoberto Rendon on Unsplash
No contexto do rock, alguns nomes estão na lista de possíveis responsáveis pela tendência - Genne Simmons, dos KISS, tentou patentear o gesto em 2017, sem sucesso - e o próprio Dio, que morreu em 2010, recusava a autoria da coisa. Em 2001, disse ao site Metal-Rules.com que tinha muitas dúvidas sobre se teria sido o primeiro a fazer o gesto. “Isso é como dizer que inventei a roda, tenho a certeza de que alguém já o tinha feito em algum outro momento. Acho que se pode dizer que eu o tornei popular. Usei-o tanto que se tornou a minha marca registada, até que o público da Britney Spears decidiu fazer o mesmo. Então, acabou por perder um pouco o seu significado com isso.”
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