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Perder o jogo de ontem nunca seria considerado uma anormalidade dado que do outro lado estava o sempre poderoso Bayern de Munique mas a forma como o Benfica perdeu é que está longe de ser normal face à história do Benfica e à qualidade do plantel encarnado.
1. Penso que todos os amantes do futebol concordarão se disser que o Benfica tem um excelente plantel e um onze titular base recheado de jogadores com muita qualidade.
Bruno Lage apanhou um comboio em andamento meio desgovernado e teve o mérito de colocar as peças nos seus devidos lugares, conseguindo, com isso, que a equipa passasse a ter um rendimento superior fruto não só dos efeitos emocionais de uma chicotada psicológica mas também do maior conforto que os jogadores sentiram por estarem nas posições em que respiram melhor dentro do campo.
Como reflexo do exposto, o Benfica cresceu em termos de patamares exibicionais, culminando esse caminho com uma portentosa exibição contra o sempre complicado Atlético de Madrid de Simeone.
Depois disso, a equipa baixou os índices competitivos e de qualidade de jogo, vencendo os jogos para a Liga sem especial brilhantismo e acabando por ser atropelada em casa no jogo da Liga dos Campeões contra um surpreendente Feyenoord que conseguiu expor todas as fragilidades defensivas e colectivas do Benfica.
Após esse jogo, dei por mim a pensar que o Benfica teria sido vítima de algum excesso de confiança que o levou a pensar que aquela equipa holandesa não seria capaz de ameaçar uma vitória do Benfica, tanto mais que os holandeses haviam sido goleados no estádio da Luz em fase final de pré época, pelo que aguardava com expectativa a resposta encarnada no jogo seguinte da Liga dos Campeões (sim, porque os jogos da Liga, salvo raras excepções como sejam os jogos entre grandes e entre estes e mais 3 ou 4 equipas, são apenas meras formalidades para cumprir calendário).
Pois bem, surpreendentemente, no jogo de ontem Bruno Lage decidiu jogar já o jogo contra o FC do Porto no próximo domingo, e isto quando tem mais um dia de descanso do que o FC do Porto, alterando o sistema de jogo da equipa e operando uma semi-revolução no onze, lançando na equipa titular jogadores sem ritmo e andamento para esta competição e colocando a equipa a jogar num sistema de 5-3-2 que ainda não havia sido testado esta época.
O resultado foi o que se viu, uma equipa a defender com 9 jogadores atrás da linha da bola, acantonada junto à sua grande área e sem conseguir ligar 3 passes.
A páginas tantas a ver o jogo, fiquei com a sensação de estar a rever o célebre Sporting vs Casa Pia, com a particularidade de o Casa Pia ainda ter conseguido assustar o Sporting uma ou duas vezes durante o jogo enquanto o Benfica ontem cometeu a proeza de não conseguir fazer um único remate à baliza de Neuer e praticamente não ter chegado uma única vez à área do Bayern em 90 minutos de jogo.
Perder o jogo de ontem nunca seria considerado uma anormalidade dado que do outro lado estava o sempre poderoso Bayern de Munique mas a forma como o Benfica perdeu, limitando todo o seu jogo ao momento defensivo, é que está longe de ser normal face à história do Benfica e à qualidade do plantel encarnado.
2. Se o jogo já havia sido muito mauzinho, o fim deste acabou por se revelar ainda pior.
Com efeito, quando Bruno Lage procurava explicar as razões da pobre exibição encarnada, o assessor de comunicação do Benfica foi apanhado a instruir Bruno Lage para que este assumisse a responsabilidade, tendo o desprotegido Bruno Lage procurado aclarar o recado, perguntando "como?" e abanado de seguida a cabeça em sinal de aceitação, num sinal evidente de fragilidade e pouca autoridade.
A questão aqui não está tanto na repreensão inaudita mas em quem terá estado por detrás dela.
O meu feeling diz-me que o mano Braz, ao constatar no final do jogo que os jogadores do Benfica estavam muito desagradados e desgastados com as opções tácticas do treinador e com a pobre imagem que deixaram (Renato Sanches, por exemplo, veio dizer publicamente que o Benfica tinha respeitado demasiado o adversário, numa crítica implícita ao treinador, e Beste afirmou que "faltaram jogadores na frente"), transmitiu ao mano Ricardo Lemos que desse o recado ao mano Lage por forma a que este fizesse contenção de danos e não perdesse o balneário, tendo o mano Lage obedecido subservientemente à ordem de cima ou não fosse ele um bom homem que não quer levantar ondas nem voltar a ir ver o mar.
Perante isto, não sei como reagirá o balneário ao constatar que o seu líder parece um mero moço de recados de um assessor de comunicação mas se há algo que sabemos todos é que não há uma equipa forte sem um forte líder.
O clássico de domingo reveste-se, assim, de importância acrescida pois um mau resultado poderá potenciar uma nova crise no clube encarnado.
A equipa do Benfica procurará, por isso, afastar as nuvens negras que já se avistam no horizonte e dar uma resposta à altura até para apagar a má imagem deixada do jogo de ontem, pelo que o FC do Porto deverá estar preparado para encontrar um contexto competitivo muito difícil que exigirá o melhor de todos.
No domingo decide-se muito do que será a presente época.
Há quem ainda não consiga encarar um FC Porto sem Pinto da Costa, tal era o culto da personalidade que cultivavam, e mostre resistência em estar de corpo e alma com o clube, aproveitando qualquer momento menos bom para apoucar quem dirige os destinos do FC Porto.
É inegável que o FC Porto ficou mais fraco com o fim do mercado de Janeiro e que a luta pelo título parece ser cada vez mais uma miragem, mas aproveitemos os próximos meses pela frente para trabalhar as novas ideias do treinador, fazer crescer os jovens jogadores do plantel e lutar pelo acesso à tão importante Champions League.
Se no FC Porto não há anos zero, este será o ano zero de Martin Anselmi que deverá lançar as bases para termos um FC Porto competente e muito melhor preparado no futuro.
O tempo que avaliará Anselmi não é o tempo dos adeptos que exigem respostas imediatas em campo e resultados desportivos à altura dos pergaminhos do FC Porto.
Perante este cenário grotesco, que permite perceber melhor como é que uns iam enriquecendo enquanto o clube ficava cada vez mais perto do abismo financeiro, não é possível nem aceitável que não se extraiam consequências desta auditoria. Só assim estaremos a ser implacáveis com quem tiver lesado o FC Porto.
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