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Tiago Silva
Tiago Silva Advogado
31 de janeiro de 2025 às 10:04

O ano zero de Anselmi à frente do FC Porto e as eleições para a FPF

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Edição de 5 a 11 de agosto

Se no FC Porto não há anos zero, este será o ano zero de Martin Anselmi que deverá lançar as bases para termos um FC Porto competente e muito melhor preparado no futuro.

1.Martin Anselmi chegou para treinar o FC Porto e logo provocou uma enorme onda de entusiasmo e esperança junto da massa adepta do FC Porto, muito graças à sua aura, discurso fácil e carisma.

Compreendo bem esta fácil adesão à nova figura técnica portista pois o perfil e o estilo de comunicação de Vítor Bruno eram enfadonhos e não despertavam sentimento nenhum junto dos adeptos, sendo que os resultados recentes do clube também têm sido desoladores mas convém moderar as expectativas quanto a Anselmi pois este pode ser, e espera-se que seja, um excelente treinador mas não vai resolver os inúmeros problemas do FC Porto de um dia para o outro.

Antevejo, aliás, que, para além de injecção anímica imediata que poderá incutir nos jogadores do FC Porto (ou não estivéssemos perante uma chicotada psicológica), as dinâmicas colectivas e as fragilidades da equipa não desparecerão como que por magia até porque Anselmi vai ter muito pouco tempo para treinar e não dispôs de pré época para trabalhar um novo modelo e ideias de jogo.

E se dúvidas houvesse a este respeito o exemplo de Ruben Amorim no Man United seria suficiente para as dissipar.

Com efeito, Ruben Amorim também chegou a Inglaterra e conquistou toda a imprensa e massa adepta do United, tendo implementado, desde logo, o seu modelo e ideias de jogo.

Sucede que os resultados e as exibições do colosso inglês não só não melhoraram como o United está hoje pior do que estava com Ten Hag.

Ora, isso significa que Ruben Amorim foi uma aposta falhada?

Seria completamente precipitado extrair essa conclusão pois Ruben Amorim, tal como Anselmi, precisa de tempo, de uma pré época e de formar um plantel que vá de encontro às suas ideias.

Mourinho passou pelo mesmo no FC Porto quando substituiu Otávio Machado, não tendo o FC Porto recuperado um único ponto face ao 1.º classificado de então e perdido jogos contra Beira Mar nas Antas e contra o Belenenses fora de casa (3-0).

Há, pois, que dar tempo ao novo treinador do FC Porto mesmo que o FC Porto não tenha tempo a perder e baixar as expectativas relativamente ao impacto a curto prazo de Anselmi. 

Se no FC Porto não há anos zero, este será o ano zero de Martin Anselmi que deverá lançar as bases para termos um FC Porto competente e muito melhor preparado no futuro.

2. No próximo dia 14 de Fevereiro realiza-se o acto eleitoral que determinará quem será o próximo Presidente da Federação Portuguesa de Futebol e, consequentemente, quem terá a árdua tarefa de dar continuidade ao pesado legado de Fernando Gomes.

A sufrágio apresentaram-se duas listas, uma protagonizada por Nuno Lobo e outra pelo actual Presidente da Liga, Pedro Proença.

Não me vou deter com Nuno Lobo dado que considero impensável que alguém que já proferiu insultos racistas numa rede social acerca de um jogador de futebol (Hulk), possa alguma vez presidir aos destinos da FPF.

É claro que podia apontar todas as fragilidades da sua equipa e candidatura, como seja o facto de ter indicado para a Presidência do Conselho de Disciplina o relator do famoso processo que condenou Francisco J. Marques, por quem não nutro especial simpatia, citando obras e autores que não existem e empregando 

expressões brasileiras comuns em ferramentas de inteligência artificial, mas aquilo basta-me e devia ser suficiente para que esta candidatura não fosse mais do que uma piada de mau gosto.

Sobre Pedro Proença, é sabido que em 2015 pegou numa Liga praticamente falida, tendo-a recuperado e tornado financeiramente sólida, como atestam os últimos 10 anos de resultados operacionais positivos.

Foi graças ao trabalho de Pedro Proença e da sua equipa que a Liga tornou-se mais credível e, com isso, mais atrativa para grandes marcas, não sendo por acaso que a Liga, sob a sua égide, assinou o contrato de patrocínio mais robusto da história do futebol profissional (Betclic) e contratos com marcas de prestígio como a Puma e o Continente.

Pedro Proença conseguiu ainda o feito notável de unir todos os clubes na discussão de matérias relevantes e estruturantes para a indústria do futebol, como atesta a afamada Cimeira dos Presidentes.

O trabalho desenvolvido por Pedro Proença na Liga foi mesmo objecto de reconhecimento internacional, tendo Pedro Proença sido eleito, em Novembro de 2023, Presidente da European Leagues e assumido também lugar no Comité Executivo da Uefa.

Pedro Proença termina a sua Presidência na Liga com a inauguração da espectacular Arena Liga Portugal, o novo edifício-sede da Liga, que é um regalo para todos os adeptos do futebol.

O dirigismo português entrou, definitivamente, numa nova fase, com protagonistas que têm uma outra visão e forma de estar no futebol, pelo que era essencial que à frente dos destinos da FPF estivesse alguém com o perfil e reformismo de Pedro Proença.

Não queiramos voltar para trás.

3. O Lage-leaks mostrou que o treinador do Benfica, quando pressionado pelos maus resultados, não hesitou em entregar de bandeja aos adeptos a estrutura do Benfica e a cabeça dos próprios jogadores.

Arvorando-se de um estatuto salvífico e de um benfiquismo superior ao de todos os outros, Bruno Lage distribuiu responsabilidades por mais uma derrota na Liga e em nenhum momento assumiu qualquer culpa própria.

São os jogadores que não conseguem fazer 3 passes seguidos, os jogadores que não saltam nas bolas paradas ou a sua veia de Administrador Financeiro da SAD que obriga a não encostar jogadores que custaram 20 milhões de euros sob pena de desvalorizarem e o Benfica deixar de ter capacidade financeira para comprar outros jogadores caros mas em momento algum é a incapacidade do treinador em gerir um plantel ou em fazer passar uma mensagem que leve a equipa a dar ao pedal sem ser em jogos grandes da Champions.

A vitória de ontem deu um balão de oxigénio a Bruno Lage mas tudo isto irá ressurgir em força após um novo mau resultado do Benfica.

E como os tempos de bonança já duravam há um dia, Jaime Antunes decidiu voltar a agitar as águas encarnadas ao demitir-se de Vice-Presidente do Benfica.

Rui Costa não tem um dia de descanso e creio que assim será até Outubro.

Só se pode culpar a si próprio pois perdeu o timing de credibilizar o clube ao não fazer uma auditoria forense que esclarecesse devidamente os adeptos e ao não varrer da estrutura encarnada toda a tralha Vieirista.

Um líder era isso que faria.

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