Sábado – Pense por si

Rússia satisfeita com diálogo com os Estados Unidos para trégua no Mar Negro

A Rússia anunciou que a trégua só entrará em vigor quando as restrições ocidentais ao comércio de cereais e fertilizantes russos forem levantadas, incluindo as sanções bancárias e de seguros.

A Rússia manifestou-se esta quarta-feira satisfeita com o diálogo com os Estados Unidos e disse que as duas partes prosseguem contactos, depois de Washington ter anunciadoum acordo sobre uma possível tréguarusso-ucraniana no Mar Negro.

Yury Kochetkov/Pool Photo via AP

"Estamos satisfeitos com a forma pragmática e construtiva como este diálogo está a decorrer, que também está a produzir resultados", comentou o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov.

As relações Moscovo-Washington desanuviaram-se com a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro, depois de a administração de Joe Biden ter liderado a aliança ocidental contra a Rússia depois da invasão da Ucrânia.

Os Estados Unidos anunciaram na terça-feira que a Rússia e a Ucrânia concordaram em "garantir a segurança da navegação, eliminar o uso da força e impedir o uso de embarcações comerciais para fins militares no Mar Negro". O acordo foi alcançado em negociações separadas com as duas partes realizadas no início da semana na Arábia Saudita.

A Rússia anunciou, no entanto, que a trégua só entrará em vigor quando as restrições ocidentais ao comércio de cereais e fertilizantes russos forem levantadas, incluindo as sanções bancárias e de seguros.

No encontro diário telefónico com a imprensa, Peskov disse que continuam a decorrer contactos "realmente intensivos" com os Estados Unidos, segundo a agência francesa AFP. Peskov disse que as exigências russas limitam-se a replicar as já apresentadas na iniciativa anterior, que fracassou em 2023.

"Desta vez, a justiça deve prevalecer", disse Peskov, também citado pela agênia espanhola Europa Press.

Em 2023, Moscovo abandonou a chamada Iniciativa para o Mar Negro, um acordo sob a égide da ONU e da Turquia que permitia à Ucrânia exportar os produtos agrícolas por via marítima. A Rússia considerou que o Ocidente não tinha cumprido a sua palavra ao não levantar determinadas sanções.

Desde então, a Ucrânia criou um corredor marítimo que lhe permite efetuar trocas comerciais, mas os seus portos e navios são regularmente atacados.

Quanto à moratória sobre os ataques a instalações energéticas, Moscovo afirma que a cumpre unilateralmente, desde que o presidente Vladimir Putin a anunciou em 18 de março, após uma conversa telefónica com Trump.

Kiev e Washington indicaram que a moratória ainda estava a ser discutida sobre as condições da sua aplicação.

Já depois do anúncio do acordo sobre a trégua, a Rússia lançou 117 'drones' contra a Ucrânia durante a noite nas regiões de Sumi (nordeste), Dnipropetrovsk, Kirovohrad e Cherkasy (centro), segundo a força aérea ucraniana. "O lançamento de ataques desta dimensão após negociações de cessar-fogo é um sinal claro para todo o mundo de que Moscovo não vai trabalhar para uma paz verdadeira", reagiu o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas redes sociais.

Também o Ministério da Defesa russo afirmou que a Ucrânia atacou alvos russos na noite de terça-feira.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.

Cuidados intensivos

Loucuras de Verão

Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.