Portugal elege este domingo o 20.º Presidente da República e o sexto em democracia. Concorrem às eleições sete candidatos e já todos votaram.
Os candidatos a Presidente da República dirigiram-se às urnas este domingo para votar, apelando ao voto dos portugueses e garantindo que é seguro votar.
Manuel Fernando Araújo/Lusa
Portugal elege hoje o 20.º Presidente da República e o sexto em democracia. Concorrem às eleições sete candidatos: Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), o ex-militante do PS Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans e presidente do RIR - Reagir, Incluir, Reciclar, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
"Votar é seguro e é ao votar que mostramos orgulho na democracia e na liberdade"
A candidata presidencial Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, apelou ao voto dos portugueses nas eleições presidenciais de hoje para mostrarem orgulho na democracia e na liberdade.
Depois de votar em Coimbra, no Pavilhão Mário Mexia, após 40 minutos de espera na fila, Marisa Matias salientou aos jornalistas que "a muita afluência e a boa organização" no processo "são dois excelentes sinais".
"Por isso, mantenho e faço um apelo às pessoas para que venham votar. Votar é seguro e é ao votar que mostramos orgulho na democracia e na liberdade", frisou a candidata, que exerceu o seu direito de voto cerca de 20 minutos antes das 11:00.
Questionada sobre se a mobilização dos cidadãos observada é sinal de que a abstenção poderá bater novo recorde, Marisa Matias mostrou-se cautelosa na análise, referindo que está "a ver muita mobilização, que só pode ser bom sinal para estarmos a defender a nossa democracia".
Além da mobilização dos cidadãos, a eurodeputada do Bloco de Esquerda, que repete a candidatura presidencial de há cinco anos, destacou a boa organização do processo eleitoral, reiterando que "votar é seguro".
Apesar de ter esperado 40 minutos para exercer o direito de voto, Marisa Matias disse que não viu ninguém incomodada com os tempos de espera.
Aos jornalistas, a candidata disse ainda que vai aguardar o fecho das urnas em casa, a cozinhar e a conviver com a família, ainda que à distância pelas plataformas digitais.
"Em cerca de 30 minutos fiquei despachado. Isso não é nada quando podemos decidir sobre aquilo quer se vai passar nos próximos cinco anos"
O candidato presidencial João Ferreira apelou hoje à participação dos eleitores na votação para escolher o próximo Presidente da República, e considerou que o ato eleitoral está a decorrer com "segurança e tranquilidade".
O candidato apoiado pelo PCP e PEV votou na Escola Secundária do Lumiar, em Lisboa, tendo esperado na fila cerca de 30 minutos.
No final, em declarações aos jornalistas, João Ferreira realçou que "o cenário é de grande tranquilidade" nesta assembleia de voto, estando a votação a decorrer com "segurança e tranquilidade".
"Apenas numa secção de voto, que foi a minha, as coisas estiveram mais demoradas. Em todo o caso, em cerca de 30 minutos, fiquei despachado, isso não é nada quando podemos decidir sobre aquilo quer se vai passar nos próximos cinco anos", advogou, destacando que existe "uma organização dos processos, dos procedimentos, das deslocações, com bastante material desinfeção, com os membros das mesas bastante protegidos".
Apontando que "na generalidade das mesas a coisa até está a correr mais rapidamente, com uma grande tranquilidade, com sentimento de segurança", o candidato comunista espera "uma participação ampla de todos aqueles que o possam fazer".
"Sabemos, infelizmente, que há muita gente que neste momento não vai poder votar porque está doente nas suas casas ou em isolamento profilático, mas pelo menos que todos os outros que o podem fazer, que o façam, acho que seria importante que isso acontecesse", insistiu.
João Ferreira destacou que esta eleição é um momento importante para o país, pelo momento "complexo, difícil, exigente da vida nacional".
"Esta eleição vai pesar na forma como vamos conseguir ultrapassar este momento difícil, e vai pesar no que será o curso das nossa vidas nos próximos cinco anos. E, portanto, evidentemente que é uma eleição importante, muito importante", advogou.
Questionado se a afluência às urnas pode ajudar a eleger o próximo Presidente da República já hoje, e evitar a necessidade de uma segunda volta, o candidato afirmou que "isso depende das opções que as pessoas façam", apontando não ser possível "deduzir da afluência ou da abstenção se vai ou não haver segunda volta".
O candidato a Presidente da República deixou ainda "uma palavra de agradecimento aos milhares de trabalhadores e de voluntários que estão a assegurar esta votação, também eles em condições diferentes do habitual", considerando que eles "têm um papel fundamental para que tudo corra bem", e estão a exercê-lo "muito corretamente".
"Temos de defender a nossa democracia. É preciso ter coragem para sair de casa, em tempo de pandemia, mas vale a pena"
O candidato presidencial Vitorino Silva apelou ao voto nas eleições de hoje para defender a democracia, mostrando-se confiante de que os portugueses vão "maciçamente" às urnas e depois se protegerão "a si e aos outros, ficando em casa".
