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Covid-19. Percentagem de 70% para imunidade de grupo pode ser revista

Lusa 05 de maio de 2021 às 13:37
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Imunologista Luís Graça, da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19, aponta que percentagem de 70% tem por base "a transmissão do vírus, outras infeções virais e outras estratégias de vacinação", e que "incertezas" como as novas variantes do vírus podem fazer variar o valor da percentagem.

O especialista da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 Luis Graça admitiu hoje que a percentagem de 70% para se conseguir a imunidade de grupo pode ser revista, de acordo com as incertezas sobre a doença.

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"A percentagem estimada em 70% [para atingir a imunidade de grupo] tem por base a transmissão do vírus e extrapolações com base no conhecimento de outras infeções virais e de outras estratégias de vacinação", afirmou Luis Graça, sublinhando que tal cálculo "depende de vários parâmetros".

"As vacinas são mais eficazes em evitar a doença grave do que a infeção. Contudo, conseguem impedir a infeção e, por isso, conseguem alcançar a imunidade", afirmou o médico imunologista e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que falava durante a audição da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 na Comissão Parlamentar de Saúde, que decorreu hoje de manhã.

Luís Graça disse também que há estudos ainda em curso sobre a percentagem de imunidade necessária e sobre o impacto das vacinas na transmissão global da infeção.

"Setenta por cento é uma boa estimativa, com base nos dados conhecidos até à data, mas pode ser revista, de acordo com as incertezas", acrescentou.

Sobre as diversas variantes do vírus, diz que é algo que a comissão técnica "tem acompanhado com atenção", acrescentando que têm sido feitos estudos, nomeadamente estudos 'in vitro', para demonstrar a eficácia das vacinas nas variantes identificadas até agora.

"Todas [as vacinas] conseguem conferir alguma proteção contra as variantes identificadas até agora, mas é uma questão que tem de ser acompanhada ao longo do tempo. Não há uma resposta final", afirmou.

Sobre o esquema vacinal a adotar no futuro, sobretudo em alguns grupos populacionais de maior risco, o médico pediatra José Gonçalo Marques, coordenador-adjunto da comissão técnica, disse que "ainda não está definido se vão ser precisas mais doses", admitindo que em algumas imunodeficiências a resposta do organismo pode precisar de uma terceira dose.

"Há grupos de idosos, por exemplo, em que a resposta é menos duradoura, mas ainda não está definido", acrescentou.

O objetivo último é "prevenir a morte e doença grave" e "ainda não se sabe qual é o título de anticorpos que nos dá essa confiança", disse o especialista.

A este respeito, sublinhou que as situações "vão sendo adaptadas" à medida da evolução da pandemia, insistindo que há ainda estudos em curso, de que a comissão técnica espera ter resultados "até final do verão".

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