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Sul das Filipinas, a região com forte presença do Estado Islâmico visitada pelos suspeitos de Bondi

Os suspeitos permaneceram no país de 1 a 28 de novembro, tendo a cidade de Davao, no sul, como destino final antes de voarem de volta para a Austrália.

Em tempos o sul das Filipinas atraiu militantes ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI) para treinarem para um conflito envolvendo minorias muçulmanas naquele país predominantemente católico. Agora, foi alvo de uma investigação por parte das autoridades australianas e filipinas na sequência do tiroteio em Sydney, na Austrália, que resultou na morte de 16 pessoas.

Polícia na Austrália investiga ligação de suspeitos de ataque em Bondi ao sul das Filipinas
Polícia na Austrália investiga ligação de suspeitos de ataque em Bondi ao sul das Filipinas AP

Sajid e Naveed Akram o pai e filho acusados de matar a tiro 16 pessoas na praia de Bondi terão feito uma viagem recente à região de Mindanao, no sul do país do sudeste asiático. A polícia australiana já afirmou que o ataque terá sido inspirado nos ataques perpetrados pelo Estado Islâmico no passado e o primeiro-ministro Anthony Albanese confirmou uma ligação ao Estado Islâmico com base “na presença de bandeiras [da organização] no veículo que foi apreendido”. 

Segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press, o Departamento de Imigração em Manila confirmou que os suspeitos permaneceram no país de 1 a 28 de novembro, tendo a cidade de Davao, a capital de Mindanao, que tem sido o foco de militantes islâmicos, como destino final. No entanto, as autoridades ainda não forneceram detalhes sobre a viagem e se estava diretamente ligada ao ataque.

A relata que o filho já tinha sido interrogado pela agência de segurança interna australiana há seis anos por ligações a uma célula terrorista do Estado Islâmico em Sydney, mas não foi considerado uma ameaça.

Historial de conflito na região

Grupos militantes têm atuado no sul das Filipinas há décadas e atraíam pessoas para que se juntassem à causa muito antes do ataque de 11 de setembro. 

Em 1996 o governo das Filipinas e os separatistas muçulmanos assinaram um pacto de paz que permitiu que milhares de rebeldes regressassem às suas comunidades em Mindanao e mantivessem as suas armas de fogo. Um outro acordo de paz assinado em 2014 concedeu maior autonomia aos muçulmanos. Este pacto transformou alguns dos comandantes rebeldes em administradores de uma região autónoma muçulmana chamada Bangsamoro e transformou a frente rebelde numa espécie de guardião contra o Estado Islâmico e os seus esforços para ganhar terreno em Mindanao. 

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Dos acordos de paz assinados por dois grupos de rebeldes surgiram pelo menos outros dois grupos onde estava Abu Sayyaf, que seria colocado na lista negra de organizações terroristas dos EUA e das Filipinas por sequestros em massa, decapitações e atentados. A maioria dos comandantes do Abu Sayyaf foram mortos em combate em 2017 em Mindanao pelas autoridades filipinas, apoiadas pelos EUA e a Austrália.

Décadas de ofensivas fragilizaram a organização e hoje em dia não há indícios da presença de militares no sul da Filipinas. Contudo, no início de dezembro o exército filipino informou que as tropas mataram um suspeito de fabricar bombas, lider do Dawlah Islamiyah-Hassan, um grupo ligado ao Estado Islâmico no sul do país. 

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