"Vale a pena votar. O voto é o que nos une à democracia e a democracia é o melhor sistema. Temos de defender a nossa democracia. É preciso ter coragem para sair de casa, em tempo de pandemia, mas vale a pena", disse Vitorino Silva.
O candidato votou cerca das 11:45 na Junta de Freguesia de Rans, concelho de Penafiel, sem ter enfrentado filas ou demoras porque em causa está uma secção de voto onde estão inscritos, contou o próprio aos jornalistas, "cerca de 1.000 pessoas".
"Em Rans é fácil não haver filas. Mas não me posso esquecer das terras por onde passam 35.000 pessoas por um portão", disse, exemplificando com Ermesinde, freguesia do concelho de Valongo que disse conhecer bem.
"E há muitos Ermesinde neste país. Mas votar é importante (…). Fico contente por ter exercido o direito de voto e pelo São Pedro nos ajudar. O povo vai sair à rua, o povo vai desabafar, vai às urnas eleitorais, mas em segurança", disse Vitorino Silva.
Entre alguns acenos à distância e na companhia de familiares, o candidato frisou a ideia de que "não há nenhum voto que valha mais do que outro".
"O voto de um Presidente da República, o voto de um calceteiro, o voto de um trolha, o voto de um médico, o voto de um juiz, o voto de um preso, o voto de um doente hospitalar, contam todos por igual. Podem ter a certeza absoluta", afirmou.
Conhecido como Tino de Rans, o candidato mostrou-se confiante de que os números da abstenção, apesar da pandemia da covid-19, serão inferiores a atos eleitorais anteriores e falou na importância dos jovens.
"Os jovens hoje são cidadãos do mundo. Tenho a certeza que os jovens portugueses aprenderam muito, acordaram para a vida e sabem que não podem ficar em casa. Tenho a certeza que os jovens vão ajudar a passar a abstenção", referiu.
Vitorino Silva, que garantiu que vai ficar em casa o resto do dia, local onde aliás pretende reagir aos resultados eleitorais, disse estar "apaixonado" por estas eleições, por uma campanha que "passou muito rápido" e procurou fazer, frisou, "em segurança", conselho que deixou aos portugueses.
"As pessoas não votam em 14 ou 15 horas. Devem votar e depois ir para a casa para se proteger a si e aos outros", sublinhou.
"Este dia é importante, as escolhas que estão perante os portugueses são importantes e, portanto, façam, cada um a sua, mas que a façam"
O candidato Tiago Mayan Gonçalves afirmou hoje que as escolhas que estão perante os portugueses "são importantes", apelou à participação nestas eleições presidenciais e garantiu que "votar é seguro".
"Este dia é importante, as escolhas que estão perante os portugueses são importantes e, portanto, façam, cada um a sua, mas que a façam", salientou o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), depois de ter exercido o seu direito de voto na Universidade Católica, no Porto.
Pelas 06:30 já havia eleitores à espera para votar naquela universidade. O candidato liberal chegou cerca das 11:00, esperou na fila durante perto de meia hora e votou na secção número 21.
Para Mayan a fila de eleitores que encontrou estou esta manhã é um "sinal de que os portugueses, apesar do contexto muito difícil, estão a aderir a esta eleição, consideram-na importante".
"Em todo o processo não perdi mais do que 30 minutos. Era uma fila que parece longa, mas as coisas fluem muito rapidamente. Posso dizer às pessoas que não se assustem, as coisas estão a funcionar bem", salientou.
O candidato fez ainda questão de dizer para que "não tenham medo, que votar é seguro, está a ser seguro, as coisas estão a correr bem, apesar das filas tudo é fluído".
E dirigindo-se a quem ainda não votou pediu que o "faça, em segurança, naturalmente, mas que o faça".
"A perceção que tive no terreno é que, de facto, está a haver adesão a estas eleições", frisou.
O candidato liberal quis também deixar uma "nota de agradecimento a toda a organização deste processo eleitoral, aos milhares de voluntários que estão aqui hoje, neste dia, a cumprir também um dever cívico e colaborar para que estas eleições corram com toda a normalidade".
Tiago Mayan Gonçalves mostrou-se bem-disposto e "feliz" e referiu que vai passar a tarde de domingo a cumprir o confinamento, dirigindo-se ao final da tarde para a sede de candidatura, onde fará a reação aos resultados das eleições.
"Votar nunca foi um ato tão importante como é hoje, porque o nosso futuro está em causa"
O candidato presidencial André Ventura apelou hoje à participação dos cidadãos nas eleições, defendendo que "a arma" a "usar é o voto" em tempos de pandemia e crise, porque "o futuro está em causa".
O líder do Chega votou na Escola Básica e Jardim Infantil do Parque das Nações, Lisboa, a freguesia mais jovem de Portugal, onde estão instaladas quatro mesas de voto, com cerca de 4.000 inscritos no total.
