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Investigação SÁBADO. Inquérito-crime? “Estou-me marimbando”

Cláudia Rosenbusch
Cláudia Rosenbusch 07 de fevereiro de 2024 às 21:00

Carlos Silva Santiago, presidente da câmara de Sernancelhe, suspendeu o mandato para integrar as listas da AD pelo distrito de Viseu, mas é suspeito num concurso público duvidoso. Ministério Público abriu inquérito e a Polícia Judiciária investiga.

Esteve 27 anos emigrada na Suíça e no dia em que regressou de vez a Vila da Ponte, no concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu, Lurdes Andrade, 61 anos, diz que fez como o Papa: “Quando aqui cheguei, saí da carrinha e beijei o chão.” Já passaram quase quatro anos. “Vila da Ponte é tudo na vida para mim”, emociona-se. Lurdes regressou com poupanças e energia para investir na terra natal. O mais velho dos quatro filhos, Miguel, de 43 anos, seguiu-lhe os passos pouco depois. É produtor de espetáculos na Suíça, mas trouxe a família para Portugal e, agora, anda cá e lá. “Comecei a olhar para o potencial que Vila da Ponte tem”, recorda. No verão de 2020, ainda durante a pandemia, mãe e filho abriram um bar-rulote junto à praia fluvial de Vila da Ponte, onde os passadiços do Távora são atração turística. Também adquiriram barcos a pedais e caiaques para navegação lúdica. Obtidas as licenças do Turismo de Portugal e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), começaram a trabalhar. Em abril do ano passado, a câmara de Sernancelhe abriu dois concursos públicos para exploração da concessão pelo período de três anos, respetivamente, do bar e da zona navegável. Havia dois candidatos: Lurdes Andrade e o grupo Discoteca Via Láctea Lda. Este último saiu vencedor, apesar de nem sequer apresentar licença de navegabilidade, que cabe à APA emitir. Um requisito que, segundo as próprias regras do concurso, deveria ter excluído este candidato liminarmente da corrida. Lurdes Andrade avançou com uma providência cautelar, em junho passado, e em outubro o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Viseu anulou o concurso dos barcos e condenou a câmara a entregar a concessão ao candidato preterido, Lurdes Andrade. A verdade é que durante todo o verão do ano passado, o Grupo Via Láctea esteve a operar os barcos sem licença de navegabilidade, mas com o aval da autarquia.

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