Há quem ainda não consiga encarar um FC Porto sem Pinto da Costa, tal era o culto da personalidade que cultivavam, e mostre resistência em estar de corpo e alma com o clube, aproveitando qualquer momento menos bom para apoucar quem dirige os destinos do FC Porto.
1. Pinto da Costa procurou, através do comunicado emitido na passada segunda-feira, fazer aquilo que se denomina a defesa da honra.
Em nenhum momento refutou o que foi revelado pela auditoria forense ou mesmo o facto de ter deixado o FC Porto com 8 mil euros nas contas (aliás, até já o havia confessado aquando a apresentação do seu livro na Alfândega do Porto, em Outubro do ano passado), antes aduziu, e bem, que deixou um plantel que permitiu ao clube fazer este ano 167 milhões de euros em vendas, celebrou uma parceria com a Ithaka que envolvia uma quantia de 65 milhões de euros (e que agora pode ir até 100M, ficando o clube com a opção de recompra da parte da Ithaka ao fim de 10 ou 15 anos), levou o clube a ser qualificado para o Mundial de clubes e dotou o FC Porto de um fabuloso Estádio e pavilhão que estão integralmente pagos.
Ninguém discute a veracidade destes dados nem ninguém relega o seu legado de títulos que fazem e farão dele o melhor Presidente de sempre da história do futebol.
Contudo, e como sabemos, aquela resenha, não obstante verdadeira, esconde, mesmo dentro dela, muitos mas mesmo muitos outros dados (negativos) que são do conhecimento de todos os adeptos do FC Porto e que motivaram que em Abril do ano passado a esmagadora maioria dos sócios do FC Porto tivessem optado por uma mudança.
Ainda assim, não conheço um único sócio do FC Porto que não nutra carinho e profundo reconhecimento pela obra de Pinto da Costa.
A auditoria forense, mesmo que possa seguir vida noutras instâncias, encerra um virar de página no escrutínio necessário dos últimos anos da gestão do FC Porto, pelo que os adeptos do FC Porto têm agora de olhar e caminhar em frente.
Bem sei que entre estes há quem ainda não consiga encarar um FC Porto sem Pinto da Costa, tal era o culto da personalidade que cultivavam, e mostre resistência em estar de corpo e alma com o clube, aproveitando qualquer momento menos bom para apoucar quem dirige os destinos do FC Porto.
Este, como sabemos, é um exercício fastidioso e estéril pois Pinto da Costa não só não regressará como a sua obra nunca será igualável em termos de sucesso desportivo.
Ademais, e conforme sabemos hoje, se Pinto da Costa tivesse vencido as eleições, o FC Porto para além de estar mergulhado numa gravíssima crise financeira, estaria a ser actualmente presidido por um dos seus Vices e não é preciso um exercício mental muito complexo para concluir quem seria.
Não confundamos, ainda assim, estes adeptos com uma pequena grupeta que procura incessante e infrutiferamente dividir o clube e fragilizar a sua Direção com propósito de voltar a abraçar aquele que era o seu pote de ouro.
Aos primeiros temos que lhes dar tempo e esperar que um dia consigam discernir que o clube é mais importante do que qualquer pessoa e que acima do FC Porto não há ninguém.
Aos segundos temos de os combater para que nunca mais regressem ao FC Porto.
2. O FC Porto apresentou esta semana as suas contas semestrais que revelaram um lucro de pouco mais de trezentos mil euros, tendo o resultado sido fortemente penalizado pela diminuição de proveitos auferidos pelo FC Porto nas competições europeias, nomeadamente pela não participação na Champions League.
O que relevo mais no relatório & contas publicado é a descida substancial dos custos com pessoal (a que acresce igualmente a descida dos direitos de imagem dos atletas na rubrica dos Fornecimentos e Serviços Externos e que acabam por ser uma vertente "informal" de custos com pessoal) e a subida expressiva das receitas de bilheteira.