"Votar nunca foi um ato tão importante como é hoje, porque o nosso futuro está em causa. Quando o futuro está em causa, a arma que temos de usar é o voto, independentemente de em quem [votar] ou em que projeto. É importante que não pensemos amanhã que deixamos outros decidir por nós", disse aos jornalistas.
Segundo o presidente e candidato único do partido da extrema-direita parlamentar, "a melhor forma de responder a uma pandemia e a uma crise é mostrar" que se quer "escolher o futuro de Portugal".
"Acho que a abstenção não vai favorecer nenhum candidato, certamente não vai favorecer os que estarão mais acima nas intenções de voto", acrescentou, sublinhando ser importante que o próximo chefe de Estado tenha legitimidade reforçada pela participação cívica dos cidadãos.
Ventura chegou à assembleia de voto pelas 12:36, acompanhado pela mulher, Dina, e os habituais três seguranças pessoais privados e introduziu o seu voto na urna da 15.ª secção da freguesia do Parque das Nações às 12:42.
O Presidente da República e recandidato ao cargo nas eleições de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa, votou em Celorico de Basto, onde saudou o facto de as presidenciais estarem a decorrer cumprindo as regras sanitárias exigidas pela pandemia.
"Não choveu, o que é uma boa notícia para os portugueses poderem votar. Sei que está a decorrer muito bem por todo o país o voto, com distanciamento, com respeito das regras sanitárias, com paciência das pessoas onde há filas", afirmou, em declarações as jornalistas.
O chefe do Estado e candidato à reeleição votou cerca das 13:00, na Junta de Freguesia de Lodares, no concelho de Celorico de Basto, no distrito de Braga, onde tem raízes familiares.
Após ter votado, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a melhoria das condições meteorológicas, o que pode ser um bom indicador para as pessoas irem votar.
"O tempo, ao contrário de ontem, que prometia o pior, tem estado o muito bom. Aquilo que as pessoas têm visto nas televisões e ouvido falar nas rádios e nas redes sociais é que tem sido possível votar, desde muito cedo, e tem havido respeito de todas as regras, sem risco, sem problema".
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que "as pessoas podem escolher várias horas daqui até ao encerramento das urnas" para votar, "sem nenhum problema e sem a preocupação de poder resultar aquele afluxo inesperado há uma semana".
Questionado sobre a possibilidade de os emigrantes não poderem votar por correspondência, ao contrário de outras eleições, defendeu que essa situação deve ser alterada no futuro: "Infelizmente, para cada eleição, há um sistema de voto diferente e não é possível nas eleições presidenciais os votos por correspondência. Espero que venha a ser no futuro".
O Presidente e recandidato ao cargo lembrou, ainda, que devido à pandemia "muitos portugueses [residentes no estrangeiro] não puderam viajar 300, 400, 500 quilómetros para irem votar, sobretudo quando a Europa está confinada e, portanto, há dificuldades adicionais de circulação".
"Esse [voto por correspondência nas presidenciais] é um ponto a rever no futuro e com alguma urgência", reforçou.
Sobre o resultado que ditará esta ida às urnas hoje, afirmou ter encarado "esta eleição sem nervosismo nenhum".
"Os portugueses escolhem. Com a minha idade e depois de muitas eleições ganhas e muitas perdidas a pessoa habitua-se a tudo e está preparada para tudo", afirmou.
Marcelo Rebelo e Sousa disse, também, ter preparado um "discurso para a derrota, um discurso para a segunda volta e um discurso para a vitória".
A terminar, observou que respeita as posições dos portugueses, em relação a votar ou não nestas eleições.
"Respeito os que não vão votar por medo da pandemia, os que não vão votar porque não querem votar. Eu respeito todos", afirmou, concluindo com um apelo: "Aquilo que eu apelo é que aqueles que possam votar, queiram votar, ultrapassem os receios e os medos".
"O voto é um direito, mas é também um dever cívico. É muito significativo que tantos e tantas cidadãs se tenham mobilizado para ir votar"
A candidata presidencial Ana Gomes saudou hoje a afluência às urnas nas eleições deste domingo, mas lamentou que muitos dos que "quereriam votar" não o pudessem ter feito, em particular os emigrantes.
"Foi bom ter esperado um bocadinho, é sinal de que há uma boa afluência, o voto é um direito, mas é também um dever cívico. É muito significativo que tantos e tantas cidadãs se tenham mobilizado para ir votar", afirmou Ana Gomes em declarações aos jornalistas, depois de ter aguardado cerca de meia hora na fila para votar na secção n.º 2 da Escola Secundária de Cascais.
A militante do PS lamentou, tal como foi alertando ao longo da campanha, que hoje "muitas pessoas que quereriam votar não poderão" fazê-lo, questionando porque não se encontraram alternativas atempadamente, como o voto eletrónico.
"Uns porque estão doentes, outros em isolamento profilático. Tenho particular pena que muitos dos nossos emigrantes não tenham podido votar e só não votaram porque não se legislou a tempo e horas", disse.
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