O presidente dos EUA alegou que vários agricultores brancos estavam a ser assassinados na África do Sul. A informação foi, no entanto, desmentida por Ramaphosa. "As pessoas que são mortas não são só pessoas brancas. A maioria são negras."
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se na quarta-feira com o homólogo da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e mais uma vez um encontro com um chefe de Estado acabou por virar polémica. A reunião teve lugar na famosa Sala Oval, e iniciou-se com palavras amigáveis, no entanto, o republicado não resistiu e acabou por acusar os sul-africanos de "genocídio" contra agricultores brancos.
AP Photo/Evan Vucci
"Há muitas pessoas que sentem que estão a ser perseguidas e vêm para os Estados Unidos, e nós aceitamentos pessoas de muitos sítios se acharmos que está a haver perseguição ou genocídio. De modo geral são agricultores brancos e estão a fugir da África do Sul. É algo muito triste de ver", começou por denunciar Donald Trump.
Para sustentar as suas alegações, o republicano recorreu a várias fotografias e vídeos que se encontravam fora de contexto. Mostrou, inclusive, um vídeo de um protesto com cruzes brancas, que diz tratarem-se de sepulturas de agricultores assassinados.
O presidente da África do Sul garantiu, no entanto, nunca ter visto este último vídeo e afirmou que ia investigar a autenticidade do mesmo. Contudo, segundo a agência de notícias Reuters, o mesmo foi gravado em setembro de 2020 durante um protesto contra assassinatos em explorações agrícolas.
Além deste vídeo, foram também mostradas várias imagens, nomeadamente de Julius Malema, líder dos Lutadores pela Liberdade Económica (EFF), a cantar Kill the Boer - uma canção que os tribunais sul-africanos consideraram fazer parte da luta contra o apartheid (sistema que separava as pessoas por raça) - e ainda cópias impressas de artigos que davam conta de assassinatos dirigidos contra sul-africanos brancos. "Morte, morte, morte", repetia enquanto folheava os documentos.
A informação não caiu bem a Ramaphosa e o presidente da África do Sul viu-se obrigado a desmentir a mesma. "Há criminalidade no nosso país. As pessoas que são mortas, infelizmente devido a atividades criminosas, não são só pessoas brancas. A maioria são pessoas negras."
Ao que Trump interrompeu: "Os agricultores não são negros. Não digo que seja bom ou mau, mas os agricultores não são negros."
As alegações de Trump não só foram desmentidas por Ramaphosa, como pelo líder da oposição sul-africano. "Um grupo de homens mais velhos reúne-se em Washington para falar sobre mim. Nenhuma quantidade significativa de evidências de inteligência foi produzida sobre o genocídio branco", escreveu na rede social X.
A group of older men meet in Washington to gossip about me. No significant amount of intelligence evidence has been produced about white genocide. We will not agree to compromise our political principles on land expropriation without compensation for political expediency.
— Julius Sello Malema (@Julius_S_Malema) May 21, 2025
O encontro entre Ramaphosa e Trump ficou, assim, marcado por um ambiente hostil que fez lembrar o encontro entre o republicano e o presidente ucraniano. Na altura, Volodymyr Zelensky abandonou a reunião entre ambos.
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