As mais valias das vendas de jogadores realizadas no mês de Janeiro, cuja contabilização não entrou nas contas do 1.º semestre, vão permitir ao clube atingir lucros significativos no final do exercício mas o FC Porto para prosseguir a sua caminhada rumo à recuperação e sustentabilidade financeira necessita impreterivelmente do sucesso desportivo.
E neste campo o que temos assistido no último mês e meio é absolutamente desolador.
O FC Porto venceu apenas um dos nove jogos disputados este ano, o campeonato é um feito praticamente impossível, a taça já lá vai, o segundo lugar está mais longe do que o quarto e a qualidade de jogo tem vários momentos em que é deprimente (absolvo Anselmi deste julgamento pois, como já aqui o disse, não dispôs de tempo nem formou um plantel para ir de encontro às suas ideias de jogo).
Ainda ontem foi impossível não sentir a depressão que vinha das bancadas do Dragão ao assistir-se a uma equipa descaracterizada, sem qualidade, sem alma e sem a mentalidade à Porto que nos definiu, com alguns hiatos pelo meio, ao longo das últimas décadas.
O FC Porto não tinha obrigação e, em boa verdade, também não tinha quaisquer condições de conquistar tudo este ano mas não posso deixar de reclamar, no mínimo, um FC Porto com ambição, coragem, vontade de ganhar e uma identidade dentro do campo que vá de encontro às nossas pretensões.
Não me interessa quem está a regozijar-se com este estado de coisas, quem procura tirar partido desta fase tenebrosa pois o que verdadeiramente me faz correr é que voltemos a ter uma equipa do FC Porto que encha de orgulho os seus adeptos pela sua ambição e fome de vencer.
No fim dos 90 minutos até podemos sair sem a vitória, como sucedeu no jogo contra o Sporting, mas queremos, exigimos, tal como sucedeu na segunda parte desse jogo, que a equipa vá para cima do adversário com tudo e sem medo, que seja agressiva, destemida, rigorosa e ambiciosa.
Se há no plantel quem não tenha este perfil e esta mentalidade, vão buscar à equipa B quem o tenha.
O FC Porto pode não ganhar os próximos jogos, pode até ter, e tem, um plantel limitado e que foi perdendo muita qualidade ao longo dos últimos anos mas jamais poderá perder a sua identidade!
Não cultivo nem nunca cultivei qualquer culto da personalidade, o qual até está na base do estado a que chegamos, e estarei eternamente grato a esta Direção por ter salvo o FC Porto da bancarrota ou de acabar nas mãos de algum fundo, mas conservarei sempre o meu espírito crítico e exigente e jamais me conformarei com um quadro que não tenha o mínimo de correspondência com a nossa grandeza.
Por tudo isso, reclamo mais e melhor de todos pois o FC Porto jamais se pode escrever com letras minúsculas.
Há quem ainda não consiga encarar um FC Porto sem Pinto da Costa, tal era o culto da personalidade que cultivavam, e mostre resistência em estar de corpo e alma com o clube, aproveitando qualquer momento menos bom para apoucar quem dirige os destinos do FC Porto.
É inegável que o FC Porto ficou mais fraco com o fim do mercado de Janeiro e que a luta pelo título parece ser cada vez mais uma miragem, mas aproveitemos os próximos meses pela frente para trabalhar as novas ideias do treinador, fazer crescer os jovens jogadores do plantel e lutar pelo acesso à tão importante Champions League.
Se no FC Porto não há anos zero, este será o ano zero de Martin Anselmi que deverá lançar as bases para termos um FC Porto competente e muito melhor preparado no futuro.
O tempo que avaliará Anselmi não é o tempo dos adeptos que exigem respostas imediatas em campo e resultados desportivos à altura dos pergaminhos do FC Porto.
Perante este cenário grotesco, que permite perceber melhor como é que uns iam enriquecendo enquanto o clube ficava cada vez mais perto do abismo financeiro, não é possível nem aceitável que não se extraiam consequências desta auditoria. Só assim estaremos a ser implacáveis com quem tiver lesado o FC Porto.
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